Pablo Neruda: Embate familiar e especulações guiam julgamento sobre suposto assassinato

Juíza do caso deve decidir nas próximas semanas sobre o caso que se arrasta por anos

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Por Redação
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AFP - O painel de especialistas científicos, que investiga um possível envenenamento do poeta Pablo Neruda em 1973, entregou seu relatório nesta quarta-feira (15) a uma juíza chilena, que estudará o documento. Além disso, a juíza Paola Plaza, que está à frente do caso, disse em coletiva de imprensa que “o tribunal não teve conhecimento do conteúdo desses relatórios até este momento”. A magistrada aproveitou para desvincular a corte das teorias que surgiram na imprensa sobre a possibilidade do poeta não ter morrido de câncer, mas sim por uma injeção da bactéria do botulismo em seu organismo.

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“Não posso assumir a responsabilidade pelo que está circulando na imprensa e se algum dos participantes teve conhecimento prévio”, disse Plaza, que lidera a investigação iniciada há mais de uma década. O laudo pericial não é vinculante e a juíza Plaza deve decidir os passos a seguir após a conclusão desta etapa em um prazo que ela mesmo se recusou a definir.

A magistrada sublinhou que “agora vem uma fase de revisão, estudo, ponderação, análise para que o tribunal dite as resoluções que correspondam por lei” a este caso, que gerou grande expectativa pela causa da morte do Nobel de Literatura de 1971, cujo verdadeiro nome era Neftalí Reyes. Rodolfo Reyes, advogado e sobrinho do poeta, afirmou esta semana que os resultados fornecidos pelos laboratórios são suficientes para confirmar que Neruda foi envenenado.

Prêmio Nobel de Literatura, a morte do chileno Pablo Neruda é assunto para os tribunais Foto: Michel Lipchitz/ AP

“Claro que esta bactéria é uma arma biológica que foi injetada em Pablo Neruda, e ele morreu algumas horas depois”, disse Reyes à AFP. No entanto, Bernardo Reyes, sobrinho-neto do autor de “20 poemas de amor e uma canção desesperada”, rejeitou esta teoria em declarações feitas em nome da família, que não faz parte do processo e não acredita na tese do assassinato de Neruda.

“A conclusão científica não poderá determinar sua associação com um ato homicida. Sem mencionar que até 1973 ainda não havia no país, durante a ditadura, um desenvolvimento de assassinatos com técnicas químicas”, argumentou Bernardo Reyes à AFP em um contato por escrito do sul do Chile. Ele considerou que seus parentes denunciantes são “porta-vozes arrogantes, que sequer representam a família”.

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© Agence France-Presse

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