Qual é a diferença entre dorama e drama?

A cultura em torno de cada termo reflete suas diferenças: dorama é asiático e drama é ocidental, com linguagens narrativas distintas; entenda as nuances

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Por Beatriz Nogueira
Atualização:

A crescente popularidade das produções televisivas asiáticas tem criado confusão sobre as diferenças entre os doramas japoneses e os dramas ocidentais. Para compreender melhor esses conceitos, é fundamental explorar suas origens, formatos e as expectativas do público ao consumir o gênero.

A popularidade das series asiáticas no Brasil é incontestável, mas nem todos entendem o repertório cultural que as envolvem. Foto: Werther Santana/Estadão

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O termo dorama é utilizado para se referir séries de televisão japonesas de qualquer gênero. Seu uso transcende o drama propriamente dito, abrangendo uma ampla variedade de temas como romance, comédia, suspense e ficção científica.

Os doramas são produções que, além do viés cultural muito presente, normalmente possuem temporadas mais curtas, focadas em um único núcleo de personagens e episódico, sendo exibidos semanalmente, assim como a agenda de lançamento dos animes, explica o portal especializado em mundo geek JovemNerd.

Em contraste, as séries de dramas ocidentais apresentam temporadas mais longas, com mais episódios e desdobramentos em mais de um núcleo. O drama em si também pode acoplar de outros gêneros, ter um alívio cômico, mas são narrativas com propostas mais sérias e profundas. Quem gosta do gênero busca reflexões, histórias de superação, dilemas dos mais variados, algo mais próximo do significado da palavra drama propriamente dita.

É importante ressaltar que dorama não é um gênero narrativo, mas sim um formato de séries televisivas japonesas. Enquanto o drama pode ser encontrado na televisão, teatro, cinema e literatura, como explica o escritor e apresentador do podcast Pod Ler e Escrever Juliano Loureiro, em seu artigo “Gênero dramático: aprenda o que é e a sua importância na literatura e nas produções televisivas”.

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Por isso, a expectativa do público que assiste aos doramas é encontrar elementos culturais específicos do Japão presentes em uma variedade de gêneros e histórias, com narrativas mais compactas, que muitas vezes são concluídas dentro da mesma temporada, oferecendo histórias completas em um formato mais breve.

Não confunda dorama com K-drama

É importante ressaltar que o termo dorama tem sido usado de forma generalista ao se referir às produções asiáticas, mas a Associação Brasileira dos Coreanos conta que existem nomenclaturas próprias de cada pais: séries da Coreia do Sul são K-dramas, da China são C-dramas, e de Taiwan são TW-dramas, cada uma com suas características culturais específicas.

A Associação Brasileira dos Coreanos divulgou um manifesto condenando a definição da Academia Brasileira de Letras (ABL) para a palavra “dorama” como uma “obra audiovisual de ficção em formato de série, produzida no leste e sudeste da Ásia, de gêneros e temas diversos, em geral com elenco local e no idioma do país de origem.”

A associação sul-coreana, representada por professores da USP e da UFF, considerou a definição preconceituosa e generalizadora, argumentando que “dorama”, por ser uma palavra de origem japonesa, não deveria ser usada como um termo para séries de outros países asiáticos. Augusto Kwon, presidente da associação, comparou a generalização ao dizer que “é como falar que toda comida nordestina é comida baiana”. A publicação da ABL, que já recebeu mais de 12 mil curtidas e 700 comentários, foi criticada por reforçar estereótipos e promover o orientalismo, segundo Daniela Mazur, pesquisadora do MidiÁsia da UFF.

A associação coreana, representada por professores da USP e da UFF, considerou a definição preconceituosa e generalizadora, argumentando que “dorama”, por ser uma palavra de origem japonesa, não deveria ser usada como um termo guarda-chuva para séries de outros países asiáticos. Augusto Kwon, presidente da associação, comparou a generalização ao dizer que “é como falar que toda comida nordestina é comida baiana”.

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ABL se defendeu, alegando que apenas apontou o uso da palavra em contextos reais em português. Cavaliere, membro da comissão de lexicografia da ABL, defendeu a definição ao Estadão, afirmando que o uso da palavra em uma comunidade linguística determina sua redação no dicionário. Ele destacou que “nada impede” o uso restrito do termo conforme sua origem, mas que o registro em dicionários reflete o uso atual pelos falantes.

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