Maravilhosa Sra. Maisel saiu do buraco onde se enfiou? A reta final já começou. E se uma coisa ficou clara é que a Amazon Prime Video está tentando recuperar a série. Mas, com seis dos nove episódios no ar, ainda é difícil cravar se ela está salva.
Maisel nunca ficou exatamente ruim. Não mesmo. Mas as duas temporadas anteriores foram uma decepção. Restou à quinta e última garantir um encerramento digno da grandiosidade que a série já teve. A sorte é contar com um elenco brilhante. Dificilmente tão bem escalado.
E com as mentes de Amy Sherman e Daniel Palladino – mas que ainda sucumbem a clichês irritantes. Mesmo assim, e talvez por isso, é um título que definitivamente merece o play.
Mergulho narrativo
A quinta temporada começou no alto como há tempos não acontecia. O roteiro surpreendeu com flashforwards trazendo vislumbres do futuro. Excepcional. A sequência inicial do primeiro episódio é fascinante. O sexto episódio inteiro também.
Esse é um bom exemplo do uso inteligente de uma técnica comum. E aqui as espiadas inéditas nos destinos das personagens trazem frescor, tempero e interesse.
Valem destaque os efeitos, principalmente a maquiagem e caracterização. Com os avanços no tempo, as personagens envelhecem. E retratar gente jovem como idosos pode dar muito errado, mas a equipe acertou em cheio!
A referência a componentes de sucesso da série também é divertida. Às vezes com elementos mais sutis, outras bem evidentes. Como a contemplação dos icônicos figurinos de Midge (Rachel Brosnahan) em uma passagem espirituosa – para não dar mais spoilers.
Recálculo de rota
O ritmo também melhorou muito. Mesmo episódios mais compridos, de uma hora, passam num suspiro. No passado, os dois extremos foram reais.
Sobre isso, um dado importante. É fundamental lembrar que Maravilhosa Sra. Maisel é dos mesmos criadores de Tal Mãe, Tal Filha (ou Gilmore Girls). Em que o ritmo era justamente o protagonista.
Entretanto, assim como fez no revival da série com Gilmore Girls: Um Ano para Recordar, Palladino parece tentar enxer linguiça com música. Também em Maisel há um número musical que, se justifica-se narrativamente, é comprido demais para o efeito que precisa gerar.
E vale levantar uma questão: está o elenco de Tal Mãe, Tal Filha passando dificuldades? Os excelentes atores e atrizes desempregados? O fato é que metade deles faz bicos nesta temporada.
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Foco no que importa
Parece que houve ainda um ajuste nas proporções. Explico. Subtramas ricas, como a do escritório da agente de Midge, Susie Myerson (Alex Borstein), estão mais bem aproveitadas.
Os pais da protagonista seguem arrasando. O humor ácido de Abe e Rose Weissman volta em plena forma. Muito pelo mérito dos brilhantes e carismáticos Tony Shalhoub e Marin Hinkle, que vestem os personagens à perfeição.
Entretanto, o porre Joel Maisel (Michael Zegen), ex de Midge, conserva o posto de arco mais desinteressante. Mas dali não dava para esperar muita coisa, mesmo com o destaque que ganhou desta vez.
Honrar a história
A série caminha para um final íntegro. Sem grandes reviravoltas ou surpresas, mas condizente com o que mostrou até agora. O roteiro mais focado e direto é o grande mérito. Conseguindo inclusive inserir elementos na história enquanto avança para o desfecho. O resultado é a boa recepção.
No Metacritic, a pontuação da quinta temporada é de 80 em 100 até agora. No Rotten Tomatoes a avaliação é ainda melhor: 97% de aprovação. Um desfecho justo para quem já foi um canhão de audiência.
Em 2020 a Nielsen informou que a terceira temporada mais que dobrou os views registrados na segunda. E isso só nos Estados Unidos! O que significou ser o programa com o número mais alto de audiência que qualquer outra produção do Amazon Prime Video na época.
E prêmios vários! Globos de Ouro de melhor atriz para Brosnahan, Primetime Emmy seguidos de atriz coadjuvante para Borstein, além de Shalhoub e Kirby também como coadjuvantes. Teve ainda melhor direção e roteiro para Amy. E, claro, Globo de Ouro e Emmy de melhor série de comédia.
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