Novelinhas: Criadores de conteúdo produzem séries inteiras nas redes sociais

Plataformas de vídeos como Kwai e TikTok também se tornaram locais para publicar histórias de amor e policiais de curta duração

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Foto do author Daniel Silveira
Atualização:

Nem só de dancinhas, dicas de beleza e desafios sem sentido vivem as plataformas de vídeos como TikTok e Kwai. Se você já ficou arrastando o dedo na tela de seu celular, certamente também viu alguma cena que parece ter saído de uma série de TV ou novela mexicana. São vídeos com lições de moral, textos cheios de drama ou episódios de histórias completas. Tudo cabendo na palma da mão e durando poucos minutos - ou menos que isso.

Markelly &m Ação é como Markelly Oliveira, 27, é conhecida nas redes sociais, onde publica vídeos em que atua, roteiriza, produz e edita Foto: Taba Benedicto/Estadão

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Uma das mais famosas desse universo é Markelly Oliveira, também conhecida como Markelly &m Ação, nome com o qual aparece em todas as contas de suas plataformas (TikTok, Kwai e Instagram). Markelly viraliza com facilidade a cada vídeo em que aparece dramatizando cenas que, segundo ela, remetem a histórias que observa no dia a dia. “As ideias surgem de todos os lugares: em casa, olhando um casal, uma injustiça, notícias, filmes, novelas”, conta a produtora de conteúdo de 27 anos.

Mineira de Ilicínea, Markelly mudou-se aos 18 para São Paulo, sonhando com uma carreira artística. Sempre quis trabalhar com TV, dançou no balé do Faustão e fez alguns trabalhos como modelo. O sucesso veio através das novelinhas, que começou a produzir no final de 2021 e acabaram viralizando nas redes sociais. Alguns de seus vídeos, que ela roteiriza, dirige e atua, chegam a ter mais de 2 milhões de visualizações. No Kwai, onde ela tem 4,9 milhões de seguidores, a publicação intitulada Ele Humilhou Ela, que mostra um chá revelação em que um homem destrata a esposa porque a criança que ela espera é uma menina, já foi reproduzida por mais de 24 milhões de vezes.

Produção

Ao lado de Markelly estão centenas de outros perfis, muitos sem o mesmo sucesso que o dela. Alguns até se inspiram em seu conteúdo e copiam suas histórias. É a lei do algoritmo: se algo é “viralizável”, então será repetido à exaustão.

No entanto, alguns produtores, além de dedicados aos números de engajamento, também produzem conteúdos elaborados, com roteiro bem definidos, atores em cena, edição de qualidade.

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O ator, roteirista e diretor Felipe Reis tem cinco séries inteiramente feitas para o Kwai.  Foto: Tiago Queiroz / Estadão

É o caso do ator, diretor, roteirista e produtor Felipe Reis (@felipereis_fr). Ele foi um dos primeiros convidados a participar do Telekwai, projeto da plataforma “focado na criação de mininovelas originais em formato vertical com episódios de dois minutos”, como explica Antonio Abibe, diretor de Conteúdo e Parcerias do Kwai Brasil.

O caso de Felipe é diferente do de Markelly, porque o conteúdo que ele produz tem formato de seriado. É como abrir um serviço de streaming para acompanhar sua narrativa favorita. São deles as produções Distopia, Meu Chapa, Guru, Fala Comigo, Câmera de Insegurança e Golpistas!. Cada um tem um perfil único e segue uma dramaturgia própria; juntos, eles somam quase 840 mil seguidores.

Quando foi convidado para integrar o projeto, Felipe já tinha no currículo uma novela (primeira versão de Chiquititas), além de uma série produzida para o YouTube (Conversas de Elevador) e outra disponível no Prime Video (A Todo Vapor!). Com tanta experiência no audiovisual, o autor ficou mais com o desafio de produzir conteúdo com duração bem menor, formato vertical, além de outros comuns às redes, como o engajamento.

“Acho que a principal diferença está no roteiro. Golpistas!, Fala Comigo! e Câmera de Insegurança não são histórias fechadas por episódio, mas precisam ter micro finais em cada”, explica. Afinal de contas, pode ser que o algoritmo entregue um episódio aleatório da série e depois nunca mais. “Já Meu Chapa, Guru! é episódio fechado, assim, o desafio é contar uma história com começo, meio e fim em dois minutos”, continua.

O desafio não é exatamente novo, afinal de contas, o Festival do Minuto, mostra de cinema com filmes curtíssimos, existe desde 1991, muitos anos antes do YouTube ser criado, por exemplo. O que muda é o acesso a essas produções, de mais fácil alcance, porque estão disponíveis em celulares, e a ferramentas de captação e edição.

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“Todo mundo tem uma câmera na mão, não tem mais a desculpa de que não tem equipamento. Elas aprendem aplicativos de edição, agora está democratizado”, comenta Marcelo Masagão, cineasta e criador do festival de curtas.

Viralizou

A adaptação dos conteúdos dramatúrgicos também acabou se tornando viral. Com a aposta de plataformas como YouTube e Instagram nos vídeos verticais, tornou-se comum que produtoras e criadores explorassem o formato. O Porta dos Fundos, por exemplo, cotidianamente adapta seus vídeos para caber nos Reels do Instagram ou nos Shorts do YouTube. Ambos comportam vídeos curtos, que são cortes das esquetes.

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