THE NEW YORK TIMES - As séries de 2023 foram como nado sincronizado. Abaixo da superfície, tinha muita agitação. As greves de roteiristas e atores paralisaram grande parte do ano de produção. A ressaca da farra corporativa nas plataformas de streaming gerou cortes e cancelamentos. Várias séries de primeira linha saíram do ar, sem nenhum plano claro sobre sua, digamos, sucessão.
Mas, acima da linha d’água, a dança seguiu seu passo. Como sempre, foi um desafio reduzir minha lista de final de ano às 10 melhores. (Então escolhi 11). Como sempre, fiz a lista em ordem alfabética (em inglês), não classificatória. Como sempre, estabeleci a regra de não repetir as séries do ano anterior e, como sempre, quebrei essa regra. (Não poderia deixar de incluir Reservation Dogs).
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E, como sempre, provavelmente deixei passar algumas coisas: tenho o mesmo número de horas no dia que você, mesmo que passe mais horas na frente da tela. Então aqui vai o melhor do que vi, para você ter aquele prazer que é adicionar algo à sua lista – JAMES PONIEWOZIK.
Algumas séries não estão disponíveis nos catálogos dos serviços de streaming do Brasil
Melhores séries de 2023
- O Urso (FX)
Quando The Americans estava no ar, eu dizia que era bom ela ter ficado em primeiro lugar na minha lista em ordem alfabética, porque provavelmente era a série que ficaria em primeiro lugar de todo jeito. Agora O Urso tem esse lugar de destaque (pelo menos até Abbott Elementary voltar à minha lista). Depois de uma estreia muito elogiada em 2022, a comédia dramática subiu de nível, explorando a disfunção vulcânica de sua família central e celebrando o cuidado e a alimentação como uma vocação quase espiritual. É uma série em fogo alto. (No Star+).
- Treta (Netflix)
Treta foi uma boa história sobre pessoas ficando doidas e furiosas: Amy Lau (Ali Wong) e Danny Cho (Steven Yeun), cujo encontro violento na estrada se transforma num atoleiro de escolhas terríveis. Mas foi uma ótima história sobre por que as pessoas ficam assim. Descascou a cebola ardente do seu conflito para expor diferenças de classe, ressentimentos familiares e tensões inter e intragrupais entre as suas personagens asiático-americanas, numa narrativa implacável, mas empática. Uma coleção grande o suficiente de últimas gotas, disse Treta, pode inundar uma casa. (Na Netflix).
- The Curse (Showtime)
Assim como as casas ecológicas que seus dois personagens principais constroem, The Curse é uma criação polarizadora. A colaboração entre Nathan Fielder e Benny Safdie, com uma atuação deslumbrante de Emma Stone, é profundamente incômoda. É também um estudo fascinante, original, astuto, assustador – e engraçado! – sobre culpa, casamento e altruísmo ignorante. Entre nesta casa mal-assombrada se tiver coragem, mas tome cuidado. (No Paramount+).
- Gêmeas - Mórbida Semelhança (Amazon Prime Video)
Ficamos sem paciência para tantos remakes, reboots e adaptações em 2023. Gêmeas - Mórbida Semelhança foi uma exceção sangrenta e brilhante. Rachel Weisz – interpretando ginecologistas gêmeas numa versão trocada de gênero do papel de Jeremy Irons – e a escritora Alice Birch entregaram uma reimaginação verdadeiramente original dessa história que manteve o horror e ao mesmo tempo acrescentou uma visão contemporânea da arrogância científica e da grana dos grandes laboratórios. (No Amazon Prime Video).
- I’m a Virgo (Amazon Prime Video)
A sátira de Boots Riley foi ao mesmo tempo fabulística e fabulosa. Por meio das desventuras e explorações de Cootie (o maravilhoso Jharrel Jerome), um adolescente de 4 metros de altura em Oakland, Califórnia, Riley personificou a ideia do jovem negro como ameaça enquanto contava uma história selvagem, política e implacavelmente divertida incorporando mitologia de super-heróis e crítica anticapitalista. A série se esforçou para controlar suas ambições descomunais, mas foi a prova de que sempre vale a pena mirar muito alto. (No Amazon Prime Video).
- Jury Duty (Amazon Freevee)
Assim como a convocação para um júri, esta comédia inovadora foi uma surpresa. Só que agradável. Um cidadão desavisado, Ronald Gladden, foi chamado para atuar num caso fictício, juntando-se a um júri de falsos pares interpretados por atores (além do ator James Marsden, interpretando a si mesmo). Milagrosamente, a produção realizou o elaborado “julgamento” sem revelar seu disfarce. E, maravilhosamente, o que poderia ter soado como uma piada cruel acabou sendo um teste de decência hilariante no qual Gladden se saiu com charme e integridade. (No Amazon Prime Video).
- The Last of Us e Alguém Em Algum Lugar (HBO)
Você pode achar que um thriller sobre apocalipse zumbi não tem nada em comum com um relato de amizades, vida queer e música de cabaré. Mas essas séries tão diferentes da HBO apresentaram duas das grandes duplas de 2023. (Cada uma delas com um Joel!) Em Last of Us, Pedro Pascal e Bella Ramsey estrelaram como Joel e Ellie, uma dupla forçada a pensar no que sacrificariam para salvar a humanidade. A segunda temporada de Algum Lugar testou o vínculo de Sam (Bridget Everett) e Joel (Jeff Hiller) numa história cativante de excêntricos do interior. Uma série respingou mais sangue do que a outra, mas as duas tiveram coração de sobra. (No HBO Max).
- Reservation Dogs (FX)
É justo que a última temporada desta comédia, ambientada numa reserva indígena em Oklahoma, tenha um enredo que envolve vida extraterrestre. Foi a história de uma pequena comunidade que, ao longo de três temporadas, conseguiu preencher um universo inteiro. Um raro enredo de amadurecimento que funciona tão bem com seus personagens mais velhos quanto com seus protagonistas jovens. Fiquei com o coração transbordando e os olhos querendo mais. (No Star+).
- South Side (Max)
O que é um “ano”, na real? Sim, leitores mais atentos vão notar que a temporada final desta comédia foi ao ar no final de 2022, mas chegou tarde demais para minha lista do ano passado. Ao longo de suas poucas três temporadas, South Side expandiu uma comédia de local de trabalho sobre uma loja alugada em Chicago para um universo fantástico de excêntricos, golpistas e policiais infelizes. A temporada final embalou ideias que dariam para encher anos de episódios numa explosão final de construção de mundo surreal. (No HBO Max).
- Succession (HBO)
Tal como o império da família Roy, a última temporada desta saga corporativa dominou todos os meios de comunicação disponíveis. Mas a saturação de cobertura foi merecida. O drama seguiu seus instintos sombrios até o fim, dando uma despedida épica ao patriarca Logan Roy (Brian Cox) e fazendo jus ao título na luta dos herdeiros por seu legado. A briga entre altos executivos – na qual a democracia americana foi um dano colateral – conseguiu ser cinicamente satisfatória e profundamente emocional. O dinheiro não poderia comprar a felicidade dos Roy, mas sua miséria não tinha preço. (No HBO Max).
Menções honrosas: Barry (HBO); Blue Eye Samurai (Netflix); Dave (Star+); Happy Valley (BBC America); How To With John Wilson (HBO); I Think You Should Leave with Tim Robinson (Netflix); Killing It (Peacock; indisponível no Brasil); Minx (Starz; indisponível no Brasil); Mrs. Davis (Peacock; indisponível no Brasil); Party Down (Lionsgate+); Planeta dos Abutres (HBO Max); The Traitors (Peacock; indisponível no Brasil).
Falhas, mas fascinantes: Fundação (Apple TV+); Olá, Amanhã! (Apple TV+); O problema dos 3 corpos (Netflix); A Roda do Tempo (Amazon Prime Video).
Melhores séries internacionais
Nunca é demais enfatizar: a proliferação desenfreada de séries, especialmente as importadas, faz com que a palavra “melhor” no topo de qualquer lista seja uma mera aproximação nebulosa de, você sabe, melhor. Aqui estão 10 séries de fora dos Estados Unidos de que gostei bastante em 2023, em ordem alfabética – MIKE HALE
- A Spy Among Friends (MGM+)
Esta variação lânguida, mas contundente, de thriller de espionagem dramatizou o fim da amizade entre Kim Philby, o espião britânico que era agente duplo dos soviéticos, e Nicholas Elliott, o colega espião enviado para trazer Philby de volta e depois suspeito de traição quando Philby escapou. Escrito por Alex Cary (Homeland) e baseado no livro de Ben Macintyre, foi um jogo de quebra-cabeça inteligente e complicado e uma dissecação gélida do sistema de classes britânico. Acima de tudo, foi um tour de force para Guy Pearce como Philby, Damian Lewis como Elliott e Anna Maxwell Martin como uma agente fictícia no meio do fogo cruzado. (No MGM+; indisponível no Brasil).
- C.B. Strike (Max)
O relacionamento entre Tom Burke, como o rude detetive particular britânico Cormoran Strike, e Holliday Grainger, como sua assistente e depois colega investigadora Robin Ellacott, sempre foi motivo mais que suficiente para assistir a esta série baseada nos romances de mistério de J.K. Rowling (publicados sob o nome de Robert Galbraith). O equilíbrio entre investigação e romance espinhoso está próximo do ideal. A quinta temporada, baseada no livro Troubled Blood, combinou um conjunto de crises familiares com um mistério surpreendente envolvendo o caso do desaparecimento de um médico de 40 anos. (No HBO Max).
- Happy Valley (BBC America)
O épico íntimo e cotidiano de Sally Wainwright sobre a luta de vida ou morte entre uma policial de Yorkshire e seu inimigo, o sociopata calmo e brutal que também era o pai de seu neto, chegou ao confronto final na terceira e última temporada. Sarah Lancashire e James Norton foram incríveis até o fim, junto com Siobhan Finneran como a irmã ruinosa e redentora da policial. (No AMC+ e Acorn TV; indisponível no Brasil).
- Oshi no Ko (Hidive)
Com ídolos, dramas de TV, reality shows de namoro, musicais de anime, modelos, estrelato no YouTube, escolas de artes cênicas, jornalismo de celebridades e assédio online, esta série animada oferece um relato quase em estilo documentário do sucesso na indústria de entretenimento japonesa. Por ser um anime alegre e meio bobo, seus relatos sombrios e sérios de luta e exploração dividem espaço com romance adolescente e um mistério de assassinato. Seu herói e heroína são um jovem médico e sua paciente adolescente reencarnados como bebês gêmeos de um cantor pop que eles idolatravam. (No Hidive; indisponível no Brasil).
- Paris Police 1905 (MHz Choice)
O mais recente destaque da rede francesa Canal+ (progenitor de Spiral e The Bureau) é uma série policial que funciona como um panorama da sociedade francesa numa época em que mudanças esmagadoras resultam em conservadorismo e privilégio arraigados. (A primeira temporada era intitulada Paris Police 1900). O enredo da nova temporada deste melodrama que combina um sangue frio terrível com o humor mais seco é movido pela sífilis, pela homofobia e por uma nova ameaça mortal, o automóvel. (Na MHz Choice; indisponível no Brasil).
- Slow Horses (Apple TV+)
A segunda temporada desta série britânica maravilhosamente sardônica sobre um grupo de agentes do MI5 desajustados e com a carreira estagnada (que estreou em 2 de dezembro de 2022, depois do aparecimento destas listas do ano passado) foi, no mínimo, melhor do que a primeira – seu mistério ficou mais sinuoso e sua ação, mais tensa e chocante. A terceira temporada, hoje em andamento, é um pequeno retrocesso – a contagem de balas aumenta, o que é sempre um mau sinal – mas a média das duas temporadas ainda é muito alta. (No Apple TV+).
- Somewhere Boy (Hulu)
Nos seus flashbacks, este drama compacto é uma fábula sombria: um marido galês enlutado, com medo de perder também o filho, mantém o menino em cativeiro, dizendo-lhe que o mundo fora de sua casa isolada é povoado por monstros. No presente, é uma história adstringente de amadurecimento, pois Danny (Lewis Gribben), agora quase adulto, emerge num mundo real confuso, decepcionante e igualmente assustador. Gribben e Samuel Bottomley, como o primo repentinamente encarregado de ser o protetor de Danny, estão excelentes. (No Hulu; indisponível no Brasil).
- 30 Monedas (Max)
“É tudo bem incompreensível”, diz um personagem sobre os acontecimentos da segunda temporada do thriller teológico apocalíptico de Álex de la Iglesia. “Mas a vida também é incompreensível”. Este é o espírito certo para assistir à série extravagante de la Iglesia sobre um punhado de pessoas comuns, ainda que, em alguns casos, extraordinariamente atraentes: um prefeito de cidadezinha, uma veterinária, um ex-policial, um caça-fantasmas do YouTube. Todos eles lutam contra Satanás, o Vaticano, Paul Giamatti (como um líder de culto ao estilo de L. Ron Hubbard) e talvez até mesmo Deus pelo destino do mundo. (No HBO Max).
- Um Lobo Como Eu (Peacock)
A encantadora e às vezes extremamente sangrenta comédia dramática australiana de Abe Forsythe é um relato comovente e cômico de uma família misturada em que parte da mistura é um lobisomem. Isla Fisher está incrível como loba sensata, Mary, que passou a segunda temporada grávida de seu namorado humano (Josh Gad). O suspense do final da temporada promete mudar radicalmente a série. (No Amazon Prime Video).
- Iosi, o Espião Arrependido (Amazon Prime Video)
O escritor e diretor argentino Daniel Burman baseou este drama envolvente na história real de um agente do governo que se infiltrou na comunidade judaica de Buenos Aires nos anos que antecederam os horríveis atentados terroristas que atingiram essa comunidade no início da década de 1990. Ao longo de duas temporadas, sua representação do antissemitismo automático e paranoico do establishment do país é ainda mais arrepiante por ser totalmente prosaica. (No Amazon Prime Video).
Melhores séries que terminaram
Este ano trouxe alguns finais épicos e algumas séries injustamente interrompidas no auge, algumas mortes lentas e alguns fins significativos, mas (para os fãs) prematuros. É meu lamento todo fim de ano.
Para se qualificar para minha lista, organizada abaixo em ordem alfabética (inglês), as séries tinham de ir ao ar em 2023 (ou quase) e também terminar oficialmente. O limbo da renovação é inimigo tanto dos fãs quanto da criadora da lista. Minisséries e séries limitadas não contavam (graças a Deus), e considerei as séries na totalidade, não apenas suas temporadas finais – MARGARET LYONS.
- Barry (HBO)
Bill Hader co-criou, estrelou e dirigiu a maior parte desta comédia de assassinato, que estava entre os programas mais taciturnos e violentos da televisão, mas ainda borbulhava com diálogos rápidos e sátiras vigorosas. Mas as sequências virtuosísticas de ação e as coreografias das lutas eram só uma parte de seu apelo. Barry descobrindo o amor e a aptidão para atuar; o relacionamento com seu grandioso mentor, Gene (Henry Winkler); seu romance abusivo com Sally (Sarah Goldberg) – todas essas facetas maravilhosas refratam a luz através de uma joia escura. (No HBO Max).
- Doom Patrol (Max)
As duas primeiras temporadas desta série são muito melhores que as duas últimas, mas, cara, são muito divertidas. Embora muitos dos quadrinhos sejam banais, didáticos e redundantes, Doom foi estridente, boba, maliciosa – mas com uma melancolia de conto de fadas e um coração pulsante e verdadeiro. Foi suja e engraçada, não particularmente apegada a sempre fazer sentido, cheia de uma estranheza vibrante que permitia tanto o humor imaturo quanto a tristeza e a saudade ricamente retratadas. (No HBO Max).
- The Great (Hulu)
Poucos programas extraem tanto de cada fibra de sua existência quanto The Great: cada linha, cada gesto, cada chapéu, cada prato transmitia algo rico e empolgante, uma bailarina contando uma tragédia inteira só inclinando o mindinho. Elle Fanning e Nicholas Hoult cultivaram um sentimento eletrizante de ameaça e depois um amor real, mas confuso, entre Catarina, a Grande, e Pedro III. Muitos dramas de época parecem entradas de Wikipédia caras e sem graça, mas The Great, com sua irreverência e talento artístico, esteve viva a cada passo. (No Lionsgate+).
- Happy Valley (BBC America)
Happy Valley estreou em 2014, quando o gênero estava mais na moda, mas nunca foi só uma série de ruína e assassinato. Sarah Lancashire estrelou como Catherine Cawood, uma sargento da polícia em West Yorkshire ainda atormentada pelo suicídio da filha e criando o neto à sombra dessa dor. Enquanto muitas séries policiais tristes destroem seus personagens, Valley sempre buscou profundidade e plenitude – os personagens fazem piadas, os relacionamentos têm textura, as escolhas têm peso emocional. (No AMC+ e Acorn TV; indisponível no Brasil).
- How To With John Wilson (HBO)
Esta fascinante série sempre pareceu um pouco frágil demais para este mundo cruel, suas reflexões ternas e sua curiosidade estranha, mas reverente, levando a momentos de ressonância humana que eram tão adoráveis que pareciam quase dolorosos. John Wilson remontou seus catálogos obsessivos da cidade de Nova York (e às vezes de outros lugares) em poemas sobre anseio, amadurecimento, pertencimento, mudança – fragmentos de minúcias que resultavam num lindo e esclarecedor soco no estômago. O final desta série dói mais do que a maioria, porque nunca haverá nada igual. (No HBO Max).
- The Other Two (Max)
Ao longo de suas três temporadas, The Other Two foi cínica e maliciosa, ao mesmo tempo em que manteve uma pequena brasa de doçura acesa o tempo todo. Heléne Yorke e Drew Tarver estrelaram como os irmãos mais velhos de um ídolo adolescente que também desejam os holofotes à sua maneira. A série adorava zombar de sua sede de fama e, especialmente, ridicularizar o vazio de grande parte da indústria do entretenimento e da mídia. O episódio da terceira temporada sobre uma peça chamada ‘Oito gays com AIDS: um poema em muitas horas’ é um deleite especial. (No HBO Max).
- Reservation Dogs (FX)
Reservation Dogs estava tão impregnada de morte e ausência que talvez eu não devesse me sentir tão triste com seu fim depois de apenas três temporadas. Talvez eu devesse internalizar uma das ideias centrais da série: o fim de uma vida não é o fim de um relacionamento. Talvez um dia eu seja assim tão otimista, mas por enquanto ainda estou chateada! Em sua vida curta, esta série sobre o amadurecimento entre nativos adolescentes em Oklahoma foi tão linda, surpreendente e ágil quanto possível na TV – engraçada e caprichosa, ousada e importante. (No Star+).
- Single Drunk Female (Freeform)
Este é um dos nossos espécimes injustamente cancelados este ano, cortado em plena floração. Na primeira temporada, conhecemos Sam (Sofia Black-D’Elia) quando ela chegou o fundo do poço, foi morar com sua mãe difícil, entrou nos Alcoólicos Anônimos e tentou sair do desespero. Na segunda temporada, a série, assim como Sam, encontrou um equilíbrio, e sua abordagem calorosa deixou os temas sombrios mais acessíveis ao público jovem do Freeform e a qualquer pessoa cansada das comédias tristes que ainda queria algo com profundidade. Para piorar a situação, a Disney, dona do Freeform, também retirou o programa de suas plataformas de streaming. (Para compra no Amazon Prime Video; indisponível no Brasil).
- South Side (Max)
Esta é a nossa entrada com asterisco deste ano: South Side não foi ao ar em 2023, mas sua terceira e última temporada saiu em dezembro de 2022, depois que a lista do ano passado foi publicada, e seu cancelamento só foi anunciado oficialmente em fevereiro deste ano. Então está na lista por conta de vários detalhes técnicos. E também porque foi muito engraçada, com uma das maiores taxas de piadas por minuto de qualquer série contemporânea. Ambientada no lado sul de Chicago, South Side tinha um dos mundos mais desenvolvidos da televisão, onde personagens que estavam na tela só por uma ou duas falas ainda pareciam bem integrados. (No HBO Max).
- Succession (HBO)
Enfim... é Succession. Podem me enterrar na fineza de seus tecidos e crueldades, na sua fascinante capacidade de retratar os personagens como piñatas cheias de mais vazio, nas suas réplicas sujas e no seu talento para os detalhes. Uma série assim tão grandiosa também tinha de ser grande, e matar Logan não como desfecho, mas sim como parte da urgência turbulenta de seus últimos episódios. (No HBO Max).
Menções honrosas: A Black Lady Sketch Show (HBO); Miracle Workers (HBO Max); Painting With John (HBO Max); Sex Education (Netflix); Summer Camp Island (Cartoon Network).
Este artigo foi originalmente publicado no New York Times.
/ TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU
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