Três desenhos animados da Netflix que você deveria estar assistindo

Além de ‘Arcane’, ‘Bojack Horseman’ e ‘Big Mouth’, algumas animações fofinhas e muito bem feitas se escondem no catálogo da plataforma de streaming

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Por Mike Hale

THE NEW YORK TIMES - No começo deste mês, a Netflix ganhou o Emmy de melhor série de animação pela primeira vez, por Arcane. Pouco mais de uma semana depois, a Netflix Animation demitiu 30 pessoas.

As notícias não foram totalmente simultâneas - as demissões estavam na divisão de filmes, não de séries - mas o simbolismo era válido. A animação, em uma ampla variedade de estilos e idades-alvo, sempre foi um ponto forte do catálogo da Netflix. Mas nunca recebeu a atenção, ou a promoção, dedicada aos dramas e documentários sobre crimes reais.

Cena da série de animação 'Arcane', disponível na Netflix.  Foto: Riot Games / Netflix

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Para entrar nos holofotes da Netflix, as séries de animação precisavam ser mais do que apenas boas. Bojack Horseman e Big Mouth, indicados anteriormente ao Emmy, chamaram a atenção com dubladores famosos de comédias de TV de renome. Arcane, um spin-off da franquia de videogames League of Legends, já tinha um público garantido.

Enquanto isso, outras séries de animação aventureiras, inventivas e com ótimo visual vêm e vão sem serem muito notadas. (As séries de anime da Netflix, muitas das quais foram marcantes - Dorohedoro, Baki Hanma e Aggretsuko, para citar algumas - são sua própria categoria e podem fazer um barulho considerável dentro do grupo de fãs de anime.) Na semana em que as principais séries divulgadas pelo streamer incluem Dahmer: Um Canibal Americano e Fate: A Saga Winx, aqui estão algumas séries menos conhecidas da Netflix Animation (todas com novos episódios lançados recentemente) que merecem ser vistas.

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Cuphead - a série

A série pastelão de Dave Wasson sobre um par de irmãos indisciplinados com xícaras no lugar da cabeça não parece nada de mais, a não ser que você esteja olhando para a animação americana da década de 1930, particularmente o trabalho pulsante de Max Fleischer. Baseada em um videogame que inspirou um fervor cult, Cuphead - a série é uma homenagem amorosa e quase assustadoramente detalhista a uma tradição clássica que vibra com sua própria energia completamente moderna.

Como os desenhos animados que homenageia, Cuphead - a série coloca tudo em movimento na tela, desde os personagens caprichosamente construídos até os veículos, edifícios e paisagens, que muitas vezes se transformam em personagens vocais. Os belos designs são renderizados em cores ricas e saturadas e colocados em movimento com a música jazzística de Ego Plum, que também compõe para Bob Esponja.

Um pouco semelhante aos desenhos de Mickey e Pateta ou O Marinheiro Popeye, Cuphead é o encrenqueiro e transgressor que arrasta seu irmão mais temeroso, Mugman, para desventuras contínuas. Algumas delas envolvem um diabo comicamente irritado que cobiça a alma de Cuphead; outras giram em torno da Miss Chalice, parecida com Betty Boop, ou do monstro marinho Cala Maria, que canta músicas sentimentais, trazendo o glamour de Hollywood com o sotaque de Dietrich.

Bee e PuppyCat

A história evanescente de Natasha Allegri sobre uma jovem aparentemente sem idade chamada Bee e seu companheiro - um cão-gato rabugento e perpetuamente carrancudo que cai em sua cabeça do espaço sideral - começou a aparecer em 2013. No entanto, sua chegada à Netflix este mês parece oportuna. Bee era uma trabalhadora independente e aspirante a aposentada antes de seu tempo.

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O piloto e a primeira temporada de Bee e PuppyCat, que apareceu no YouTube de 2013 a 2016 e totalizou cerca de uma hora e quinze minutos, foi uma pequena maravilha - delicada, mas obstinada, desenhada em um estilo psicodélico cativante e alegre que invocava animes, videogames e desenhos infantis floridos como Meu Querido Pônei.

Em termos de narrativa, a principal referência foi Hora de Aventura, onde Allegri trabalhou no departamento de arte. Bee e PuppyCat foi uma história mágico-heroica semelhante, metade ficção científica e metade “parte da vida”, mas da perspectiva de uma jovem. As tramas, nas quais Bee e PuppyCat pagavam o aluguel (ao solene proprietário infantil) aceitando empregos temporários em outros planetas, eram elípticas e enigmáticas, mas havia uma lógica emocional consistente; cada salto extravagante ou queda ilógica parecia adequado.

Esses episódios originais ainda estão no YouTube e você deveria assisti-los antes de iniciar a temporada de 16 episódios na Netflix. A “nova” série - preste atenção - consiste em três novos episódios, produzidos no ano passado, nos quais Allegri retrabalha a série original; e depois os 13 episódios de Bee and PuppyCat: Lazy in Space, uma segunda temporada que foi rapidamente distribuída oficialmente em 2019 e está disponível desde então para aqueles que podem rastreá-la online.

Farejando novos mundos

Provavelmente não há série atual mais fofa do que Farejando novos mundos, uma comédia-aventura de ficção científica que é o primeiro projeto de Jeremiah Cortez, um jovem artista que supostamente dirigiu uma empilhadeira e trabalhou na Starbucks enquanto desenvolvia meticulosamente a série.

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Farejando novos mundos é uma homenagem a Jornada nas Estrelas, parte da família não oficial de séries, como The Orville, do Hulu, que paira pelos limites da franquia. Sua premissa é que os humanos enviaram cães para explorar estranhos novos mundos, procurando um que pudesse servir como um novo lar humano. Sua missão: buscar um planeta. (A conexão com Jornada nas Estrelas é reforçada pelo emprego de estrelas da franquia como Michael Dorn, Kate Mulgrew e Wil Wheaton em papéis menores de dublagem.)

A série, que adicionou uma segunda temporada este mês, faz parte da oferta “família” da Netflix, oficialmente sancionada para espectadores de 7 anos ou mais. Mas é uma diversão total para os adultos. O cruzamento de fórmulas de exploração espacial e humor de animais falantes é consistentemente inteligente e hábil - sarcástico o suficiente, bobo o suficiente e sentimental o suficiente.

A animação retrô 2D do estúdio Atomic Cartoons (Jonny Test, Jovem Diaba) é nítida e cativante. E o elenco de dubladores é fantástico, começando com Haley Joel Osment como o capitão super ansioso e parecido com Kirk, Garbage (um Corgi), e incluindo Kimiko Glenn como uma pilota hiperativa (uma Shih Tzu) e Chris Parnell como um duvidoso especialista em primeiros contatos (um Terrier). Farejando novos mundos não vai tirar Round 6 ou Stranger Things do Top 10 da Netflix, mas se você estiver procurando por um bom momento despretensioso, é a escolha inteligente. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

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