Com que streaming eu vou? Excesso de plataformas causa dúvidas e prejuízos; veja dicas

Com cada vez mais serviços de streaming de vídeo disponíveis, consumidores chegam a pagar R$ 200 por mês sem aproveitar as assinaturas. Veja histórias e dicas para escolher e economizar

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Foto do author Daniel Silveira

Você chega em casa depois de um dia de trabalho, toma um banho, senta no sofá e liga a televisão. Se antes o gesto era zapear pelos canais em busca de um programa que agradasse, agora, a escolha está entre as plataformas de streaming. Qual tem mais tem a ver com nosso humor do dia?

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Estou mais para um filme de herói ou uma comédia romântica adolescente? Uma série dramática ou uma sitcom? Será que vejo um filme clássico ou um que acabou de sair do cinema?

A explosão do streaming não é um fenômeno nacional. Desde que a Netflix despontou como plataforma, em 2010, quando inovou com conteúdos de vídeo sob demanda, a indústria do entretenimento mirou este produto.

O roteirista Dudu Guimarães assina nove plataformas de streaming e confessa usar pouco todas elas, que juntas, custam mensalmente cerca de R$ 200. Foto: Taba Benedicto/Estadão

Desde então, outras plataformas surgiram, principalmente entre os maiores conglomerados de mídia como a Warner Bros. Discovery (HBO Max) e The Walt Disney Company (Disney+).

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Com tantas plataformas à disposição no mercado, fica difícil escolher na hora de assistir se você tem muitas assinaturas. É o caso do roteirista Dudu Guimarães, 32 anos. Ele assina nove serviços: Netflix, Apple TV+, Amazon Prime Video, Paramount+, Disney+, GloboPlay, Star+, Lionsgate e HBO Max.

Dudu confessa que assina alguns serviços que nunca vê. “Tem muito tempo que eu não consigo pegar um aplicativo desses e te falar uma sequência de produções, mas também acho que não tenho tanto tempo (livre) para parar e ficar vendo muitas coisas”, conta.

“Eu assino porque eu acho que tenho a necessidade de ter, inclusive por conta do trabalho”, explica.

Escolher o streaming é realmente difícil, mas se você tem em mente mais ou menos o que gosta, é um bom caminho. “Ultimamente tenho visto muita série policial, de suspense e investigação. Eu assisto a todas praticamente”, diz Dudu. Segundo ele, como o Globoplay tem oferecido várias do gênero.

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De outro lado está o arquiteto e cenógrafo Igor Rodrigues de Carvalho, 28. Assim como Dudu, ele também é adepto de muitas assinaturas: oito plataformas. No entanto, acaba vendo mais apenas dois: HBO Max e AppleTV+.

“Apesar de o catálogo ser tão diferente entre os dois, vejo as duas plataformas como produtoras de conteúdo de muita qualidade, e que batem bastante com a minha personalidade, ou com o que gosto de ver nos momentos livres”, diz. “E não perco as levas de capítulos de Todas as Flores, do Globoplay, que uso basicamente pra isso”, continua.

O que ver?

Alguns serviços têm o mesmo programa, como a sitcom The Office, disponível na Netflix e no Prime Video. No entanto, de maneira geral, é possível traçar um perfil das plataformas a partir do conteúdo delas e, principalmente entre aquilo que é mais visto em cada uma.

  • No Globoplay, o destaque, naturalmente, são séries nacionais e as novelas da Globo, além de produções policiais ou médicas de sucesso como FBI: Os Mais Procurados ou The Good Doctor. A assinatura básica custa R$19,90 por mês.
  • A Netflix se destaca por seu conteúdo original, que costuma ser popular. Basta lembrar de Stranger Things e Wandinha. Recentemente a plataforma tem investido em conteúdo coreano, que faz muito sucesso no Brasil e outros países ocidentais. O plano mais simples com anúncios custa R$ 18,90 por mês.
  • A HBO Max se destaca pelas produções do canal, que são mais “sofisticadas”, e que costumam ter o “selo” HBO como Game of Thrones e a prestigiada Succession. São produções que costumam disputar e ganhar o Emmy, como The White Lotus. Também agrega filmes e séries da Warner, o que inclui o universo da DC Comics. O plano mensal multitelas custa R$ 34,90.
  • No Disney+ está todo o conteúdo da Disney, incluindo filmes e séries de Mickey e seus amigos, as histórias de princesas, musicais clássicos do estúdio, sejam live action ou animados, além do Universo Marvel e Star Wars. A assinatura mais simples custa R$ 33,90 por mês.
  • O Star+ também é da marca Disney, mas reúne filmes, séries e animações mais adultas. Os Simpsons, por exemplo, só está disponível lá. O plano mais simples custa R$ 40,90 a cada mês.
  • O Apple TV+ tem ganhado destaque com seu conteúdo original também um pouco mais sofisticado. Dá para dizer que seria o primo menos popular do HBO Max. Suas produções como Ruptura e Ted Lasso também têm feito barulho. A assinatura sai por R$ 14,90 por mês.
  • O Amazon Prime Video se destaca por seu conteúdo mais diverso, incluindo filmes e séries que foram populares no passado como Mad Men, Charlie’s Angels. Mas também há lugar para produções originais com mais investimento como Os Anéis de Poder, de 2022. Lá também dá para ter acesso a alguns jogos de futebol pagando a mais. A assinatura básica custa R$ 19,90 por mês.
  • Há plataformas menos populares, como o Mubi, que têm mais clássicos e filmes independentes, o Reserva Imovision, que vai na mesma linha, o Lionsgate, o Paramount+, entre outros.

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Entre as plataformas, a Netflix foi a pioneira e é a que possui mais usuários no Brasil. Foto: Christian Monterrosa/EFE/Arquivo

Cuidado com o bolso

Em um mundo ideal, seria bom ter acesso a cada uma das plataformas e ficar livre para escolher aquele do humor do momento. Mas assinar todas as maiores pode custar mensalmente cerca de R$ 180 (planos mensais e mais simples).

Dudu diz saber que pode assinar tantas plataformas pois tem uma situação financeira diferente da maioria da população brasileira. “Minha realidade é bem distinta e acho que meu trabalho também exige um pouco disso, então é bom eu ter, mesmo não assistindo muito”, comenta.

O roteirista chega a gastar cerca de R$ 200 por mês com assinaturas. A conta não é exata porque uma das formas que ele encontrou para economizar foi dividir algumas com amigos, pagar combo em outras ou fazer um plano anual para ter desconto. (Esse compartilhamento está na mira da Netflix, com ao cobrança por ponto extra.)

A planejadora financeira Elaine Tanabe explica que o caminho escolhido pelo roteirista é o que mais se costuma ver, principalmente se a pessoa tem uma segurança financeira. “Se a família tem uma renda compatível, que acomode bem esses consumos, ela só tira o potencial de fazer dinheiro em outras partes da vida, como sua aposentadoria”, comenta.

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Outra dica dela para economizar são os combos de assinatura. O Globoplay, por exemplo, permite que você assine só o conteúdo do streaming com direito à programação da Globo ao vivo. Mas também permite assinar com os canais a cabo, com o Premiere para ver o futebol, com Disney+ e Star+.

O Prime Video também oferece combos de assinatura com o Paramount+ e o Lionsgate e também o Premiere.

“O que eu quero provocar é uma reflexão: qual a melhor composição que me atende para ter acesso e que cabe no meu bolso”, pontua Eliane. Ela lembra que, às vezes, assinar tantas plataformas e se esquecer delas é jogar dinheiro pelo ralo.

Foi por saber disso que Igor resolveu cancelar duas plataformas que teve por um tempo. “Já assinei por uma época o Lionsgate e o Paramount+, mas acabei vendo uma ou duas produções e vi que não fazia sentido permanecer com eles”, conta o arquiteto, que também gasta em torno de R$ 200 por mês com streaming e diz não hesitar em cancelar outros caso o mesmo aconteça novamente.

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O ideal, mesmo, para não deixar de curtir as produções é, como indica Elaine, “fazer uso consciente, para não acabar adotando muitos”. Assumir uma inteligência financeira, que pode ser assinar uma, consumir a que está assinada, cancelar, assinar outra, ou assinar combos e ver o que melhor se encaixa no seu orçamento.

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