Em japonês, ‘noh’ significa a origem dos termos habilidade, forma e função. Unidos à moda, virou Nohda, nome da holding recém-fundada pela estilista Patrícia Bonaldi.
O resultado desta união entre a o cuidado artesanal com o design e a agilidade de produção poderá ser conferido nesta SPFW. Além da estreia da grife jovem de Patrícia, a PatBo, que desfila amanhã, às 20 h, a Apartamento 03, de Luiz Claudio Silva, primeira aquisição da Nohda (há cerca de um ano), apresenta-se na sexta, às 17 h. “Será intensa esta semana. Vamos praticamente abrir e fechar a SPFW. Foi uma escolha estratégica. É melhor para o planejamento”, comenta a jovem estilista, cuja holding também acaba de adquirir a grife do estilista mineiro Lucas Magalhães. “A Pat está montando um grupo de moda com viés muito focado no design e no jovem. Ela já tem quatro marcas dentro do grupo dela, bem segmentadas. É uma forma muito interessante de construir um grupo. Ela mostra para o mercado que não é preciso necessariamente ser um grande grupo financeiro para constituir um grupo de moda”, analisa Paulo Borges, diretor criativo da SPFW.
A quarta marca a que se refere Borges é justamente a que leva o nome da estilista, Patrícia Bonaldi. Criada há 12 anos, com foco na moda para festas, tornou-se uma das líderes do segmento e hoje possui mais de uma centena de pontos de venda no Brasil e dezenas no exterior. “É a marca mãe, como comecei a trabalhar, e é basicamente uma marca festa. PatBo é mais fashionista, que me permitiu crescer muito como designer. Muito do que não conseguia desenvolver na primeira marca, consegui na PatBo”, conta Patrícia. “Para você ter uma ideia, a peça mais vendida da nossa última coleção foi o jeans. E por isso o desfile de amanhã vai ter uma capa com jeans. Isso mostra a minha versatilidade”, diz a estilista.
Foi de olho nesta versatilidade que Patrícia decidiu incluir sua marca no line up da SPFW. “Esperamos muito para isso. Já havíamos sido convidados antes, mas nunca quis porque queria construir algo sólido. Meu caminho é inverso. Há designers que desfilam e depois vão cuidar da vida. Eu cuidei da minha vida e depois desfilei”, conta ela, que trancou a faculdade de direito para trabalhar como dekassegui no Japão, onde morou por três anos.
“Queria ganhar dinheiro para abrir meu negócio no Brasil. Quando voltei, comecei com uma loja que vendia roupas que eu comprava, mas as pessoas gostavam das que eu fazia e vestia. E eu vendia tudo! Então, percebi que era a hora de investir na minha criação”, relembra Patrícia, que se diz feliz com a combinação de diferentes talentos que conseguiu agregar na Nohda. “A Apartamento 03 é diferente do que faço, mas a essência é similar, pois há muito cuidado no fazer. O Luiz prova que a moda brasileira existe e está longe de acabar. O que acabou foi o jeito velho de fazer.”
Borges concorda e acrescenta que Patrícia tem muita interatividade com o público. “Ela se comunica muito bem via internet e redes sociais. É uma grande ferramenta para uma marca jovem, que chega com outra dinâmica que a das marcas que têm 20, 40 anos”, analisa o diretor criativo.
Para a estilista, o segredo do sucesso é manter o DNA de cada marca muito bem definido. “Assim cada uma funciona bem dentro do grupo. Diferente da PatBo e da Apartamento 03, o Luís Magalhães consegue atingir uma mulher mais clássica, que gosta muito de alfaiataria. Temos muitos clientes em comum, que podem misturar as peças das duas grifes”, explica Patrícia. “Lucas corria o risco de fechar, por conta do eterno desafio de unir sua arte ao negócio. Fizemos uma boa negociação e fechamos. Estou muito feliz em poder ajudar a manter uma marca tão incrível no mercado. Agora vou ficar quietinha e cuidar muito bem da Nohda”, diz. / F.G.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.