‘Deserto Selvagem’: série da Apple TV mostra esforço de uma mulher tentando ser feliz a seu jeito

Patricia Arquette e Matt Dillon são Peggy e Denny, um casal com um péssimo histórico, mas apaixonado

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Foto do author Daniel Silveira
Atualização:

Quando Patricia Arquette entra em cena em Deserto Selvagem, a gente não sabe se ela está sóbria ou sob efeito de alguma medicação. E se estiver sóbria, talvez, em breve, não esteja. Peggy, sua personagem na nova série de comédia dramática da Apple TV+, é uma viciada.

Patricia Arquette como Peggy e Matt Dillon como Denny em 'Deserto Selvagem'. Foto: Apple TV+

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“Ela está lutando contra seu vício por drogas, está sóbria, mas faz uso de medicamentos”, conta a atriz em entrevista ao Estadão. Peggy é uma mulher gentil, simpática, dona de muitos sorrisos e que acredita que as coisas podem ficar bem mesmo quando tudo parece muito ruim. Mas ela carrega dores consigo, como um marido (ou ex) criminoso e a perda de sua mãe, que era sua melhor amiga.

Nos primeiros minutos de Deserto Selvagem, que estreou com três episódios na última semana, Peggy está em sua bela casa com piscina recebendo familiares para uma festa ao lado de sua mãe Roslyn (Bernadette Peters) e de seu marido, Denny, intepretado por Matt Dillon. Enquanto Denny faz um churrasco, Peggy e Roslyn organizam as coisas na cozinha, mais convidados chegam e, de repente, a polícia. Então, toda a família começa o protocolo de tentar esconder as drogas que estão na casa, mas obviamente não dá certo.

Algum tempo se passa e Roslyn está morta. “Peggy está de luto pela perda da mãe e está tentando se virar na vida”, continua Patricia. “Ela era a única pessoa que via Peggy como ela é, todos os seus desafios e como ela é inteligente, então perder a mãe é como perder sua melhor amiga”, conta a atriz em defesa de sua personagem que tem sua ingenuidade questionada o tempo inteiro por seus irmãos.

Desafios

É a maneira como ela lida com a vida solitária no deserto, que faz com que a gente compreenda suas recaídas e se afeiçoe a essa personagem. O deserto, nesse caso, é o californiano, tão presente na série que poderia ser destacado como personagem coadjuvante. “Peggy está sempre se distraindo de sua própria dor”, diz sua intérprete. E não faz isso apenas usando mais remédios, mas tentando ajudar outras pessoas.” Peggy é uma mãezona, menos para ela mesma.

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Seu calcanhar de Aquiles é mesmo seu marido, Denny, interpretado por Matt Dillon. “Ele é a fraqueza dela porque também é sua família”, explica Patricia. “Ele é um problema, um grande manipulador, mas seu coração está no lugar certo, ele ama Peggy”, defende Dillon, que divide cena com Patricia pela primeira vez nas telas. Ele é uma bagunça, segundo o ator, e combina perfeitamente com Peggy, que também não é a pessoa mais organizada do rolê.

Denny é um traficante que é preso no início da temporada, mas jura que está ressocializado. “Ele é um criminoso e não pode mudar isso, ressurge dizendo ser um cara espiritualista e praticando roubos”, continua Dillon. “Ele é loucamente apaixonado por ela”. “Cuidado com sua carteira”, grita Patricia durante a entrevista, deixando claro que a mudança de vida de Denny não é tão grande assim.

Matt Dillon é Denny na comédia dramática 'Deserto Selvagem'. Foto: Apple TV+

Do sorriso às lágrimas

Deserto Selvagem é leve, você vai rindo, rindo e, de repente, ela pode te fazer chorar. Um exemplo é a cena (olha o spoiler!) em que Peggy toma alguns remédios e, chapada, vai a um bingo, coisa que adorava fazer com sua mãe. Lá, ela se aproxima de uma mulher mais velha com quem brinca o tempo inteiro, lembrando dos bons momentos que teve com Roslyn. Então, percebemos que, por detrás de seus sorrisos ou da tentativa de parecer uma mulher forte e decidida, ela só queria ter a sua melhor amiga de volta.

Patricia Arquette está incrível como a mulher cheia de truques e mais ainda de boas intenções. Ela lembra uma espécie de Tanya (Jennifer Coolidge), de The White Lotus, com bem menos dinheiro e luxo. A série é uma ótima pedida para quem não se importa de chorar um pouco enquanto ri das tentativas da personagem de se dar bem que, como qualquer pessoa, só quer ser feliz a seu modo.

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