RODRIGO FONSECA Depois da macarronada deste domingo dedicado aos sagrados poderes da maternidade, após as risadas e as lágrimas de saudade (de Paulo Gustavo) em "Minha Mãe É Uma Peça 2" (2016), dá uma zapeada na TV Brasil, a TV educativa, para rachar o bico de rir com uma das comédias mais geniais já feitas neste país: "O Cangaceiro Trapalhão" (1983), de Daniel Filho. Passa na emissora às 16h. É uma reinvenção de um dos filões mais originais do país, o nordestern, ou faroeste de cangaço, que ganhou o mundo com a consagração de "O Cangaceiro", de Lima Barreto, no Festival de Cannes de 1953. Aliás, rola "Deus e o Diabo na Terra do Sol" (1964), um marco dessa derivação do western na Croisette este ano, de 17 a 28 de maio, na seção Cannes Classics, numa cópia restaurada em 4k. Visto por 3.831.443 pagantes em sua carreira comercial, o longa-metragem de Daniel Filho narra as aventuras do humilde pastor de cabras Severino do Quixadá (Renato Aragão, o eterno Didi) iniciadas no momento em que ele salva o Capitão Virgulano (Nelson Xavier) e seu bando de uma emboscada do tenente Bezerra (o deus José Dumont). Na confusão, os amigos Mussum e Zacarias fogem da cadeia se junta a Quixadá. Eles se reúnem no esconderijo dos cangaceiros, onde Gavião (Dedé Santana) é homem de confiança do chefe. Lá, Maria Bonita (Tânia Alves) percebe a semelhança de Severino com Capitão. Assim, o líder dos cangaceiros batiza o homem como Lamparino e dá a ele uma missão: a tarefa de vingar uma desfeita na cidade de Águas Lindas. Mas essa empreitada acaba se revelando uma emboscada. Com a ajuda de Aninha (Regina Duarte), suposta sobrinha do prefeito, os cangaceiros conseguem fugir e no caminho para o acampamento encontram a misteriosa bruxa-fada Secabru (Bruna Lombardi). Dali pra diante, o filme mistura realismo mágico com um estudo sobre o banditismo social, apoiado no carisma insofismável de Aragão. A fotografia esturricada do longa, que se abre para uma paleta de cores realçada na hora precisa, é mérito da ouriversaria visual de Edgar Moura.
Neste fim de noite, a TV Brasil ainda tem mais uma surpresa boa pros espectadores: a comédia "Bem Casados" (2015), de Aluizio Abranches. A sessão será às 23h. Nela, um solteirão convicto, Heitor (Alexandre Borges, em delicada atuação), comanda uma equipe de filmagem de casamentos. Enquanto se prepara para cobrir mais um casório, ele conhece a irreverente Penélope (Camila Morgado, sempre impecável), que, por ser amante do noivo, está disposta a tudo para acabar com a cerimônia. A missão de Heitor é garantir que o casamento saia exatamente como os noivos querem. Já para Penélope, a cerimônia é a oportunidade perfeita para executar o seu plano. Mas, o Cupido, esse moleque teimoso, vai aprontar das suas.
p.s.: A noite na TV aberta vai estar quente neste domingo, com "O Protetor" ("The Equalizer", 2014), de Antoine Fuqua, com Denzel Washington, na Globo, às 23h40. Guilherme Briggs dubla Denzel. Dá pra ver "Bem Casados" e ainda correr pro Plim-Plim, que, na madrugada, exibe "A Rocha" (1996), de Michael Bay, com Sean Connery dublado por Darcy Pedrosa.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.