Se você ouvir a diva Madonna, clicando no clipe aí embaixo, até a marca de 1m30s vai ver um cabeludo sem camisa empunhando um belíssimo violão folk fazer um pequeno solo 'espanholado' ao final da primeira parte de 'La Isla Bonita'. Vamos lá, clique! Vale a pena.
Então, esse cara é o Paul Pesco. Olha ele nessa foto aqui embaixo.
Paul está passando uns dias lá em casa. Sim, mais especificamente, no meu sofá. Vou repetir, para o caso de você estar achando que não entendeu: o guitarrista Paul Pesco, que aparece no vídeo aí em cima tocando com a Madonna, está passando uma semana lá em casa, dormindo no sofá. Ah, apresentá-lo somente como ex-guitarrista da Madonna é praticamente um sacrilégio.
Aqui, você o vê tocando com a Jennifer Lopes, ou JLo. Olha aí:
E aqui você o vê acompanhando Annie Lennox. Ok, você é de uma geração que não conhece Annie? Google isso. Depois: 'Eurythimcs Sweet Dreams'. Lembre de voltar mesmo. Vai valer a pena.
E o Paul também aparece aqui, ó, tocando com a Joan Baez. A dica do Google vale pra tudo o que for citado e você não conhecer, inclusive Joan Baez.
Mas é bom lembrar que esse post não é um texto de caráter exibicionista, daqueles feitos para angariar olhares de admiração: "Olha, ele conhece o ex-guitarrista da Madonna." Tampouco é um artigo para expor o Paul Pesco. "Num sofá? Na Mooca, em São Paulo? Olha a situação do sujeito, depois de tocar com tantos artistas importantes.' Não, não é nada disso. Paul, inclusive, está muito bem neste sentido, a quem interessar possa.
Olha aqui, mais um excelente vídeo, em que ele atua como membro da banda do Daryl's House. Aqui, se for 'googar', pode optar por Hall and Oates. O Hall, no caso, é o Daryl's. Você conhece. Tenho certeza de que vai se lembrar ao ouvir qualquer uma das músicas que aparecerem.
Como membro fixo do programa de Daryl Hall, Paul aparece ao lado de muitos caras. Aqui, com o Todd Rudgreen, ele toca guitarra, em vez do violão, que aparece empunhando nos vídeos acima.
Mas, afinal, que espécie de post é esse? Explico: passando alguns dias de férias com a família no Brasil, Pesco arranjou algumas gigs - esse não precisa googlar: quer dizer 'jamsession' ou 'participar de um show como convidado'. E alguns desses trabalhos são em São Paulo... E nessas o inglês virou idioma oficial da casa - quando possível - e não há manhã em que não haja música.
Na quarta-feira, véspera de feriado da Independência, ele gravou uma espécie de workshop com performance, num estúdio em São Paulo, acompanhado de jovens músicos brasileiros. Esse programa deve ir ao ar no canal do Guitar Freak Show, depois de editado.
E mesmo tendo chegado às 5h da manhã, após essa gravação, assim que se levantou, às 10h, em pleno feriadão, a primeira coisa que fez foi pegar o violão de cordas de nylon do anfitrião. "Eu vou tirar essa música da Emile Remler, porque vou tocá-la no workshop amanhã". Foi o que ele disse. Veja essa moça no YouTube, a propósito.
No outro dia, uma ligação só para checar: 'Paul, você está bem? Precisa de algo aí?' e a resposta foi algo como: 'Tá tudo ok. Estou tocando com seu violão de nylon e praticando umas coisas'
Se você clicou para ler um texto num blog chamado Stratosférico, com o subtítulo de 'O mundo a partir do universo da guitarra', podemos presumir que se interesse pelo instrumento e pela relação de músicos profissionais com ele. Pois esta é a relação de Paul Pesco com sua guitarra e com sua música. O cara respira isso o tempo inteiro. Se dispõe a dormir algumas noites num sofá, durante as férias, para encontrar músicos. Para tocar. E nas horas vagas, o que é que ele faz? Toca. É óbvio.
Isso tudo tem tom de brincadeira, mas é realmente emocionante ver a dedicação do músico ao seu trabalho e notar como o talento natural acompanhado de disciplina e do amor pelo que faz resulta em coisas boas.
Ele também fez uma gig com os caras do Duofel:
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