Série ‘Vida de Casal’, com James Corden, explora cantos obscuros de um relacionamento

Produção foi escrita pelo premiado dramaturgo Jez Butterworth, de ‘Jerusalem’

PUBLICIDADE

Por Mariane Morisawa

Uma pessoa descobre no celular do parceiro ou parceira mensagens de cunho romântico e sexual, causando um abalo no relacionamento. Quantas vezes você já viu isso em filmes e séries de televisão? Muitas. Vida de Casal, cujos seis episódios de cerca de meia hora cada estão no ar no serviço de streaming Prime Video, trata do mesmo assunto.

Mas Jez Butterworth, autor de peças elogiadas e premiadas como Jerusalem e The Ferryman, tentou algo diferente. “Eu queria que fosse como a investigação de um casamento”, disse ele em entrevista o Estadão. “Que parecesse uma abordagem nova para descobrir o que acontece em um relacionamento.”


James Corden e Colin Morgan em cena da série Vida de Casal Foto: Luke Varley

PUBLICIDADE


A série começa com Jamie (James Corden), um chef prestes a abrir um restaurante, e sua mulher, a charmosa Amandine (Melia Kreiling), passando férias em uma casinha à beira-mar. Tudo parece perfeito. Mas Amandine, grávida, começa a sangrar, e as coisas ficam sérias.

Jamie descobre as mensagens de texto comprometedoras e convoca seu melhor amigo e cunhado Jeff (Colin Morgan), um estudioso do comportamento dos animais - a série, no original, chama-se Mammals, ou mamíferos. “É uma exploração interessante das áreas cinzentas de todos os relacionamentos, das inseguranças e cantos obscuros que nos separam dos animais”, disse Henry Lloyd-Hughes, que faz Jack, o ex de Amandine. “É um exame do que é ser civilizado, o que é lealdade, o que é fidelidade. É um território rico de reflexão.”

Jamie e Jeff vão dar uma de detetive para encontrar o amante de Amandine. Jeff, por sua vez, não parece passar muito tempo com sua mulher, a irmã de Jamie, Lue (Sally Hawkins), que prefere fantasiar ser uma designer de moda na Paris dos anos 1920. “Eu acho que Jez, em suas peças e seus roteiros, costuma apontar um espelho para nós, fazendo com que nos examinemos e observemos nosso próprio comportamento”, disse Corden ao Estadão.

Publicidade


Melia Kreiling e Henry Lloyed-Hughes estão na série Vida de Casal Foto: Craig Sugden


Recentemente, ele anunciou sua saída do programa diário de entrevistas The Late Late Show with James Corden, que comandava desde 2015, para se dedicar mais à atuação. “Sempre soube que seria por um tempo, que seria uma aventura, não um destino final”, afirmou. “Estou empolgado com os papeis que virão a partir de agora. Se não aparecer nada, acamparei na frente da casa do Jez.”

Sendo uma espécie de investigação, não dá para entrar em muitos detalhes sobre o que realmente acontece na série, que costura a realidade e os flashbacks reveladores com elementos fantásticos, quase surrealistas. “No decorrer da história, você muda de opinião, por quem você torce, às vezes de um minuto para o outro”, disse Corden.



Butterworth, no entanto, afirmou que quis falar como há dois pesos e duas medidas em relação às mulheres. “Amandine é construída como uma Jezebel, uma mulher-dragão, que precisa ser tachada de impura, não-confiável, todas essas coisas que os homens têm jogado sobre as mulheres por milênios”, disse o roteirista. “Mas o objetivo todo do drama é mostrar que essa imagem é uma mentira. A razão pela qual escrevi Vida de Casal é para afirmar que rotular as mulheres assim é injusto, uma fantasia e uma alucinação masculinas.”

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.