Pouca gente acreditou quando Simone anunciou que faria sua primeira live, no dia 12 de abril. Sempre avessa a abrir sua intimidade – e ela diz que mostrar-se em casa, fora do palco, não significa que ela tenha mudado seu jeito de ser – a cantora gostou da experiência e, neste domingo, fará sua quinta apresentação, às 18h, com uma novidade: além das sociais da cantora (@simoneoficial), a live, que ela trata como especial de Dia das Mães, será transmitida pelo canal por assinatura Arte 1. Nas anteriores, que já somam mais de 400 mil views, ela surpreendeu o público tocando violão e cantando músicas que há tempos estavam fora de seus shows, como Morena, composição que abre seu primeiro disco solo, de 1973.
Em entrevista ao Estado, por e-mail, Simone revela que, o que parece ser algo despretensioso, na verdade, tem muito trabalho envolvido. “Me dedico, em média, 10 horas por dia”, conta Simone, em entrevista por e-mail, citando ensaios e conversas com músicos, que enviam bases pré-gravadas para que ela possa cantar em cima. Sem saber ao certo dos tempos pós-pandemia, ela diz que o ser humano precisa sair melhor desse período difícil que o mundo atravessa.
Você sempre foi muito reservada com sua intimidade, praticamente não participava das redes sociais. Em que momento sentiu o impulso para fazer a live, se mostrar em casa, mais à vontade para o público? Continuo a mesma, posicionando-me de maneira reservada. Eu ainda não me sinto participando de redes sociais. Foi algo natural fazer as lives, quis dizer que estou junto, me conectar com meu público, agradecer as pessoas da linha de frente na ‘guerra’ contra o vírus. Como já disse, ‘todo artista tem de ir aonde o povo está’ e meu povo está em casa.
E a ideia de transformar esse encontro em algo semanal? Foi intuitivo, um sentimento de continuidade. Não sei muito bem explicar. As lives acontecem de modo natural, é quando estou com meu público, com meus amigos e família pedindo que cuidem de si, pois cuidando de si, estamos cuidando do todo.
Nas lives, você já cantou músicas que há tempos não apareciam no repertório de seus shows, como Morena, Você é Real e Embarcação. Qual foi o sentimento em retomá-las depois de tanto tempo? Cantei Embarcação recentemente, em uma turnê em Portugal. Foi muito bom cantar essas músicas agora.
No começo da semana, o Brasil perdeu Aldir Blanc. Você gravou algumas canções dele, como Fantasia, De Frente pro Crime, Latin Lover e Coisa Feita. Como você sentiu a morte do Aldir? No domingo passado cantei De Frente pro Crime para ele. A perda do Aldir no dia seguinte foi um rombo, uma dor no peito, perdemos mais um gênio.
O setor cultural, por vocação, reúne pessoas, o que significa perigo em tempos de pandemia. Como acha que serão os shows no que já é chamado de ‘novo normal’? Eu não sei...Preciso ainda entender como será esse ‘novo normal’.
A humanidade sairá melhor desse período de pandemia? Espero que sim, não é possível que este sofrimento não mude a humanidade. Eu vejo a natureza feliz, o céu está mais bonito, observo que a ‘aura’ da lua tem novas cores e me pergunto: será que só eu vejo estas cores? As reflexões são diárias, mas tem que brotar algo bom de tudo isso. O fato é que não vamos fazer um mundo bom sem um humano bom. As coisas boas também têm o poder de se espalhar, não apenas as ruins.
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