Em uma grande entrevista a ser publicada amanhã no jornal semanal alemão Welt am Sonntag, Paulo Coelho ativou sua metralhadora verbal e atirou petardos para alvos diversos, não poupando o governo tampouco os críticos literários.Coelho, que recusou estar em Frankfurt durante a Feira do Livro, não poupou, por exemplo, a comitiva de 70 escritores brasileiros convidados pelo Ministério da Cultura para representar o País na Feira de Frankfurt: “Duvido que sejam todos escritores. Dos 70 convidados, só conheço 20, dos outros 50 nunca ouvi falar. Presumivelmente, são amigos de amigos de amigos. Nepotismo. O que mais me aborrece: existe uma nova e excitante cena literária no Brasil. Mas muitos destes jovens autores não estão na lista”.Ele não aceitou a ausência de Eduardo Sphor, Carolina Munhoz, Thalita Rebouças, André Vianco, Felipe Neto e Raphael Draccon. “Fiz o melhor que pude para conseguir que eles viessem. Sem sucesso. Então, por protesto, decidi não ir a Frankfurt.”Paulo Coelho aponta também seu desgosto com os governantes. “Para mim, o atual governo brasileiro é um desastre. Por onde passo, as pessoas sempre me perguntam o que há de errado com o meu país. O governo fez grandes promessas e não as cumpriu”, afirma ele, também crítico com a inclusão da moda entre os beneficiários da Lei Rouanet (“Um campo que não precisa absolutamente de patrocínio”), além de revelar um profundo ceticismo em relação aos frutos conquistados com as manifestações de rua: “Dado o caráter massivo e nacional dos protestos, acho que o governo está reagindo de maneira errada de novo: em vez de afirmar claramente o que está errado e o que precisa ser feito, permanece num estado de medo, fazendo uma vez mais promessas que não conseguirá cumprir”.Com 8,5 milhões de seguidores no Twitter e 12 milhões de amigos no Facebook, o autor brinda as redes sociais: “Agora estou conectado com meus leitores de uma maneira que não era possível antes”.
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