Luís Gustavo Coutinho é Bemti. Um mineiro que pegou a tradicional viola caipira e a trouxe para o século 21. O mais novo álbum do músico honra o instrumento e atualiza a sonoridade, tornando-o receptível até aos jovens que talvez tenham se afastado da moda caipira.
Ainda em 29 de setembro de 2021, o cantor lançou o álbum Logo Ali em todas as plataformas de streaming. Um resumo da pandemia, com todas as dores e amores que experimentamos nestes tempos, justamente quando acreditávamos caminhar para o fim deste tormento.
Mas a Ômicron fez os bons auspícios de Bemti ainda mais necessários. O respiro essencial para o enfrentamento de mais esta etapa do combate ao coronavírus.
Excelência
Logo Ali é um álbum sem músicas ruins. A clara busca de Bemti pela excelência aparece no rigor da seleção das faixas e nas conexões entre si. Efeito proposital, que ele mesmo expressa na intenção de produzir um disco narrativo.
Desses que até dá para ouvir cada música isolada, mas é muito melhor tudo junto. Foi o que ele fez em evento online de lançamento: uma live no YouTube com fãs, em que todos ouviam pela primeira vez o álbum inteiro e trocavam com ele impressões no chat.
Grandes nomes
A lista de participações é outra prova de excelência. Instrumentistas e produtores gabaritados, além de vozes como as de Jaloo, Marcelo Jeneci e Fernanda Takai.
A vocalista do Pato Fu, inclusive, divide sensivelmente com Bemti a apocalíptica Quando o Sol Sumir. Alegoria do fim do mundo, ela curiosamente rendeu um dos clipes mais divertidos de 2021 – disponível no YouTube.
Influências
Os arranjos são surpreendentes e por vezes inesperados. Já a primeira faixa faz uma mistura maravilhosa de cordas clássicas com metais mexicanescos.
A mescla vem do vasto leque de influências de Bemti. E evidentemente das vivências do músico LGBTQIA+. Mineiras, óbvio, como Milton Nascimento, mas também de ousadias até internacionais, como Arcade Fire, Keane, e até Björk, entre outros.
Em Habitat, a faixa mais descaradamente pandêmica, a melodia inicialmente difere muito das demais. Gera um estranhamento, mas ganha em seguida uma grandiosidade solitária que só a covid-19 pôde provocar. Arrepio garantido.
Mudança de vida
Mistura e diversidade são sinônimos do grupo de cinco homens gays que arejou o formato de reality de ‘transformação de vida’. Sem arrogância, os ‘Fab 5’ estrearam há pouco a sexta temporada de Queer Eye.
Na série, eles juntam as habilidades de cuidados pessoais, arquitetura, culinária, vestuário e comportamento para ajudar os mais diferentes perfis de pessoas a alcançar o máximo do próprio potencial.
O resultado é entretenimento com responsabilidade e empatia. Inspiração, emoção e esperança de um mundo melhor na Netflix.
Heróis alienígenas
Outro sucesso retumbante em diversidade é Eternos, da Marvel, que acabou de chegar ao streaming. O filme decepcionou nas bilheterias gringas, mas é um primor em representatividade e entretenimento.
Em tempos em que pesquisa do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) mostrou que brasileiros confiam pouco nas pessoas, o exemplo de extraterrestres que lutam contra a extinção da humanidade é uma injeção de ânimo. Além de um soco, no Disney+.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.