Patricia Engel Secco defende projeto de 'facilitar' obra de Machado de Assis

Autora quer o livro ‘na casa dos mais simples’

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Foto do author Maria Fernanda Rodrigues

Mais de seis mil brasileiros já assinaram a petição online que pede que o Ministério da Cultura "impeça a alteração das palavras originais nas obras da língua portuguesa". A motivação foi o anúncio do lançamento, em junho, de O Alienista, de Machado de Assis, e de A Pata da Gazela, de José de Alencar, em "versões adaptadas", ou simplificadas, pela escritora Patricia Engel Secco. Seu projeto Os Clássicos e a Leitura, desenvolvido com verba pública – o MinC aprovou a proposta em 2009 –, rendeu algumas defesas – afinal, adaptações de clássicos não são exatamente uma novidade – e linchamentos públicos.

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Abalada com a repercussão e a caminho de Gravatá, no interior de Pernambuco, para conversas com estudantes, Patricia Secco, autora de cerca de duas centenas de livros infantojuvenis e idealizadora de projetos de incentivo à leitura – muitos deles também com o apoio de editais governamentais –, falou ao Estado sobre a polêmica

"Fiquei tão ansiosa com o que está saindo que fui para a rua fazer entrevista. Falei com o gari, com o menino do lava-rápido, com o manobrista do restaurante. Ninguém sabe quem é Machado de Assis. É para eles que estou fazendo esse projeto. Vejo mães discutindo, mas não é para os filhos delas. É para a faxineira delas – não é nem para o filho da faxineira que está na escola; é para ela. Quero o livro na casa dos mais simples", disse.

Ela comentou que não sabia da existência do abaixo-assinado. "Estou horrorizada. É muito triste pensar que algumas pessoas acham que Machado de Assis, o mestre da literatura brasileira, não pode ser lido pelo sr. José, eletricista do bairro do Espinheiro, que, apesar de gostar de ler, não cursou mais que o primário, ou pelo Cristiano, faxineiro de uma farmácia de Boa Viagem, que não sabe nem mesmo o significado da palavra boticário."

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Ao todo, 600 mil exemplares dos dois livros serão distribuídos País afora.

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