Em peça, Ney Latorraca aparece ao vivo em um telão

Ator está em espetáculo que faz homenagem a sua carreira

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Foto do author Ubiratan Brasil

Os cinco atores já prontos para começar o ensaio e aguardam o protagonista - há um certo clima de impaciência com a ausência até que a figura de Ney Latorraca desponta no enorme (2,5 m de base por 5 m de altura) telão de LED localizado no fundo do palco. “Aqui estou”, anuncia ele, dando início de fato ao espetáculo Seu Neyla, que estreia nesta sexta, 9, no Teatro Faap.

Cena da peça 'Seu Neyla', em homenagem a Ney Latorraca, com texto de Heloisa Perissé e direção de José Possi Neto, em que o ator atua diretamente de sua casa.  Foto: Bernardo Cartolano

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A peça, cujo título se inspira no apelido dado ao ator pelos amigos, comemora os 60 anos de carreira de Latorraca de uma forma inédita: o ator está ao vivo no telão, falando diretamente de sua casa, no Rio de Janeiro, com o elenco. “Para comprovar isso, costumo puxar conversa com alguém da plateia”, diverte-se ele.

A ideia surgiu quando Latorraca foi convidado pela produtora Aniela Jordan a protagonizar um espetáculo em homenagem à sua carreira. “Adorei a ideia, mas, mesmo tendo tomado todas as doses da vacina contra a covid, relutei em voltar ao palco”, conta o intérprete de 78 anos. “Propus deixar para o próximo ano.”

Sem se dar por vencida, Aniela encontrou a solução com a tecnologia: em sua casa, Latorraca fica em um cômodo cujo fundo serve como um chroma key, em que podem ser feitas várias inserções gráficas. O palco também recebe elementos tradicionais do teatro, como as marcações no piso do palco e as cortinas - tudo para valorizar uma carreira marcada por muitos clássicos.

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Irma Vap

“Fiz mais de 30 peças e o número só não é maior porque ficamos 11 anos em cartaz com O Mistério de Irma Vap”, conta ele, relembrando o espetáculo dirigido por Marília Pêra e também estrelado por Marco Nanini.

Seu Neyla foi escrito por Heloísa Périssé e tem direção de José Possi Neto. “Esse passear pela memória da formação do artista brasileiro, do profissional do teatro, cinema e televisão, tem um sabor de abrir baú”, comenta o encenador. “Escrevi sobre a personalidade, o humor exagerado, mas no qual todo mundo acaba se identificando com aquelas tintas fortes, porque ele é um ator muito visceral, muito verdadeiro”, completa Périssé, que incluiu 13 números musicais, com canções antigas em arranjos modernos.

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