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Momix mistura dança, acrobacia e ilusionismo para levar plateia ao mundo de sonhos de ‘Alice’

Espetáculo mergulha no universo criado pelo escritor inglês Lewis Carroll em duas apresentações no Vibra São Paulo

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Foto do author Daniel Silveira

Em Alice no País das Maravilhas, a entrada da garotinha por uma toca de coelho é um passaporte para uma aventura cheia de surrealismo. Em Alice, adaptação do Momix para o clássico de Lewis Carroll, a pequena faz uma viagem ao mundo de sonhos do escritor inglês do jeito mágico que o grupo de dança está acostumado a fazer: acrobacias, efeitos luminosos, projeções gigantescas e ilusionismo.

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“A mente e o mundo de Lewis Carroll, seu humor sem sentido, surreal e engraçado, muito de sua propensão para trocadilhos e brincadeiras com as palavras, isso é o corpo sendo engraçado, o corpo fazendo trocadilhos” explica Moses Pendleton, o fundador e coreógrafo do Momix, ao relacionar o trabalho do grupo com a mente do escritor inglês.

Neste sábado, 29, o grupo desembarca em São Paulo para encerrar a turnê brasileira de Alice, depois de passar por Curitiba, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Serão realizadas duas apresentações no Vibra São Paulo.

Momix adaptou o mundo de sonhos de Lewis Carroll para os palcos na montagem 'Alice', coreografada por Moses Pendleton, criador do grupo, que tem 44 anos e passa mais uma vez pelo Brasil. Foto: Momix/Divulgação

Adaptar o mundo de Carroll para os palcos não é uma tarefa das mais fáceis. Afinal de contas, há muitas possibilidades criativas para transpor os livros Alice no País das Maravilhas e Alice Através do Espelho em um espetáculo, além de tudo que já foi feito sobre essas obras - filmes, peças de teatro, espetáculos de dança. Até o pintor Salvador Dalí deu sua visão para o universo do escritor em uma reedição do livro, em 1969. “Não estava tentando interpretar literalmente a história, mas tomando personagens icônicos como um trampolim para decolar em nosso próprio mundo Momix de teatro visual e físico”, continua Moses.

O coreógrafo conta que sua primeira relação com o universo onírico de Carroll foi a animação de Walt Disney, de 1954. “A interpretação da Disney foi uma imagem indelével para mim quando estava em meus anos de formação. Como um garoto do campo, nunca li Alice, mas quase decorei a animação. Não se tratava apenas de um bom programa infantil, era assustador, sombrio, eu tinha pesadelos com a Rainha Louca”, relembra o artista. E estes aspectos também estão no espetáculo. “Temos ambos os momentos, algumas coisas são mais sombrias e outras, mais leves, mas acho que estão de acordo com o espírito do livro e como esse livro foi interpretado ao longo de todos esses anos”, continua.

Acrobacias, ilusionismo e um show de iluminação fazem parte do DNA artístico do Momix.  Foto: Momix/Divulgação

Edição

Mas como transformar isso em um espetáculo de dança, que também se mistura com acrobacias e projeções? O trabalho do Momix durou cerca de um ano, entre experimentos, cortes e edições do trabalho. “Quando vamos fazer um novo show, a parte divertida é o momento criativo onde todos estão abertos e você faz qualquer coisa. A parte complicada é editar, pegar todos os fragmentos, todas as peças e, então, tentar editar em algo que se mova e tenha o fluxo de um show musical”, diz. “Isso é complicado e divertido, mas exige um pouco de trabalho, tentativa, erro e experimentação”, complementa.

Moses compara seu trabalho com o de um escritor ou de um músico. “É fácil ter um monte de ideias malucas, mas é muito difícil usar a outra parte do seu cérebro e colocá-las em algo que seja viável em termos de um espetáculo de dança-teatro”, aponta.

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Inesperado no palco

E o que esperar desse novo espetáculo? Moses prega uma peça: “O mais legal seria esperar o inesperado”. No entanto, o coreógrafo dá algumas pistas, como o uso de espelhos, figurinos e iluminação especiais. “No show, fazemos quase como um álbum que tem cortes com três a cinco minutos de duração. E, depois, é completamente diferente. Então, a parte divertida do Momix é que, se você não gostar do que está vendo, não demora muito para mudar, e mudar bastante”, brinca.

“As pessoas podem sentar e deixar o Momix levá-las em uma viagem. Todos nós precisamos de uma pequena viagem de vez em quando, precisamos de uma pequena fuga. [O espetáculo] não diz realmente como é o mundo. Na realidade, já temos o suficiente disso nas primeiras páginas de todos os jornais, mas como o mundo pode ser em uma fantasia. E espero que seja um sonho com um pouco de qualidade de pesadelo que lhe dê algum sabor, mas que seja mais positivo e edificante”, conclui o coreógrafo.

Por vezes, segundo Moses, 'Alice' pode ser mágica e, no entanto, sombria e assustadora. E é assim que ele apresenta sua adaptação do espetáculo.  Foto: Sharen Bradford/Divulgação

Contraste com a realidade

Apesar de torcer para que o espetáculo seja uma viagem a um mundo de sonhos, a realidade está presente nas ideias de Moses. Em um mundo cada vez mais afetado pelo caos climático, o artista lembra da necessidade de cuidarmos de nosso planeta. Afinal de contas, ele mesmo fala sobre a importante relação entre seu trabalho e a natureza - o Momix ensaia no campo.

“A poluição do mundo é algo que me incomoda pessoalmente. Eu moro no campo, com um lindo sol, um dia perfeito. Mas, então, recebemos avisos nos nossos telefones de que o nível de ozônio está perigosamente alto e que devemos ficar em casa”, diz o artista, com ar de preocupação. “E não que eu saiba exatamente o que fazer a respeito. Mas, definitivamente, como seres humanos, precisamos respirar ar, beber água pura, ter uma nutrição adequada. Eu sempre disse: ou você muda o mundo para atender às necessidades de um ser humano ou você muda o ser humano para atender a um mundo poluído”, continua.

Esta é a décima sétima turnê do grupo de dança no País. A última vez que tiveram aqui foi no ano passado durante a turnê de celebração pelos 40 anos do grupo, adiada por conta da pandemia. Foto: Sharen Bradford/Divulgação

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

É uma forma de olhar para o problema mirando na solução. “Não tenho certeza de que apenas ter carros elétricos resolverá a situação, pois é preciso chegar a um acordo global para isso. Caso contrário, todo o ar [poluído] da China vai soprar para o Brasil”, diz. “Esse é um desafio extremamente difícil e há muitas pessoas que não enxergam além de seu próprio tempo de vida. Os jovens, especialmente, sabem que terão de viver daqui a 50 anos. Muitos dos legisladores mais velhos, que estão na casa dos 70 e 80 anos, provavelmente não dão a mínima para o aquecimento global porque não estarão por perto por tempo suficiente para ver os efeitos terríveis, embora estejam acontecendo agora”, opina.

No entanto, ele também compartilha alguma esperança nas transformações que somos capazes de articular. “É preciso fazer mais do que protestar, é preciso começar a criar uma legislação para investir bilhões em ciência e em várias formas de combater a guerra, uma guerra séria na qual o mundo inteiro está envolvido. Mas, novamente, acho que é preciso pensar que vale a pena salvar o mundo”, pontua.

Serviço

Momix

  • Quando: 29 de junho. Às 16h e às 21h.
  • Onde: Vibra São Paulo (Av. das Nações Unidas, 17955 - Vila Almeida, São Paulo)
  • Quanto: a partir de R$ 120

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