A fotografia brasileira, apesar de respeitada e reconhecida em todo mundo, não é incentivada, muito menos prestigiada no País. Esta é a opinião do artista plástico Cildo Oliveira. ?Como em muitas áreas, há poucos incentivos, e os que existem são esporádicos, não dão continuidade às atividades?, diz. Para ajudar a mudar esta situação, a Porto Seguro está criando o Prêmio Porto Seguro de Fotografia. Idealizado por Cildo e por Sandra Ramos, o prêmio pretende ser uma iniciativa duradoura e abrir espaço para novos talentos sem esquecer de reconhecer os profissionais já experientes. Além de revelar as inovações da experimentação fotográfica, o prêmio distribuirá R$ 32 mil aos vencedores de cada uma das três categorias criadas. A categoria Pesquisa Contemporânea vai oferecer dois prêmios aquisição no valor de R$ 5 mil cada. Cildo conta que criou essa categoria de olho nas novas tendências das artes integradas. ?Nela, entra de tudo que tem a ver com fotografia, mas não é necessariamente a imagem pura. Fotos digitais, imagens manipuladas por computador, instalações e tudo que utilize a linguagem fotográfica com forma de expressão pode concorrer?, explica. A categoria Patrimônio Cultural e Arquitetônico Brasileiro vai oferecer um prêmio aquisição de R$ 7 mil para o vencedor. Para comemorar o aniversário de São Paulo, a primeira edição vai premiar a melhor imagem do bairro paulistano de Campos Elíseos, no centro da cidade. ?O bairro também é especial para a empresa, que tem sua sede na região e promove trabalhos para restaurar seus bens arquitetônicos?, conta Cildo. A partir da segunda edição, o tema será livre. ?Mesmo com tema definido, os trabalhos podem ser variados, enfoncando não só a arquitetura, mas também o dia-a-dia, a população local, entre outros?, diz. A experiência ganha espaço com a categoria Prêmio Especial Porto Seguro, que irá premiar um profissional cujo trabalho já tenha relevância para o patrimônio cultural brasileiro. Esse fotógrafo receberá R$ 15 mil e será indicado por uma comissão formada por profissionais da área e jornalistas. Nessa categoria, podem concorrer desde fotojornalistas até fotógrafos de moda e de outras áreas. Ainda à procura de todos os tipos de talento, o Prêmio não separa nas duas primeiras categorias os fotógrafos profissionais e os amadores. ?Essa classificação é muito classista. Nossa preocupação é valorizar a variedade brasileira?, diz Cildo. Para o artista plástico, a grande relevância do Prêmio é o ineditismo. ?A própria Porto Seguro já possui seu Espaço de Fotografia, que abriga, há dois, anos várias exposições importantes. Mas queríamos aprofundar esta ação e dar ênfase ao patrimônio e à documentação?, conta. ?Apesar de já haver prêmios, são na maioria eventos isolados?, afirma. ?Nós queremos garimpar o que é bom e não tem vez em exposições restritas a fotógrafos profissionais. A fotografia não é a única área apoiada pela empresa. ?No último ano, também patrocinamos a peça Scapino, de Cacá Rosset, e programas na Rádio Eldorado dedicados à música brasileira; mas não revelamos a quantia investida?, informa Débora Ricci, coordenadora de marketing da empresa. Para comemorar a criação do Prêmio, foi organizada no Espaço Porto Seguro de Fotografia, a mostra Pedaços Urbanos, com trabalhos de David do Carmo. O fotógrafo realizou uma pesquisa iconográfica sobre o bairro de Campos Elíseos. As inscrições para o Prêmio vão até 2 de março. Mais informações no site www.portoseguro.com.br/fotografia ou pelo telefone (0--11) 3366-8262.
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