O papel mais realista de sua carreira, o ator Sergio Britto enfrentou com a caneta na mão - durante seis meses, ele ocupou suas manhãs a se dedicar à escrita de "O Teatro e Eu", autobiografia que será lançada hoje no Rio (na Livraria da Travessa) e segunda-feira em São Paulo (na Livraria Cultura do Conjunto Nacional). Trata-se de uma corajosa revisão de quem chegou aos 86 anos de idade, dos quais 65 de carreira na televisão, cinema e, principalmente, no teatro. Sem rodeios ou divagações. "Mas, se eu não tivesse escrito o primeiro capítulo exatamente como saiu, certamente o livro não teria nascido", conta ele. "Cheguei a reescrevê-lo três vezes."De fato, logo no primeiro parágrafo, Britto descreve como aceitou, em um impulso, trabalhar como ator em teatro universitário - era 1945 e ele, filho de pais amorosíssimos ("Minha mãe, Alzira, era dominadora, não da maneira cruel de Amanda de O Zoológico de Vidro, de Tennessee Williams, mas tão asfixiante quanto"), sentia a necessidade de se libertar. E, apesar de seguir a recomendação paterna e estudar Medicina, viu no palco o caminho da salvação.Assim, aos 22 anos, faz sua primeira experiência teatral, interpretando Benvólio na montagem de Romeu e Julieta. Era o início de uma carreira marcante, participando de grandes encenações nas décadas seguintes.Aos pesquisadores, o livro "O Teatro e Eu" oferece mais detalhes sobre a criação e os bastidores dos grupos e espaços cênicos mais importantes do País - como o Teatro Universitário, Teatro Brasileiro de Comédia, Arena, Teatro dos Doze, companhia de Maria Della Costa, Teatro dos Sete. Aos atores, Britto revela seus principais desafios, como os problemas de audição e com a voz, além dos obstáculos financeiros enfrentados especialmente quando a arte em geral sofreu com corte de verbas durante a presidência de Fernando Collor de Melo (1990-92). E, ao público em geral, detalha momentos particulares de sua vida. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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