A Netflix estreia nesta quinta-feira, dia 21, O Problema dos 3 Corpos, série de nome estranho que surge como a grande aposta da plataforma para as próximas temporadas de premiações. A produção tem ainda outro desafio: garantir a permanência dos assinantes no serviço.
Cercado de expectativas do público, o projeto é a adaptação de um livro tido por fãs de ficção científica como uma das melhores e mais importantes sagas dos últimos anos.
O que também eleva a ansiedade dos entusiastas do gênero é o envolvimento de D. B. Weiss e David Benioff. Difícil associar os nomes às pessoas? Os roteiristas, que também atuam como produtores, são ninguém menos que os responsáveis por Game of Thrones, uma das séries de maior sucesso de todos os tempos.
Eles agora assumem o primeiro projeto oficial para a TV desde o fim da renomada saga de dragões da HBO. Ao lado de Alexander Woo, roteirista de True Blood, eles transpõem para a tela o primeiro romance da trilogia Lembranças do Passado da Terra, escrito por Liu Cixin, que venceu o prêmio Hugo, maior honra de literatura de ficção científica, em 2015.
Entenda a trama
A história de O Problema dos 3 Corpos começa em Pequim, no ano de 1966. Por lá vive Ye Wenjie, uma astrofísica promissora que precisa testemunhar a execução pública do próprio pai. Anos mais tarde, a trama introduz a ocorrência de suicídios de cientistas renomados ao redor do mundo, deixando um rastro de corpos e de pistas misteriosas.
O que conecta esses dois cenários é uma temida ameaça causada pela presença de alienígenas na Terra, que passa a ser investigada por cinco ex-colegas do departamento de física da Universidade de Oxford.
A sinopse pode até parecer complicada e ambiciosa, mas os integrantes do elenco garantem que o público não terá muita dificuldade em acompanhar. É o que afirma a atriz Zine Tseng, que interpreta Ye Wenjie na primeira linha do tempo.
“D. B. Weiss e David Benioff fizeram um excelente trabalho na adaptação do primeiro livro, facilitando muito o entendimento para quem vai assistir”, disse ela em entrevista ao Estadão. A sugestão de Zine é para que os telespectadores maratonem os episódios. “Vai fazer toda a diferença na hora de conferir a primeira temporada”, sugere.
Apesar da dica, é importante saber que a série exige comprometimento. As respostas para muitos dos mistérios e o desenvolvimento das tramas principais só começam a aparecer mais claramente a partir do meio da primeira temporada – o que requer mais paciência por parte dos telespectadores mais ansiosos.
Grande aposta da Netflix
Explicar o desenvolvimento da trama sem revelar spoilers é desafiador, mas, de forma geral, os oito episódios exploram conspirações governamentais, enigmas científicos, guerras e conflitos de sociedades secretas. Tudo sob a perspectiva de um elenco diversificado de personagens e muitas reviravoltas, dois traços característicos que ajudaram a tornar Game of Thrones um grande sucesso.
Será que o raio vai cair duas vezes no mesmo lugar? Para Eiza González, intérprete da cientista Auggie Salazar a expectativa é outra. “Quando você está do outro lado das câmeras em um projeto, você não pensa no sucesso imediato ou não. É quase como se fosse o seu bebê. Você não se importa se ele é o mais lindo da Terra, mas sim se ele está respirando, andando, e em como protegê-lo”, pontua. “No fim das contas, estamos mais ansiosos para o fato de que as pessoas finalmente vão assistir à série, já que foi um processo muito trabalhoso até chegar aqui”.
A perspectiva da indústria é diferente: os holofotes estão todos virados para o lançamento. Especialmente porque O Problema dos 3 Corpos surge agora que The Crown – um dos principais trunfos da plataforma – encerra a participação nas corridas do Emmy e do Globo de Ouro.
Com um orçamento robusto de aproximadamente US$ 160 milhões (quase R$ 800 milhões na cotação atual), a adaptação tem a responsabilidade de manter os assinantes da Netflix engajados, especialmente após a plataforma atingir o maior número de clientes desde sua chegada ao mercado, no final de 2023. Este é um desafio e tanto em meio à competição cada vez mais intensa do setor.
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