Veja quais são as joias da música garimpadas nas repetitivas retrospectivas do streaming em 2022

Japão e Nigéria produzem destaques que fogem do clichê das listas de mais ouvidas do Spotify, Deezer e Apple Music; pódio brasileiro segue lotado de sertanejo e funk, enquanto no exterior hip hop e pop dominam

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colunista convidado
Foto do author Simião Castro

As esperadas retrospectivas musicais das plataformas de streaming saíram nas últimas semanas e não surpreenderam muito nos gêneros. No Brasil, o topo do pódio segue lotado de sertanejo e funk. No exterior, hip hop e pop dominam as primeiras posições.

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Mas, se garimpar um pouquinho, dá para encontrar algumas joias nessa imensidão de semelhanças. Sem desmerecer os méritos dos demais, diversificar é preciso.

Alguns estão presentes nas próprias listas oficiais. Outros, serão sugestões que entraram para o ‘repeat’ da playlist deste colunista.

Seja no Spotify Wrapped, no Deezer Rewind ou no Apple Music Replay, estes são os destaques alternativos do streaming de 2022.

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Presente do Japão

Definitivamente, a faixa que mais me surpreendeu na lista é Betelgeuse (ベテルギウス), do músico japonês Yuuri. Para começar, porque o nome dela é escrito nos caracteres japoneses e foi um pouco difícil encontrar a versão ocidentalizada. Depois, com a hegemonia estadunidense nos charts, encontrar outro idioma por ali encheu os olhos.

Ele aparece no ‘Top músicas de 2022: global’ do Apple Music, lista que até é mais diversa que as demais na comparação com Spotify e Deezer – abarrotadas de pop e hip hop. A música é uma baladinha romântica, que começa só no violãozinho, ganha um crescente puxado para o rock, é aí enche também os ouvidos.

O detalhe de estar em japonês é ainda mais divertido, por permitir aos não falantes a pura experiência musical. Muito leve e limpa, ela valoriza a simplicidade das vozes.

Experiência de tela

O single de Yuuri tem um clipe fofinho no YouTube, cujo play é mais que válido. Um tantinho clichê, a produção espelha o tradicional drama e exagero nas expressões do audiovisual japonês. Mas deixa no ar uma mensagem sutil bastante bem-vinda.

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Ritmo africano

Calm Down, do rapper Rema, é um bálsamo no cenário repetitivo do hip hop. E não se trata de um rap duro como se poderia supor. O ritmo africano influencia cada segundo da faixa e envolve com a mistura de instrumentos acústicos e a batida eletrônica.

A voz aveludada do músico nigeriano vai bem tanto com fones quanto na caixa de som para alegrar o ambiente. E o inglês temperado ao delicioso sotaque nigeriano justificam bem a segunda posição alcançada no Top 10 mundial do Deezer de músicas lançadas em 2022.

Raízes brasileiras

Nas minhas retrospectivas do Deezer e Spotify um nome brasileiro foi unanimidade: Bemti. O mineiro já foi destaque da coluna com o álbum Logo Ali, de 2021, de onde vem a faixa que mais se repetiu nos meus ouvidos neste ano: Livramento.

O músico atualiza a viola caipira para trazer a música mineira a outro patamar, num mix competente de tradicional e contemporâneo, com referências pop e mensagens de amor, diversidade e empoderamento.

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Pop erudito?

Outro vício de 2022 foi uma descoberta vinda do TikTok. Trend na rede dos jovens, World’s Smallest Violin, do trio estadunidense AJR.

Ela cativou com a balbúrdia organizada e o ritmo frenético que vai se construindo nos pouco mais de três minutos de instrumentos físicos e distorções eletrônicas.

Em comparação ousada, sempre senti uma forte semelhança melódica com o Bolero de Ravel. Só ouvindo para entender.

Vale o registro de que Marília Mendonça e Anitta dominaram as paradas do streaming musical no Brasil em 2022. O Spotify Wrapped mostra a sertaneja em 1.º no ranking nacional mesmo um ano após seu acidente de avião. E Anitta é a brasileira mais bem colocada no mundo, figurando na 20.ª posição global.

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