A Cratera é um nome estranho para um filme que quer ter mais cara de Disney do que aparenta. Lançamento recente do streaming do estúdio, o som áspero, rígido e reverberante do título parece não alinhar bem com a marca das princesas e príncipes. Mas isso é só a primeira impressão.
A produção entrou no Disney+ no dia 12 de maio e devagarinho a história vai ganhando camadas e sutilezas que podem passar despercebidas em uma produção “para crianças”. Na realidade, a classificação 10 anos só garante que a família inteira possa testemunhar uma história simples e cheia de sensibilidade.
Talvez até clichê. Mas que guarda nuances profundas das relações humanas, da amizade e do amor. Certamente mais profundas do que a cratera lunar ao redor da qual a trama inteira gira.
Último desejo
A jornada proposta pelo filme é apresentada logo no começo. E parte de um acontecimento trágico. O jovem Caleb Channing (Isaiah Russell-Bailey) perde o pai em um acidente em uma mina. Tendo já crescido sem a mãe, isso seria ruim o suficiente.
Mas eles moram na Lua, no ano 2257. Um lugar inóspito, povoado por humanos apenas pela - típica - ganância de explorar os minérios lá existentes. Como indenização pela morte do pai, Caleb será enviado a um planeta muito distante e paradisíaco. Desejado por todos ali.
Antes, porém, precisa cumprir o último pedido dele. Visitar uma cratera que guarda um simbolismo potente para os pais do garoto.
Crescimento
Para a misteriosa e arriscada exploração vão também os leais amigos Dylan (Billy Barratt), Borney (Orson Hong) e Marcus (Thomas Boyce). E pode haver mais na dinâmica de alguns deles que o óbvio. Recém-chegada da Terra, Addison (Mackenna Grace) também se junta ao grupo.
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Composto basicamente por adolescentes, A Cratera não se furta ao desafio de criar conflito. Ok que a princípio não é nada muito fora do comum. São brigas meio infantis. Atitudes irresponsáveis. Mas quando elas começam a gerar risco de vida, as novas camadas começam a aparecer.
No caminho, eles vão descobrir segredos da lua. Mas também desvendar o que é crescer. Vão discutir sutilmente sobre classe. E questionar os próprios papéis e sonhos.
Destaque para a atuação do quinteto. A Disney tem o condão de revelar talentos e aqui não é excessão. Plantel com muito a oferecer e que garante a qualidade da safra da geração do cinema americano. Compensa a sessão. E as lágrimas, quase certas. Afinal, é Disney.
Miniatura
Chegou ao Disney+, na quarta, 17 e maio, Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania. O filme em que Scott Lang (Paul Rudd) e equipe voltam ao Reino Quântico teve a missão de abrir a quinta fase do Universo Cinematográfico Marvel. Mas a recepção foi conflituosa.
Um roteiro meio bagunçado e uma sensação de que a produtora já não é mais o que era no ciclo dos Vingadores originais deixam um tanto a desejar. Pode até ser um trabalho em processo, se serve de justificativa, por causa das conexões com outros longas e do multiverso. Megalomaníaco, inclusive.
Mas isto não é novidade quando o tema é Marvel. Nas fases anteriores também há filmes médios – para dizer o mínimo. A história não é muito inovadora: ameaças perigosas, universo em risco. O que parece ganhar destaque é o vilão Kang (Jonathan Majors). Certamente vale o cineminha em casa.
Imensidão
Outro blockbuster já com data no catálogo é Avatar: O Caminho da Água. O filmão envolvente, bonito e com visuais deslumbrantes, e três horas de duração, chega em 7 de junho. A recomendação é assistir na maior tela possível em casa, para aproveitar.
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Mais um projeto ambicioso de James Cameron, levou o justíssimo Oscar de melhores efeitos visuais. Apesar do deslumbre estético, ele falha ao desenvolver personagens complexos e apresenta um vilão clichê. Mas vale o play. E os créditos finais são espetaculares.
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