Realismo fantástico dá vida a "Porto dos Milagres"

Nova trama da emissora, que estréia nesta segunda-feira, aposta nas particularidades baianas, como o sincretismo religioso e a obra de Jorge Amado

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Por Agencia Estado
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Sincretismo religioso e conflitos sociais, misturados ao excêntrico sabor baiano. A essência da obra do escritor Jorge Amado são os principais ingredientes de Porto dos Milagres, novela que estréia nesta segunda-feira, dia 5, às 21h na Rede Globo. A novela, que traz o famoso sotaque carregado que os brasileiros tanto gostam, vem com a missão de manter o alto Ibope de Laços de Família, que alcançou picos de 62 pontos. Porto dos Milagres, escrita por Aguinaldo Silva e Ricardo Linhares, é uma adaptação livre dos romances Mar Morto e A Descoberta da América pelos Turcos. O restante eles buscaram na própria bagagem: fórmulas de sucessos como Tieta, Pedra Sobre Pedra e A Indomada, que os dois escreveram em parceria. A trama se desenrola nas paradisíacas paisagens da Ilha de Comandatuba, na Bahia, além de duas cidades cenográficas. Isolados em seus "guetos", pobres e ricos mantém distância: a burguesia mora na parte alta da cidade, e próximo ao cais do porto estão as famílias que vivem da pesca. O elenco é de peso e traz Antônio Fagundes, Cássia Kiss, Artele Salles, Glória Menezes, Marcos Palmeira, Flávia Alessandra, Reginaldo Farias, Camila Pitanga, Leonardo Brício, entre outros. A novela mostra problemas que afligem grandes cidades como as diferenças sociais. Os extremos dividem as pessoas mas não impedem que grandes paixões se revelem. Há também grande exploração do sincretismo religioso, tão forte no Brasil, principalmente na Bahia. Isso faz com que Iemanjá seja a principal personagem. É ela quem protege e abençoa pescadores e barcos que saem para a pesca. Seu papel vai além de Rainha do Mar, figura que representa no candomblé. Ela atua como padroeira da cidade e da trama, capaz de influenciar a vida de todos. Três Momentos - A trajetória da novela tem três momentos distintos. O primeiro capítulo mostra Felix Guerreiro (Antônio Fagundes) e sua esposa Adma (Cássia Kiss), em Sevilha, na Espanha. Antagonista da trama, ele vive dando golpes, e os dois chegam a ser perseguidos pela polícia quando tentam roubar um milionário. Mas um misterioso encontro com uma cigana vai dar um novo rumo à vida deles. Ela o faz lembrar de seu irmão gêmeo Bartolomeu - em quem aplicou um golpe, vendendo parte das terras herdadas do pai e fugindo com o dinheiro - e profetiza que Felix vai atravessar o mar e ser rei. Ao saber da previsão, Adma vai dar um jeito para que isso aconteça. Cássia Kiss dá as características de sua personagem e justifica as atitudes dela. "É uma mulher que não tem compromisso, pudor e ética. Ela é capaz de qualquer coisa por seu homem. É uma mulher amoral. O amor possibilita qualquer coisa, tanto para a bondade quanto pela maldade". O outro momento é marcado pelo desembarque deles no Brasil, quando haverá uma espécie de "flash back" mostrando o que aconteceu há vinte anos e vai durar oito capítulos e, finalmente, a trama vem para o presente. Em Porto dos Milagres, Adma se empenha em acabar com a vida do cunhado. Mas o reinado do marido é ameaçado quando chega a notícia que Bartolomeu é pai de um menino, Guma, fruto do amor pela prostituta Arlete (Letícia Sabatella). A mando de Adma, Eriberto (José de Abreu) tenta dar um fim na vida dos dois, mas o destino acaba colocando a criança nas mãos de Eulália (Cristina Oliveira) e Frederico (Maurício Mattar). "Guma é a vingança de Bartolomeu. Ele tem dois segredos importantes a descobrir: que não é filho de Frederico e quem é seu verdadeiro pai", conta Aguinaldo Silva. Adulto, ele será interpretado por Marcos Palmeira, que passou 20 dias na Bahia se preparando para encarar o personagem, mantendo contato com pessoas ligadas ao candomblé. "Ele é protegido por Iemanjá, pois ela mostra os caminhos que ele deve seguir e o que deve fazer", explica. Depois de 12 anos na emissora, a atriz Flávia Alessandra (esposa do diretor da novela, Marcos Paulo), interpreta sua primeira protagonista: Lívia é uma web designer que namora Alexandre (Leonardo Brício), mas que vai se apaixonar perdidamente por Guma. "Espero que o papel tenha vindo na hora certa", diz. Ela afirma que a personagem é especial porque é humana, comete erros, luta pela justiça, pela carreira, e por esses motivos valeu a pena ter esperado tanto. Para viver a heroína Lívia, a atriz teve que mudar o visual, adotando um megahair e um bom bronzeado, além de aprender computação. Fora isso, "a aura da Bahia leva ao clima de Porto dos Milagres", completa. Efeitos Especiais - Um dos pontos fortes da novela em termos estéticos serão os efeitos visuais, com direito a tempestades em alto mar, aparições de Iemanjá e explosões. Segundo o diretor Marcos Paulo, para se conseguir isso é preciso muito trabalho. "Esta área ainda é muito nova e nós estamos descobrindo como faz isso, criando equipamentos e máquinas. A seqüência das cenas também é complicada, tem que ser feita quadro a quadro, requer equipamentos de efeitos especiais e visuais grandes, demanda grande tempo, mas fica muito bom", explica. O valor dos investimentos, ele afirma desconhecer, mas garante que está dentro dos padrões da novela, uma média de R$ 100 mil por capítulo.

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