Irmãos Menendez: Netflix lança 2º ano de ‘Monstros’; conheça o caso real dos assassinos dos pais

Novo ano da série antológica contará a história que ocorreu nos anos 1990 nos Estados Unidos

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Por Julia Sabbaga
Javier Bardem e Chloë Sevigny interpretam os pais dos Irmãos Menendez, vividos por Nicholas Alexander Chavez e Cooper Koch em 'Monstros - Irmãos Menendez: Assassinos dos Pais' na Netflix Foto: Divulgação/Netflix

Monstros, a série antológica da Netflix sobre serial killers, estreou a sua nova temporada, focada no caso dos Irmãos Menendez. Depois de um primeiro ano focado em Jeffrey Dahmer, a produção volta para analisar a vida e julgamento de um dos casos mais escandalosos dos Estados Unidos, a dupla de irmãos acusados de matarem os pais.

Debatido até hoje, o caso dos irmãos Joseph Lyle e Erik Menendez deixou controvérsias pela defesa alegada pela dupla, de que o crime foi cometido após anos de abusos físicos, emocionais e sexuais por parte do pai, José Menendez. Confira os principais detalhes do caso.

A família Menendez

José e Kitty, retratados aqui na série Monstros, se casaram em 1963 e o empresário cubano teve uma carreira meteórica, assinando bandas como Menudo e Duran Duran para a gravadora RCA  Foto: Divulgação/Netflix

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Os pais de Lyle e Erik, José Enrique Menendez e Mary Louise “Kitty” Andersen se conheceram na universidade e se casaram em 1963. Ele havia deixado Cuba aos 16 anos e se formou como contador em Nova York.

Os dois tiveram o primeiro filho, Joseph Lyle, em 1968, e o segundo filho, Erik Galen em 1970. A família morou em Nova Jersey até que a carreira corporativa de José deslanchou e em 1986 eles se mudaram para Beverly Hills, na Califórnia.

Inicialmente um contador, José Menendez teve uma trajetória profissional meteórica: aos 35 anos ele era vice-presidente de operações da Hertz nos Estados Unidos e, um ano depois, se tornou diretor de operações do braço de gravadora da empresa de eletrônicos e telecomunicação RCA. Ali, ele foi responsável por expandir a coleção de música latina e esteve envolvido na contratação de bandas como os Menudos, Duran Duran e Eurythmics.

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A noite do crime

Na noite de 20 de agosto de 1989, Lyle e Erik atiraram seis vezes em José e dez vezes em Kitty, matando os dois. A dupla de irmãos não deixou a residência e esperou a polícia chegar para apresentar um álibi, dizendo que estavam vendo Batman no cinema e que ao retornarem encontraram os pais mortos na sala de estar. A polícia não duvidou do relato e não testou os irmãos para resíduo de pólvora, o que os teria incriminado imediatamente.

Inicialmente, a polícia investigou ligações com a máfia e procurou suspeitos que poderiam ter motivos para matar José e Kitty. Quando foi reportado que Lyle e Erik haviam gastado aproximadamente 700 mil dólares desde a morte dos pais (em apartamentos, viagens, carros e relógios), a polícia passou a suspeitar da dupla - apesar de relatos de familiares que diziam que Lyle e Erik sempre esbanjaram gastos.

A prisão

Com a suspeita, a polícia chegou a usar um amigo de Erik, Craig Cignarelli, para tentar arrancar uma confissão do jovem, mas Erik negou os crimes. O que eventualmente o levou a prisão foi ter contado do assassinato ao seu psicólogo, que contou para sua amante, que levou a história para a polícia.

Lyle foi preso em 8 de março de 1990 enquanto Erik estava em Israel. Três dias depois, ele retornou da viagem e se entregou à polícia.

O tribunal e a defesa de abuso dos irmãos Menendez

A série Monstros, da Netflix, retrata a vida e o julgamento dos Irmãos Menendez, condenados em 1996  Foto: Divulgação/Netflix

O julgamento dos Irmãos Menendez foi televisionado em 1993 e começou com a alarmente defesa dos dois, de que teriam matado os pais por temerem por suas vidas. Segundo a dupla, José Menendez era pedófilo, cruel e, nas mãos dele, os dois haviam sofrido abusos emocionais, físicos e sexuais. Lyle e Erik também descreveram a mãe como alcoólatra e viciada em drogas e que ela encorajava o comportamento do marido e era violenta com os filhos.

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No julgamento, Erik disse que os dois temiam por suas vidas depois de confrontarem o casal juntos. De acordo com o depoimento do acusado, José Menendez ameaçou matar os filhos se eles não mantivessem o abuso em segredo.

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Lyle e Erik receberam apoio de dois familiares: o primo, Andy Cano, testemunhou que Erik já havia relatado o abuso para ele, e Diane Vander Molen, prima, disse que Lyle havia reportado as ações do pai e que ela chegou a confrontar Kitty, mas a mãe dos meninos ficou do lado do marido e duvidou das alegações. Durante todo julgamento, a promotoria alegou que os irmãos teriam matado os pais pela herança.

O veredito

Os Irmãos Menendez passaram por dois julgamentos e três júris, depois que os dois primeiros grupos de jurados acabaram em um impasse. Em um novo julgamento, que não teve transmissão na televisão, o juiz Stanley Weisberg impôs um limite nas alegações de abuso sexual e os irmãos acabaram condenados por conspiração de assassinato e homicídio. O último júri também rejeitou a teoria do abuso e acreditou que Erik e Lyle mataram seus pais por motivos financeiros. Lyle e Erik foram sentenciados a prisão perpétua.

As apelações e novas evidências

Monstros: Irmãos Menendez: Assassinos dos Pais está disponível na Netflix Foto: Divulgação/Netflix

Desde 1998, os Irmãos Menendez entram com recursos e apelações para a revisão do caso. Eles foram repetidas vezes rejeitados pelo sistema judicial dos EUA.

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Em 2023, o caso ganhou uma nova camada quando Roy Rossello, ex-integrante do Menudo, alegou ter sido estuprado por Jose Menendez quando tinha 14 anos. Em uma nova petição, a defesa incluiu também uma carta enviada por Erik para o primo, Andy Cano, oito meses antes do assassinato. O documento descreve o sofrimento e o segredo mantido: “Eu nunca sei quando vai acontecer e está me deixando louco. Toda noite eu fico acordado achando que ele vai entrar”, escreveu Erik. “Ele é louco! Ele me avisou centenas de vezes para não contar para ninguém, especialmente Lyle”. A carta foi descoberta em 2018 pela irmã mais nova de José Menendez, que entregou para um jornalista, que avisou a defesa dos irmãos.

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