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‘The Crown’: 5ª temporada estreia na Netflix com uma nova Diana e um novo Charles para separar

Dominic West e Elizabeth Debicki falam sobre enfrentar a opinião pública, abordar seus personagens com compaixão e por que os vestidos de Diana fazem a diferença na série

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Por Kathryn Shattuck

Dominic West e Elizabeth Debicki não tinham ilusões sobre as expectativas e desafios que enfrentariam como as mais recentes encarnações do príncipe Charles e da princesa Diana em The Crown.

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Afinal, seus antecessores nos papéis, Josh O’Connor e Emma Corrin, ganharam um Globo de Ouro e um Emmy por suas interpretações na quarta temporada. E West, 53 anos, e Debicki, 32, ficaram com a responsabilidade de retratar o capítulo mais precário da história de Charles e Diana: a implosão dolorosamente pública de seu casamento real.

A 5ª temporada de The Crown, que estreou na Netflix, se passa durante o ápice de seu imbróglio conjugal no início e meados da década de 1990, quando o caso de Charles com Camilla Parker Bowles e a entrevista reveladora de Diana com Martin Bashir – “éramos três nesse casamento” – fizeram a festa dos tabloides.

E, então, no início de setembro, a morte da rainha Elizabeth II aumentou ainda mais o calor, já que alguns dos súditos puseram a série na mira.

O ex-primeiro-ministro John Major disse ao The Daily Mail que as pessoas deveriam boicotar a série e falou que uma cena da nova temporada, na qual seu personagem se encontra com Charles, que está pressionando pela abdicação da rainha, era uma “ficção prejudicial e maliciosa”. Judi Dench, escrevendo para o The Times of London, pediu a adição de um alerta no início de cada episódio, acrescentando que a Netflix “parece disposta a borrar as linhas entre precisão histórica e sensacionalismo bruto”.

Elizabeth Debicki como Diana na nova temporada de The Crown Foto: Keith Bernstein/Netflix

“Parece que está incomodando muita gente”, disse West com uma risada nervosa em uma recente entrevista por vídeo, junto com Debicki.

“Se alguém acha que não sentimos uma tremenda responsabilidade, está errado”, disse Debicki.

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Na entrevista, West, na Inglaterra, e Debicki, na Espanha, falaram sobre enfrentar a opinião pública, abordar seus personagens com compaixão e por que os vestidos de Diana fazem toda a diferença. Aqui vão trechos editados da conversa.

Qual é a dificuldade de representar uma história que o mundo sente que já conhece?

WEST: Sabemos que todo mundo tem uma opinião forte sobre o que aconteceu e que cada um tem um lado. É um campo minado.

DEBICKI: Do ponto de vista da atuação, é um exercício muito interessante, porque as pessoas trazem sua memória viva para a história. Nunca participei de uma coisa assim.

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Então, a rainha morreu enquanto vocês estavam filmando a 6ª temporada em Barcelona. Qual foi a reação de vocês?

DEBICKI: Sempre me surpreende a rapidez com que a história se move, a rapidez com que as mudanças acontecem. É chocante. Estávamos todos profundamente tristes e paramos de filmar. E aí começou a se formar aquela fila linda, com todas aquelas pessoas de diferentes origens e idades passando pelo caixão. Isso me arrebatou, totalmente.

WEST: Eu me lembro de sentir: que morte incrível, que efeito incrível e que figura mundial incrível e única. Mas também ficou interessante, porque muito da 5ª temporada gira em torno da pergunta: “Será que Charles vai ser rei?” Nos anos 90, muitas pessoas diziam: “Não acho que ele seja o cara certo”. Aí aconteceu, e foi incrível a rapidez com que todos o aceitaram como o novo rei – inquestionavelmente. Parecia que muito da turbulência que representamos para Charles, sobre se ele viria a cumprir seu destino, estava sendo respondida naqueles poucos dias.

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Dominic West como príncipe Charles Foto: Netflix/Via AP

Quanto de suas próprias memórias de Charles e Diana vocês trouxeram para os papéis?

WEST: Oh, meu Deus, sou um observador da realeza desde que eles se casaram. Era obcecado por Diana. Ainda sou. Eu devia ter 10 ou 11 anos. E me lembro de planejar com dois amigos tentar acampar para vê-la – foi muito triste.

DEBICKI: Minha primeira lembrança desse período foi, como acho que a de muitas pessoas da minha idade, ver o funeral pela reação dos meus pais. É uma memória muito marcante para mim.

Vocês acham que suas perspectivas sobre os personagens e seus problemas mudaram com o tempo?

WEST: Acho que este é um dos benefícios de dramatizar esses eventos agora. As pessoas dizem: “Por que mexer nessas coisas de novo?” O divórcio e até a morte de Diana – precisamos de 25 anos para processar isso. E é interessante o que pensamos agora e como podemos ser muito mais imparciais na nossa visão. Temos o benefício da retrospectiva. Charles é um papel bastante controverso na maneira como é retratado. Eu estava envolvido no Prince’s Trust e admiro muito o trabalho que ele faz. Eu não queria prejudicar isso de forma alguma. Mas estou cada vez mais convencido de que a série não compromete nada que tenha a ver com a realeza.

Josh O’Connor disse que a chave para interpretar Charles é sua postura, que fica cada vez mais curvada, como se o fardo da coroa e a desaprovação da mãe pesassem na cabeça. Vocês têm características particulares que usaram para chegar à essência do personagem?

WEST: Josh parecia uma espécie de tartaruga, e é muito eficaz. Então eu meio que mantenho isso. A maneira como (Charles) está sempre ajeitando a roupa – entendi que é o único jeito de ficar com a aparência imaculada. A voz era uma espécie de boca fechada, com os dentes cerrados – de certa forma, é a psicologia de alguém que é muito cuidadoso com o que diz. Ele está sempre apontando, e notei que é uma técnica muito inteligente quando se está passando por uma multidão. Ele aponta para as pessoas e consegue fazer as pessoas sentirem uma conexão. Então adoto muito isso de apontar.

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DEBICKI: Era minha coisa favorita. Você se lembra de quantas vezes eu pedia para você parar de apontar para as coisas? (Risos.) Temos uma treinadora de movimento em ‘The Crown’, e seu trabalho é nos ajudar a entrar nas fisicalidades que são atribuídas a essas pessoas. Se você quiser se aprofundar, o departamento de pesquisa pode fornecer uma quantidade enorme de imagens de arquivo. Adoro assistir às coisas cruas, sem cortes, pequenos vídeos de, tipo, quarenta segundos, os dois saindo do carro, por exemplo. Tem muita coisa disponível, então assisti muito. Quanto pode ser dito e quanto não pode ser dito? E como isso se manifesta nos corpos? É uma questão muito interessante para os atores trabalharem.

Talvez seja uma pergunta meio boba, Elizabeth, mas como é usar aquelas roupas incríveis da Diana?

DEBICKI: Não acho que seja uma pergunta boba, porque faz parte da personagem. É fascinante o que torna alguém icônico, o que torna seu guarda-roupa icônico. A princesa Diana era muito icônica e muito elegante – um tipo de elegância que eu jamais conseguiria ter. Veio dela esse negócio de “vou criar uma narrativa minha, na eu possa falar, e farei isso com minhas roupas”.

Foi muito difícil dominar aquele olhar característico da Diana?

DEBICKI: Não tão difícil como se pensa. Esse olhar vem, de um jeito meio alarmante, bem naturalmente (risos).

Dominic, agora que o príncipe Charles é o rei Charles III, você se vê interpretando o papel de um jeito diferente?

WEST: Eu esperava um aumento de salário, mas... (risos). É um material maravilhoso para mim. As falas, a irritação com a caneta. Eu fiquei grudado na tela. Você viu por que The Crown e a monarquia fascinam tanto as pessoas? Se as forças armadas britânicas não são mais o que eram no cenário global, certamente são campeãs mundiais em cerimônias, rituais e pompa. Ainda somos bons no espetáculo. / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

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Veja o trailer de The Crown: 5

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