Depois de inúmeras tentativas frustradas de adaptar a obra de Frank Herbert, a Warner parece ter descoberto a fórmula para levar Duna às telas. Com dois filmes de sucesso lançados em 2021 e 2024, a franquia agora se expandiu para a TV com Duna: A Profecia, série transmitida pela HBO e pela plataforma de streaming Max. A produção já está renovada para um segundo ano.
Embora Duna tenha sido por anos considerada ‘inadaptável’, as suas influências na cultura pop são incontáveis. De Star Wars a Game of Thrones, passando por O Exterminador do Futuro e até pelos animes do Studio Ghibli, poucas são as ficções científicas que não beberam do trabalho de Herbert. Agora, os responsáveis por ampliar seu universo buscam conciliar a essência dele com a forma de introduzi-lo a novos espectadores.
“Acho que é uma questão de como trazer algo novo para os fãs de Duna, e também convidar pessoas que nunca tiveram contato com Duna antes para a série”, disse Alison Schapker, roteirista-chefe e produtora executiva de Duna: A Profecia, em entrevista ao Estadão. “Nós amamos explorar planetas que ninguém tinha visto, como Lankiveil ou Wallach IX, onde as irmãs estavam.”
Produtor-executivo da série, Jordan Goldberg também comemorou a exploração mais profunda da galáxia de Duna, mas admitiu que é necessário um equilíbrio para que a série não destoe da franquia. “O desafio é fazer o mesmo número de construções de mundo, que faça esses mundos parecerem reais, grandes e amplos. [Na série] não estamos em Arrakis, então estamos explorando diferentes planetas. Estamos em Wallach IX, estamos em Selusa Secundis, estamos em Caladan, em Lankiveil, estamos vendo diferentes lugares, encontrando novos personagens. Então temos que nos sentir como se a série pertencesse ao universo Duna. Ter essa estética, a estética que se encaixa no nosso figurino e no nosso design. Todas essas coisas são desafios, levam tempo, mas acho que conseguimos.”
Duna: A Profecia se passa milhares de anos antes dos eventos dos filmes, e é centrada na irmandade que seria conhecida como Bene Gesserit, um grupo de mulheres capazes de ver através das mais elaboradas mentiras, além de terem poderes de presciência e controle mental. Ao longo da série, suas membros influenciam jogos políticos para fortalecer seu poder dentro do império “Elas estão fazendo todos os tipos de coisas no Imperium que afetam o poder do Imperador, de maneiras que ele não sabe”, explicou Schapker. “Ele não sabe que elas também estão apoiando forças que estão trabalhando contra ele. Elas estão tentando impedir que o equilíbrio do poder penda para a tirania.”
Sem vilões ou mocinhos
Em Duna, poucos personagens se alinham na bússola moral de “bem” e “mal”. Intérprete do “vilão” Desmond Hart, Travis Fimmel elogiou a complexidade dos personagens de Duna: A Profecia. “Amo séries em que você ainda precisa descobrir de quem você quer ser amigo, quem você quer beijar, quem você quer matar. Eu aprecio a complexidade disso. Não tem um cara bom ou um cara ruim.”
“Às vezes [Desmond] faz coisas heroicas, às vezes vilanescas”, complementa Goldberg. “E o mesmo pode ser dito sobre essa rebelião. Às vezes ela faz coisas heroicas, às vezes vilanescas. Às vezes, ela é controlado por outra entidade.”
Leia também
“E eu acho que ele entende isso também”, seguiu, “porque a Irmandade está um pouco misturada com a rebelião. É real ou não real? E eu acho que ele tem que descobrir essas coisas. E esse processo de descoberta muda o Desmond ao longo da história.”
“É muito divertido escrever uma série política e também com pessoas que estão lutando por poder. E todos acreditam que eles são os únicos que devem ter o destino do Imperium em suas mãos”, opinou Schapker. “Eu tento muito apenas me afastar de qualquer um dos personagens e deixá-los agir do seu lugar de desejo. E é assim que eu tento tornar isso orgânico para a história.”
O último episódio da primeira temporada de Duna: A Profecia será exibido na Max e na HBO neste domingo, 22.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.