Companheiro de Rita Lee por quase cinco décadas, Roberto de Carvalho relembrou alguns do momentos mais marcantes ao lado da cantora em entrevista ao Fantástico, da Rede Globo. A ‘Rainha do Rock’ morreu na última segunda-feira, 8, aos 75 anos. Ela lutava contra um câncer de pulmão desde 2021, quando foi diagnosticada com a doença.
“Sempre vai ser difícil, eu não tenho a menor pretensão de que fique fácil”, disse. A entrevista foi concedida um dia após o sepultamento da cantora, na quarta-feira, 10. “Mas fico bem, porque foram coisas tão maravilhosas. Os últimos tempos foram muito difíceis. A Rita é considerada um milagre pelos médicos que cuidaram dela.”
O músico relembrou os momentos finais de Rita Lee na luta contra o câncer. “Ela perdeu cabelo, a capacidade de andar, foi perdendo a capacidade de pensar”, disse Roberto. “Entretanto, os momentos finais dela foram de uma leveza, de uma calma, de uma doçura. Nós estávamos todos juntos com ela.”
O casal teve três filhos: Beto Lee, de 46 anos, João Lee, 44, e o caçula, Antonio Lee, 42. A conexão com Roberto rendeu frutos não só na vida pessoal, mas também na profissional. Os dois compuseram dezenas de músicas juntos. “Nós nos tornamos cara metade”, disse ele. “Eu não posso dizer ‘a Rita e o Roberto’, não. O Roberto é a Rita, também. E Rita é o Roberto, também.”
Ele conta que o casal tinha “Mania de Você”, um dos grandes sucessos interpretados por Rita, como a canção favorita. Na entrevista, Roberto relembrou o processo criativo que deu origem à música. “A gente estava na cama, numa paixão louca. Consumou essa paixão louca, eu peguei o violão e comecei a tocar”, relembra, emocionado. “Ela, do meu lado, pegou o caderninho e foi completando a música.”
A história de Roberto e Rita inspirou legiões de fãs. No início da pandemia, os dois chegaram a entrevistar um ao outro para o Estadão. “Desde 47 anos atrás, que a gente se encontrou pela primeira vez, que eu sou extremamente atento e feliz por ter estado sempre por perto de uma pessoa tão iluminada”, disse. “Uma pessoa tão cheia de vida, de criatividade, de alegria, de luz.”
Roberto a descreve ainda como uma pessoa “espetacular” e “única”. Além de revelar uma face pouco conhecida da cantora. “A Rita era muito tímida, também. Só que ela tinha uma personalidade que, quando ela estava exposta, ela não era nada tímida”, disse o músico. “Sempre muito elegante, falando baixo, ‘por favor’, ‘com licença’. Essa era a Rita.”
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