Giancarlo Esposito não teria subido ao palco Thunder da CCXP 2024, em São Paulo, nesta sexta-feira, 6, se não fosse por sua inesquecível participação em Breaking Bad, considerada uma das melhores séries de todos os tempos.
Esposito, de 66 anos, curiosamente nasceu em Copenhague, na Dinamarca, filho de pai italiano e mãe afro-americana. Na infância, se mudou com a família para Nova York e começou carreira na Broadway no fim dos anos 1960. No cinema, colaborou com Spike Lee em Faça a Coisa Certa (1989), Mais e Melhores Blues (1990) e Malcolm X (1992). Depois, apareceu aqui e ali, mas raramente com um papel de maior destaque.
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Tudo mudou em meados de 2008 quando Vince Gilligan lhe ofereceu o papel que mudaria a sua vida: o lorde do crime Gustavo Fring, cujo olhar ameaçador era disfarçado pela simpatia de um simples gerente da rede fast-food Los Pollos Hermanos, fachada para lavagem de dinheiro e tráfico de drogas naquele cenário árido e violento de Albuquerque (EUA) que cercava o protagonista Walter White (Bryan Cranston).
O vilão emblemático, que depois foi novamente explorado no brilhante spin-off Better Call Saul, rendeu prêmios a Giancarlo e o colocou no mapa de Hollywood. Desde então, ele trabalhou em projetos de sucesso como a franquia Maze Runner e as séries The Boys, Godfather of Harlem e O Mandaloriano, do universo Star Wars. Neste ano, ele estrelou o ambicioso longa Megalópolis, de Francis Ford Coppola, e a série Magnatas do Crime, de Guy Ritchie, na Netflix. Em 2025, estará no filme de super-heróis Capitão América: Admirável Mundo Novo, da Marvel.
A conversa de Esposito com os dois apresentadores da CCXP durou cerca de 50 minutos. Elegantemente trajado com um terno preto, o ator abordou seus principais papéis ao melhor estilo “coach”, com discursos motivacionais e frases de efeito. Certa hora, ele disse preferir interpretar vilões porque eles são “mais interessantes” e o “fazem se sentir cheio de vida”.
“Breaking Bad mudou a minha vida, foi um papel definitivo, pude trazer minhas impressões ao personagem. Eu estava falido antes de fazer a série. Eu queria que Gustavo pensasse com carinho na sua família de empregados. Ele é um observador”, disse Esposito, em sua única declaração sobre o famoso traficante.
Ao comentar The Boys, o astro confirmou que estará de volta para a quinta temporada e valorizou o escopo emocional da produção. “Na minha cabeça somos todos super-heróis. É uma série sobre heróis com emoções humanas. Todos vocês são especiais. Não há nada que você não possa fazer.”
Ele também falou rapidamente a respeito de Megalópolis. “Coppola é um gênio. O filme é uma declaração sobre a sociedade. Meu personagem, o prefeito Cícero, tem crenças rígidas. Ao longo do filme ele precisa mudar por causa da filha. Quando vemos que estamos vivendo no passado, temos que mudar.”
Esposito ainda adiantou seu trabalho no novo longa do Capitão América. “Eu queria trabalhar com a Marvel há muito tempo, porque eles são flexíveis. Cheguei de última hora e eles gostaram muito do personagem que criei”, revelou, antes de elogiar o protagonista Anthony Mackie. “É importante termos um Capitão América negro. Somos pessoas cheias de alma. Anthony vai ser um espelho para muitos de nós. Está na hora desse tipo de herói”.
Na reta final do papo, o ator se descontraiu e participou de algumas brincadeiras. Ele disse em português frases famosas de vilões do cinema nacional, como o Dadinho de Cidade de Deus (2002). Depois, ganhou um par de chinelos em alusão a uma cena famosa de Faça a Coisa Certa, e dançou salsa antes de se despedir do público.
Cerca de 300 mil pessoas são esperadas na atual edição da Comic Con Experience (CCXP), que começou na quinta-feira, 5, e se estende até domingo, 8, no São Paulo Expo, na zona sul da capital.
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