Miley Cyrus e sci-fi: Roteirista explica a visão por trás da nova temporada de ‘De Volta aos 15′

A última fase da série estrelada por Maísa e Camila Queiroz promete trazer mais diversidade e retratos da vida universitária brasileira; produção acaba de estrear na Netflix

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Foto do author Larissa Burchard
Atualização:
Foto: Liel Marín/Divulgação
Entrevista comLuíza FazioRoteirista

Com mais dramas e novos personagens, a terceira e última temporada da série De volta aos 15 estreou seus seis episódios nesta quarta, 21, na Netflix. Agora, a personagem Anita (Maísa/Camila Queiroz) volta no tempo para o ano de 2009 e precisa enfrentar os perrengues da vida universitária com seus amigos.

Mais diversidade e conflitos complexos são o que os novos episódios trazem, como conta a roteirista da série Luíza Fazio. ‘A maior diferença é que são jovens de 18 anos, sem a presença dos pais e lidando com os amigos, com as dificuldades da faculdade e com o medo do futuro’, explica. A série ambientada nos anos 2000 é inspirada no livro homônimo da escritora Bruna Vieira e tem nomes de peso como Larissa Manoela, João Guilherme, Klara Castanho e Gregório Duvivier.

Luíza é uma das roteiristas do grupo composto por Vitor Brandt, Amanda Jordão, Gautier Lee, Ray Tavares e André Hanks. Inspirados na música The Climb, lançada em 2009 por Miley Cyrus, os profissionais buscaram diferentes referências para retratar melhor a juventude brasileira que sai de casa para estudar. “Agora elas moram juntas. Então, são problemas clássicos como a pessoa que era designada a fazer a faxina da semana e não fez, a louça que vai empilhando... e cada uma mostra uma personalidade que não sabia que tinha”, conta.

Em conversa com o Estadão, Luíza fala dos bastidores da criação da terceira temporada de De Volta aos 15.

A nova temporada volta no tempo para 2009, com Anita aos 18 anos. O que a gente pode esperar de diferente?

Eles não estão mais na escola, estão na faculdade e nós tentamos retratar uma universidade federal. Então, é uma universidade pública onde você tem uma liberdade que você não tinha na época da escola. Elas moram numa república e todo mundo tem problema de grana. Acho que a maior diferença é que são jovens de 18 anos, sem a presença dos pais e lidando com os amigos, com as dificuldades da faculdade e com o medo do futuro - e também com bebida alcoólica, com festas. Tem sempre conflitos, triângulos e quadrados amorosos.

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A série sempre teve a preocupação de trazer mais diversidade e personagens da comunidade LGBTQA+. Como vocês trabalham isso na terceira temporada?

Nós temos uma representação bem legal de personagens gays e trans. A Camila é incrível durante a temporada, mas essa é a temporada das lésbicas - pelo menos para nós. Nós queríamos trazer um conceito que fosse mais do que só a descoberta, que já vimos muito. Queríamos trazer dramas amorosos, corações partidos, tratar de desejo, de dúvidas sobre com quem você vai ficar, quem é o seu amor de verdade ou quem não é.

Nós consumimos muitas produções americanas quando estamos falando de vida universitária. Qual retrato da vida universitária brasileira vocês trazem?

Sim, eu acho que essa foi uma grande preocupação para a gente porque, enquanto brasileiros, temos muita referência de filmes de universidade americana, não? As fraternidades, o jogo de futebol, os bailes e todas essas coisas. Porém, aqui o que a gente tem são repúblicas. Nós não temos isso de você morar na faculdade. As pessoas alugam casas ou apartamentos. Pensamos em tudo o que é tradicional dessas séries americanas para não reproduzirmos sem querer. Então, pensamos nas nossas próprias vivências universitárias para trazer o que é essencialmente brasileiro, como os trotes, os tipos de aula, os campi, as greves.

Novos personagens trazem mais conflitos para a vida da personagem Anita, interpretada na juventude por Maísa Foto: Divulgação Netflix

O que podemos esperar sobre o amadurecimento da personagem Anita, interpretada pela Maísa e pela Camila Queiroz?

A Anita vai ter a disputa com os ships, Joel e Fabrício. Então tivemos que ter um desfecho para essa disputa acirrada na internet e ela ainda vai amadurecer muito. Nessa temporada, ela vai ter que lidar com coisas muito mais tensas e reviravoltas muito maiores. Porque quando você fica viajando no tempo sem controle, vendo sua vida mudar drasticamente de uma viagem para outra, sem poder fazer nada, uma hora você pira. Ela vai ter que lidar com questões de sobrecarga mental e chegar no ápice do seu limite nessa temporada porque não tem o controle sobre a própria vida. E ela vai aprender que às vezes você realmente não tem como controlar sobre o que acontece com você.

E quais referências vocês usaram para criar a terceira temporada?

Consumimos muitas coisas relacionadas a viagem de tempo, o sci-fi, como o clássico De Volta Para o Futuro, e a série Iluminadas, da Apple TV com o Wagner Moura, que é sobre um serial killer que viaja no tempo e tem um tema super denso, mas cujos mecanismos de viagem no tempo foram muito úteis para a gente. As referências de universidade, como Greek, mas vendo o que era semelhante e diferente entre a vida universitária americana e a brasileira. Também foi muito importante o filme Quatro Amigas e um Jeans Viajante, que é muito fofo e a nossa música tema para a gente escrever a temporada foi The Climb, da Miley Cyrus.

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