País perde o escritor Erico Verissimo

'Sua obra engrandece qualquer um de nós', disse o amigo e também romancista Jorge Amado

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Foto do author Rose Saconi

Há 35 anosO escritor gaúcho Erico Verissimo morreu em 28 de novembro de 1975 em sua casa, em Porto Alegre, vítima de enfarte. "O Brasil perdeu seu principal romancista", lamentou o escritor Jorge Amado, em declaração ao Estado. "Ele foi um dos maiores ficcionistas contemporâneos e sua obra engrandece qualquer um de nós. Quanto a mim, pessoalmente, perdi um irmão."Moacyr Scliar lembrou-se do escritor como incentivador da literatura. "Eu comecei a gostar de literatura lendo os livros de Erico Verissimo. Particularmente, devo a ele um grande apoio", disse, emocionado.Gaúcho de Cruz Alta, cidade a 378 quilômetros de Porto Alegre, Erico Verissimo chegou à capital gaúcha em 1930, um ano antes de se casar com dona Mafalda. De família tradicional, antes de começar a escrever trabalhou como pintor de vitrines de lojas e ajudante de farmácia. Algum tempo depois, foi secretário de redação da Revista do Globo até publicar seu primeiro livro, Os Fantoches, série de contos editada em 1931.Ação inédita. O sucesso chegou em 1932 com a publicação de Clarissa, seu primeiro romance. No quinto livro, Olhai os Lírios do Campo, sua editora, a Globo, promoveu ação pioneira para a época: a de editar tiragem inicial de 62 mil exemplares.Quase dez anos mais tarde, Erico Verissimo, com dona Mafalda e os dois filhos, Clarissa e Luis Fernando, fez sua primeira viagem aos Estados Unidos, onde manteve contatos com os meios intelectuais e acadêmicos do país. Voltou dois anos depois, em 1943, para trabalhar como professor de português e literatura brasileira na Universidade de Berkeley.Depois que a filha Clarissa se casou com um norte-americano, suas visitas ao país se tornaram mais constantes, e o contato que ali travou com o povo e as instituições resultou em inspiração para a construção das obras sobre os EUA: Gato Preto em Campo de Neve, A Volta do Gato Preto e O Prisioneiro.Novos livros e novos sucessos logo chegaram com Israel em Abril, Incidente em Antares, Senhor Embaixador e, finalmente, a trilogia O Tempo e o Vento e O Continente, O Retrato e O Arquipélago, que o consagrou definitivamente como um dos maiores escritores nacionais.Durante três anos - entre 1953 e 1956 -, Verissimo chefiou o Departamento Cultural da União Pan-Americana, onde sucedeu a Alceu Amoroso Lima nos EUA. Em 1954, recebeu o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto da obra.

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