Christiane Jatahy, cineasta, dramaturga e autora brasileira, ganhou o Leão de Ouro da Bienal de Veneza pelo conjunto de sua obra teatral. Já o Leão de Prata vai para a cineasta e performer finlandesa de origem egípcia Samira Elagoz. A cerimônia de premiação será durante 50º Festival Internacional de Teatro, entre os dias 24 de junho e 3 de julho, em Veneza.
Nascida no Rio de Janeiro em 1968, Christiane Jatahy é, segundo os organizadores, “uma das figuras mais originais da onda teatral que atravessou o Atlântico e regenerou a cena européia nas últimas décadas”. Os diretores do Departamento de Teatro Stefano Ricci e Gianni Forte disseram, em comunicado, que a brasileira é, ainda, uma “observadora dura e perspicaz da crueldade violenta do nosso mundo” e que “desenvolve uma linguagem original que mescla a força radical de sua dimensão poética com a contraponto do cáustico pensamento político, sempre permeado por um intrépido espírito de experimentação entre presente e passado”.
Eles destacam, ainda, sua capacidade de fundir os horizontes do cinema e do teatro, por meio de uma espécie de atrito pessoal brechtiano-wagneriano, para explorar os territórios mais espinhosos que melhor revelam a instabilidade do fictício. E suas “armadilhas narrativas inesperadas e incrivelmente belas nas quais o público permanece tão ativamente cativo e fascinado pelo que está acontecendo diante de seus olhos que não sente vontade de escapar”.
Entre suas obras estão Conjugado (2004), A Falta que nos Move (2005), Corte Seco (2010), Julia (2012; adaptação de Senhorita Julia, de August Strindberg), que ela apresentou na Bienal de Teatro de Veneza em 2015, E Se Elas Fossem para Moscou? (2014; adaptação das As Três Irmãs, de Anton Chekhov), também apresentada em Veneza, A Floresta que Anda (2016; adaptação Macbeth, de Shakespeare), A Regra do Jogo (2017; adaptação do filme de Jean Renoir), Ítaca (2018) e O Agora que Demora (2019), que estreia este ano na Itália, no 50º Festival Internacional de Teatro. A peça é coproduzida por dez entidades diferentes, incluindo os principais teatros e festivais da Europa ao Brasil, e é a segunda segunda parte do díptico Nossa Odisséia, em que o épico grego é abordado com materiais documentais filmados na Palestina, Líbano, África do Sul, Grécia e Amazônia.
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