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Pedro Venceslau e Simião Castro dão dicas sobre filmes, séries e músicas disponíveis nos serviços de streaming

Sem roteiro, James McAvoy frustra improviso de 'Meu Filho' e estrela de 'The Crown' ganha o holofote

No filme, adição recente do Amazon Prime Video, McAvoy é o único que atua sem leitura prévia do texto, mas criação deixa a desejar; confira também análises de 'Spencer' e 'Medida Provisória', disponíveis para assistir neste mês

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Foto do author Simião Castro

Uma criança some. E o pai precisa começar a procurá-la sem pistas do que aconteceu – e sem roteiro também. Quero dizer, quem não tem roteiro é James McAvoy, que protagoniza Meu Filho, no Amazon Prime Video.

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Ele é o único que improvisa o tempo todo, contracenando com atores familiarizados com o texto. O thriller de 2021 se vendeu como uma revolução cinematográfica, mas que já tinha ocorrido em 2019 quando o diretor Christian Carion comandou a primeira versão em francês.

Anos depois, decidiu repetir a experiência em inglês, mas encontrou dois problemas. McAvoy decepciona porque não é roteirista e os improvisos do ator não elevam o filme a nenhum patamar efetivamente notável. E não há também indicação prévia da “façanha” ao espectador – que fica, assim, sem saber o que está vendo.

James McAvoy protagoniza Meu Filho, no Amazon Prime Video, mas destaque fica para a bela performance de Claire Foy Foto: Amazon Prime Video

Poderia ser melhor

Embora o argumento para Meu Filho seja sim, ainda, novo, o filme demonstra inequivocamente o motivo para não ser comum. É muito difícil tirar do além a profundidade exigida do cinema.

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Para funcionar, a premissa precisa ser simples, de modo que o ator consiga construir sobre ela. Neste caso, é. Mas é também clichê. A história do filho que some e dos pais alçados a improváveis investigadores super-humanos é mais batida que pão sovado. Aqui, o que salva é a atuação, porque o texto...

Sem rumo

Outro problema da trama é a resolução do conflito. McAvoy é lançado à própria sorte a cada cena, agarrado a pistas entregues sem muito esforço. E às vezes jogadas como pérolas a porcos, com inserções desencontradas que não levam a nada e ficam perdidas pelo caminho.

Benjamin Lee, no The Guardian, comparou a experiência a um videogame sem graça. Faz sentido. O longa alcançou meros 38% de aprovação dos críticos no Rotten Tomatoes e 42% dos usuários do site. 

Por outro lado

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Pontos positivos que talvez compensem os 90 minutos de streaming: a sempre competente Claire Foy (The Crown) é a dupla de McAvoy. Ela é a atormentada mãe do menino sumido, que se culpa pelo desaparecimento e entrega uma bela performance em meio ao caos das buscas.

Fotografia e trilha sonora excepcionais. A trama é filmada em meio a paisagens magníficas da Escócia e a ambiência ajuda na construção do suspense. E com os minutos finais bem verossímeis.

Realeza

Spencer é um filme feito para o cinema, mas muito melhor de ver na cama. A “fábula de uma tragédia verdadeira” da princesa Diana, que deu a Kristen Stewart a primeira indicação ao Oscar, chegou ao Amazon Prime Video no último dia 1º.

Além da extraordinária interpretação da atriz, a trilha sonora é um dos melhores elementos da produção. De deixar constantemente em alerta – assim como a princesa retratada.

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Política de Estado

O mais recente primor do cinema brasileiro chega ao streaming no próximo dia 15. Medida Provisória, estreia de Lázaro Ramos como diretor na telona, entra para o catálogo do GloboPlay. O filme retrata um Brasil distópico, onde o governo decide mandar todos os pretos e pardos para a África. A desculpa: reparar os anos de escravidão.

Protesto antirracista

Com um elenco brilhante, o olho de Lázaro começa ousado, mas a câmera vai ficando mais quadrada conforme o enredo avança. A produção é repleta de códigos e ‘easter eggs’ carregados de significado.

Vale atentar especialmente aos números e datas. Apesar do desfecho apressado, o resultado é uma crítica potente e sarcástica ao racismo. E Medida Provisória se torna peça basilar na representatividade da luta antirracista no País. 

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