O documentário Brasil 2002: Os Bastidores do Penta, da Netflix, tem o clima saudosista de um tempo em que o brasileiro podia vestir a camisa da seleção sem medo de ser confundido com um manifestante contra a democracia. Com cenas inéditas dos bastidores do time de Felipão, depoimentos dos atletas nos dias de hoje e de jogadores que enfrentaram o Brasil, o longa colabora com o movimento de ressignificação da camisa verde e amarela. Mas ao contrário do elenco atual, com atletas alinhados publicamente com a extrema direita, a seleção do penta respeitou a liturgia do esporte e se encontrou com Fernando Henrique Cardoso na volta ao Brasil. Mais tarde, no mesmo ano, Luiz Inácio Lula da Silva se elegeu após uma disputa marcada pelo fair-play contra José Serra.
Tantas emoções
É impossível não se emocionar com a jornada épica de superação de Ronaldo Fenômeno e sua amizade da vida toda com Roberto Carlos.
Entre outros momentos comoventes, vemos o goleiro alemão Oliver Kahn revendo o frango que levou de Ronaldo e relembrando o momento sem nenhum ressentimento.
Exageros
Em outra passagem digna de nota, David Beckham admite a superioridade do time brasileiro. Mas há um certo exagero quando o documentário considera que aquela seleção foi a melhor equipe de todos os tempos.
Ver o documentário da Netflix é, enfim, uma válvula de escape para exorcizar o ranço com a camiseta que sempre uniu o Brasil, mas nos últimos tempos virou símbolo de segregação.
E por falar em Copa
Depois da série Jogo da Corrupção, da Amazon, que conta de forma dramatizada a história do gângster visionário João Havelange, chegou a vez de a Netflix usar a ótica da corrupção para surfar no clima da Copa do Mundo.
Com o sugestivo nome de Esquemas da Fifa, a série documental em quatro capítulos conta a história controversa e nebulosa da entidade e expõe seus esquemas de corrupção.
Por que Doha?
O ponto alto é o bastidor da escolha do Catar para sediar a Copa do Mundo de 2022 apesar de todos os aspectos negativos da candidatura.
A produção conta com depoimentos de denunciantes, especialistas, ex-funcionários da Fifa e até de Joseph Blatter e Ricardo Teixeira, além de outros ex-dirigentes.
Caindo na real
A quinta temporada de The Crown, da Netflix, se passa nos anos 1990 e mergulha no período que registrou as maiores crises da família real desde a ascensão de Elizabeth II ao trono.
As histórias que vemos agora estão na memória de boa parte do público.
A nova safra de episódios teve uma mudança radical de elenco e um salto temporal. Olivia Colman saiu de cena e deu lugar a Imelda Stauton, uma atriz consagrada do teatro britânico no papel da versão mais velha da rainha.
Príncipe Encantado?
E o rei Charles III, que em termos de carisma é um picolé de chuchu, se deu bem já que seu personagem foi interpretado pelo charmoso Dominic West, o mesmo de The Affair.
A continuação da saga da família real continua exibindo números impressionantes: Foram mais de 300 cenários criados em 130 locais diferentes, 70 perucas foram usadas, incluindo cinco apenas para Imelda Staunton.
A quinta temporada revive por dentro os causos mais bafônicos da realeza, com direito a divórcios, grampos telefônicos e escândalos da moda.
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