Imagine que você não pode confiar em ninguém. Nem nos seus pais, nos seus filhos, nos seus parceiros. Pior: nem mesmo nos super-heróis que, nos últimos anos, salvaram a Terra de inúmeras catástrofes. É justamente este o principal dilema de Invasão Secreta, série da Marvel que chega ao Disney+ nesta quarta-feira, 21 de julho, com lançamentos semanais.
A história acompanha Nick Fury (Samuel L. Jackson), superespião da Marvel, que, após os eventos vistos em Capitã Marvel, de 2019, percebe que a Terra foi invadida por Skrulls – aqueles alienígenas que podem assumir qualquer forma humana. E pior: nem todos são amigáveis como Talos (Ben Mendelsohn), com um grupo querendo destruir a humanidade para, enfim, tomar o controle da Terra. Obviamente, é preciso detê-los. Mas como?
Essa história, que advém de um dos principais arcos dos quadrinhos da Marvel Comics, não é uma novidade nem nos cinemas, nem na televisão. John Carpenter já contou algo semelhante com a aclamada ficção científica O Enigma de Outro Mundo e, antes disso, Philip Kaufman criou o caos com Invasores de Corpos. Na televisão, tem a paródia de Rick e Morty (no episódio Total Rickall) e a boa sacada O Pacificador, da DC, com As Borboletas.
Como a Marvel faz para se destacar dessas outras histórias? Simples: aposta em uma trama mais política e com toques de espionagem. “O tom da série é muito diferente”, diz Ben Mendelsohn, ator de Talos, um Skrull do bem, em entrevista ao Estadão.
É muito mais substancial. As circunstâncias aqui são muito sombrias. E Talos não pode se render. O mundo pesou muito sobre ele. Não é algo divertido e descontraído. Há momentos em que é divertido e descontraído, e isso é bom. Mas, é difícil. É um ambiente difícil, muito difícil.
Ben Mendelsohn
‘Invasão Secreta’ fala sobre fake news e refugiados
Isso fica evidente nos dois primeiros episódios, já conferidos pelo Estadão. Logo de cara, a série fala sobre fake news, desinformação, paranoia. Há complôs políticos – com extraterrestres – sendo armados em símbolos do poder dos Estados Unidos. Nem Nick Fury, com a ajuda de Talos, está seguro. Parece que o mundo todo se virou contra eles.
“Sinto que os temas que estamos discutindo aqui são realmente fundamentais para a humanidade. A ideia de refugiados, de encontrar um lar, é algo que está diretamente relacionado à quantidade de guerras e conflitos que temos. Quanto mais conflito houver, mais refugiados existirão”, questiona Emilia Clarke, conhecida como a Daenerys Targaryen de Game of Thrones e que faz sua estreia na Marvel como G’iah, filha de Talos.
Mas onde é o seu lar e quem tem o direito de escolher se é um lar ou não? E depois que eles estão lá, quais direitos eles têm em comparação com aqueles que já estavam lá antes? Esse é um tema realmente importante
Emilia Clarke
Ben, porém, lembra que a série também não precisa ser levada tão a sério. “É sempre importante lembrar que é uma peça de entretenimento e você pode assistir e se divertir com as emoções. Mas se você quiser mais, há muito o que oferecer, e acho que isso é o melhor. Ser capaz de se envolver e apenas relaxar e dizer ‘ah, eu adoro isso’ ou, então, pensar ‘isso é sobre isso’, e então poder ter uma discussão sobre isso, e assim por diante. Então, ambas as coisas são oferecidas”, afirma o ator de Talos.
“É maravilhoso ver esses personagens amados, nos quais você se importa tanto e já viu em tantas outras situações, lidando com essas questões fundamentais”, completa Emilia.
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