Praia de paulista: bares e quadras de areia viram mania em SP

Número de empreendimentos não para de aumentar, seja para praticar esportes como beach tennis ou futevôlei ou apenas para tomar um drinque ao ar livre

PUBLICIDADE

Foto do author Ana Lourenço
Foto do author Danilo Casaletti

Depois de tanto tempo dentro de casa, é normal sentir anseio por estar ao ar livre. E se uma viagem para o litoral não é possível,  o ambiente de praia - sobretudo para se praticar esportes de areia -, pode estar a poucos quilômetros de casa.  Esses espaços se multiplicam cada vez mais por São Paulo, com bares e quadras de esportes como o beach tennis, que vem conquistando cada vez mais adeptos.

De acordo com o Departamento de Beach Tennis da Federação Paulista de Tênis, o número de locais com quadras de areia na cidade de São Paulo já passa de 200; em todo Estado, são mais de 500. “É um escape, um refúgio. Quem descobre a praia em São Paulo não quer sair mais”, diz a comissária de bordo Mayra Filetti, de 23 anos. Junto com o noivo, o empresário Alessandro Lasak, eles praticam futevôlei diariamente há dez meses.

Sampa Beach Sports, na zona sul de São Paulo: espaço vai funcionar até o fim do ano Foto: Helcio Nagamine/Estadão

PUBLICIDADE

“Eu joguei vôlei quase profissional a minha vida inteira, mas por conta da pandemia, acabei ficando em casa a maior parte do tempo. Um dia descobri que tinha uma arena bem próxima à nossa antiga casa. Então voltei a jogar vôlei, mas na areia”, conta ela, que descobriu ainda o futevôlei como uma atividade divertida para compartilhar a companhia do noivo. 

De tanto visitarem a B.R.A. Sports, na zona sul de São Paulo, o casal decidiu assumir o espaço de alimentação do local. “Quando a gente começou a frequentar, aqui era uma lanchonete bem normal, sem muitas coisas. Assumimos no dia 5 de outubro do ano passado e agora o espaço da resenha ficou ‘pau a pau’ com o esporte”, brinca Alessandro que investiu em paredes com grafites e bancos acolchoados para o restaurante Lamay. 

A fusão entre entretenimento e esporte é uma característica muito presente nas arenas de areia paulistanas. O mesmo local que oferece day use para a quadra de esporte também garante um local com refeições. Alías, foi nisso que focou o casal Renata Villa Pereira e Leandro Targino Pereira, em parceria com o colega Gerson Jorge Maluly, na criação da Soul Beach Arena, que tem previsão de abertura para o dia 30 deste mês. 

“A gente ia jogar de final de semana em algumas arenas, mas víamos que faltava um entretenimento, uma comida boa, uma infraestrutura de vestiário para passar o dia todo lá. E a Soul Beach veio com essa intenção de ser uma experiência melhor, não ir só pra jogar. Seria tipo um beach club”, explica Leandro. O complexo contará com aulas de esporte de areia e natação, bar, restaurante, sala de recuperação para os atletas com direito a fisioterapia, estacionamento, espaço de futmesa - espécie de pingue-pongue com a bola de vôlei - , além de duas churrasqueiras para aniversário e um pergolado de 12 metros de extensão com visão da quadra.

“Acredito que pelo menos pelos três próximos anos, ainda terá uma onda muito forte de novos adeptos ao esporte. O beach tennis é um dos esportes que mais cresce no mundo e o futevôlei vem pegando a mesma onda”, aposta Leandro. 

Publicidade

Roberto Fadul Machado, diretor do Departamento de Beach Tennis, compartilha da mesma opinião. “Os clubes sociais são lugares que não têm espaços para abrir mais quadras. Então a explosão foi para as academias, e aí começam a surgir os espaços de arenas com infraestrutura extraordinárias, restaurantes. A tendência de continuar aparecendo espaços como esses é gigante”, conta. “Se for uma modinha, é uma moda que veio pra ficar. Principalmente porque você tem três tipos de públicos diferentes: os atletas profissionais, os de fim de semana e aquele pessoal que só quer se divertir.”

Promessa para o verão

Lar Mar foca mais no entretenimento que no esporte e estimula clientes a ficarem descalços Foto: Co.Office

Ex-atleta profissional de vôlei, Oswaldo Neto, de 44 anos, conheceu o beach tennis há 3 anos, depois de parar, por conta de lesões, de praticar seu esporte de origem nas quadras. Primeiro, migrou para o vôlei de areia. Porém, percebeu que nos clubes os espaços com areia começaram a ser dominados pelo pessoal do beach tennis - segundo a Federação, são aproximadamente 50 mil atletas amadores e profissionais no Estado de SP.

“Surgiu uma rixa. Perdemos espaço para eles. Segui aquela máxima: se não pode vencê-los, junta-se a eles. Gostei e levei a sério”, conta Neto, que atualmente é líder do ranking paulista do esporte - em maio deste ano, ele foi campeão Master 40+ no SP Open de Beach Tennis, evento chancelado pela Federação Paulista de Tênis.

PUBLICIDADE

Ele explica que a modalidade é uma mistura do vôlei de praia com o tênis. “As pessoas que vêm do tênis têm um pouquinho mais de dificuldade para se adaptar. Nele, a bolinha pinga no chão. O beach tennis é um jogo totalmente aéreo”, explica, sobre o esporte criado na Itália, em 1986, que chegou ao Brasil mais de 20 anos depois, no Rio de Janeiro.

Além de praticar o esporte, Neto também organiza eventos na área, como o interclubes, que chegará a sua quinta edição em novembro com cerca de 16 clubes participantes. Ele também dá aulas – individuais, em duplas ou grupos - para interessados de todas as idades. São 28 por semana, cada uma com uma hora de duração.

“Em uma aula, já é possível bater uma bolinha. As dificuldades são poucas. Uma delas é se deslocar na areia, para quem está acostumado com o piso das quadras. Mas é supertranquilo. Tem gente que passa o dia todo jogando”, diz.

Publicidade

Um dos espaços em que o treinador atua é no Sampa Beach Sports, uma área de 2 mil de metros quadrados no bairro Real Park, na zona sul da capital paulista, com vista para a Ponte Estaiada e para os prédios comerciais espelhados da Berrini.

Oswaldo Neto migrou do vôlei para o Beach Tennis e hoje dá aulas da modalidade Foto: Helcio Nagamine/Estadão

Fabio Mancurti, de 58 anos, administra a arena desde sua abertura, há pouco mais de 2 anos. A princípio, ele havia sido procurado para montar uma quadra de grama sintética para futebol. Ele bateu o pé e convenceu os sócios de que investir nos esportes de areia seria um bom negócio. Estava certo.

O contrato com o terreno onde a Sampa Beach Sports está instalada vence no fim de ano e não deve ser renovado. Por isso, para 2022, o plano é abrir pelo menos 4 novos espaços. Um deles será no térreo do Morumbi Tower, shopping de alto padrão na zona sul da cidade. As outras serão na Avenida São Gualter, no bairro de Pinheiros, e no centro empresarial Cidade Jardim Corporate Center. Assim como o Sampa Beach, os novos empreendimentos vão oferecer serviço de restaurante e bar.

“É um esporte para o público A”, admite Mancurti, comparando-o com o tênis tradicional. A raquete – diferente por ser de carbono e fibra de vidro e um pouco mais pesada - custa entre R$ 500 e R$ 2 mil. O conjunto com 3 bolinhas, que são mais ‘murchas’ por causa da velocidade do jogo, custa R$ 60. A arena recebe, em média, 500 alunos por mês.

Quando conversou com a reportagem do Estadão, por telefone, Mancurti estava na cidade de Maresias, no litoral norte de São Paulo, onde tem casa. Ele diz que havia visto cerca de 15 redes da modalidade armadas na praia. “Antes, tinha só uma. O próximo verão será do beach tennis”, acredita ele, que batizou a principal quadra do Sampa Beach de Maresias. As outras se chamam Copacabana, Ipanema e Jurerê.

“É um esporte divertido, para se jogar entre família e amigos. Um estilo de vida. Mesmo se você não sabe jogar muito bem, não passará vergonha”, diz o empresário, que atribui a alta procura também à pandemia, por ser um esporte praticado ao ar livre.

O Sampa Beach tem, atualmente, 500 alunos por mês. Cerca de 70% deles são de beach tennis. Outros 20% procuram por aulas de futevôlei e o restante para jogar vôlei de praia. Recentemente, o local fechou uma parceria para usar o método de ensino do jogador italiano Alessandro Calbucci, uma das maiores referências do esporte, quatro vezes campeão mundial.

Publicidade

A areia das quadras são livres de ferro, o que faz com que ela não esquente nos dias de sol quente. Porém, no inverno, ela fica bastante gelada e é preciso usar uma sapatilha de borracha para aguentar a temperatura.

Bar de praia

O empresário Cleiton da Silva Pereira foi dono por quase 5 anos, ao lado de um sócio, do Bar Tainer, espaço instalado em um contêiner no bairro do Jardim Marajoara. Na primeira onda da pandemia, eles conseguiram segurar o empreendimento. Porém, com o avanço das restrições de funcionamento, decidiram, com a adesão de um novo parceiro, transformar o local em uma arena de beach sports.

Render do futuro espaço Arena Soul Beach Foto: Soul Beach

Inaugurado no último dia 7 de agosto, no mesmo local, mas, agora, com o nome de Orla Beach Sports, o local, que tem 780 metros quadrados, tem duas quadras que oferecem aulas de beach tennis, vôlei de praia, futevôlei e cross beach. O espaço também tem day use aos finais de semana.

Praticamente de futevôlei, Pereira percebeu que não havia arenas de areia na região. “Além disso, as quadras da cidade estão muito cheias. Também levamos em conta o bem-estar que uma atividade ao ar livre traz, com a sensação de estar na praia. É bem praiano, para aliviar a cabeça mesmo. Uma alternativa aos clubes e parques.”, diz o empresário.

A estrutura do bar continua no contêiner com comidinhas procuradas pela galera que pratica esporte, como sucos naturais, açaí e tapioca. Para quem vai apenas curtir o espaço e assistir aos jogos, bebidas e porções.

Pereira diz que eles investiram no espaço extra quadra, como a decoração que tem o piso com o ladrilho com o desenho de Copacabana, um deque de madeira, mezanino para assistir aos jogos e vestiários amplos com chuveiros de gás encanado. 

Publicidade

Mas há aqueles que focam somente no clima do litoral para curtir à noite. É o caso do Lar Mar, um projeto que nasceu de um blog, com o empresário Felipe Arias, e se concretizou como espaço físico em 2017. “Nunca tivemos uma definição. A gente queria um espaço de lifestyle, mas que não fosse engessado”, conta Tato Vanzetto, um dos sócios do local que é bar, restaurante, local de eventos e música. “A gente sempre se identificou muito com praia e a gente vê a carência da galera aqui em São Paulo. É muita loucura, muita correria então realmente quem pode chegar lá e ficar descalço nesse ambiente, é uma paz”, conta ele. 

O local é focado mais no entretenimento do que no esporte, tanto pelo tamanho quanto pela sua proposta de ser uma área de descanso para os paulistanos. Por isso, ele funciona do fim da tarde em diante, de quinta a domingo, por ordem de chegada. “A gente tenta justamente suprir a carência dessa galera que trabalha nessa selva de pedra”, diz. 

Um ponto de encontro badalado da Vila Madalena, o Bar do Baixo, na Rua Girassol, 67, também entrou na onda. Junto com um grupo de investidores, o casal Mayara Vieira e Carlos Eduardo Gomes decidiu utilizar o terreno ao lado do bar, que servia como estacionamento da região, para criar uma quadra de esportes. Com previsão de abertura para o começo de setembro, o local chamará Bora Bora e será anexo ao bar.

O casal Alessandro e Mayra, que treinam futevôlei juntos Foto: Felipe Rau/Estadão

"A ideia veio não só pelo esporte, mas pela diversão também", conta Mayara, que garante que o cardápio do bar, que agora abrigará a primeira quadra de areia da Vila Madalena, também será alterado para atender um público mais saudável. "Vai unir a balada com a qualidade de vida. A gente precisa disso agora, não dá para pensar só em diversão", diz.

A esperança é que o público da boemia e o esportista revezem espaços: seja compartilhando um petisco no mezanino ao redor da quadra, ou desfrutando uma cervejinha após o treino. 

ONDE PRATICAR

B.R.A. sports R. Viaza, 834; 

Publicidade

2ª a dom., 7h/23h; R$175/hora da quadra de areia

Sampa Beach Sports Av. Duquesa de Goiás, 571 2ª a 6ª, 7h/23h; sáb. e dom., 8h/18h. Day use para todo o complexo, R$ 50. Somente quadras, entre R$25 e R$30Soul Beach Arena Av. Dom Pedro I, 700 2ª a 6ª, 6h/23h; sáb. e dom., 8h/20h; Day use para todo o complexo, R$ 50. Somente quadras, entre R$25 e R$30

Orla Beach Sports Av. Washington Luís, 1.752 2ª a 6ª, 7h/23h; sáb., 10h/20h; dom., 10h/18h; aulas de R$ 220 a R$ 290 por mês (uma vez por semana) Instagram: @orlasp_beachsports

Lar Mar R. João Moura, 613 5ª e 6ª, 18h/00h; sáb., 14h/00h; dom., 14h/ 22h 

Arena BTG+ Av. Major Silvio de Magalhães Padilha, 16.741 2ª a 6ª, 7h/22h; sáb. e dom.,07h/19h; R$ 200 a hora 

Calçadão Av. Magalhães de Castro, 286 - Unidade Butantã 6ª, 17h/23h, sáb. e dom., 8h/20h. (para locação, o restante é destinado às aulas) Preço: 1 hora R$ 200. Aos fin de semana, a locação de quadra dá direito a uma mesa com atendimento exclusivo do Botanikafé, das 9h30 às 17h, apenas durante o período da locação Instagram: @calcadao_

Trabuca Bar Av. Brigadeiro Faria Lima, 4.433 5ª e 6ª, a partir das 17h; Sáb. e dom., a partir das 12h  Instagram: @trabucabar_prainha

Publicidade

Anália Beach Rua Bom Jesus, 599 - Anália Franco 2ª a 6ª, 6h/23h; sáb., 7h/21h; dom.,8h/21h; aulas coletivas 1x na semana R$200 por mês ou 2x na semana, R$ 336 por mês Instagram: @analia.beach

Posto 011 - Unidade Santana Rua Fernando Sandreschi, 80 2ª a 6ª, 7h/23h; sáb. e dom., 8h/18h; aula avulsa a partir de R$120 

Casa Flutuar Rua Clodomiro Amazonas, 896  Bares: 3ª a dom., 12h/23h; Lojas: 3ª a dom.,12h/20h; Beach Club: 2ª a 6ª, 6h/23h Praia Brava Sand Club Rua Doutor José Gustavo Busch, 400 2ª a dom., 7h/21h; os preços variam de acordo com a modalidade de esporte e quantidade de treinos semanais. Para a locação da quadra de areia, o valor é R$ 200

Tatuapraia Rua São Felipe, 597 2ª a 6ª, 7h/23h; sáb., 8h/20h; dom., 8h/18h; a partir de R$ 99 

Bora Bora (anexo ao Bar do Baixo; a partir de setembro) Rua Girassol, 67 Horário de funcionamento: 2ª a 6ª, 8h/22h; sáb. e dom., 8h/18h Instagram: @bardobaixo

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.