Festival de Teatro de Avignon reabre após um ano devido à pandemia

O festival reabre para o público com uma novidade: a partir de 2022, o português Tiago Rodrigues será o diretor do evento

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Por Rana Moussaoui
Atualização:

Um ano após a anulação da edição 2020 por causa da pandemia do cornavírus, a cidade francesa de Avignon volta a se tornar a capital mundial do teatro com a abertura de seu festival internacional nesta segunda-feira, 5, com um olho nos palcos, e o outro, nas restrições sanitárias.

Na véspera da inauguração, o Festival de Teatro de Avignon, um dos maiores do mundo junto com o de Edimburgo (Escócia), teve de cancelar um espetáculo sul-africano por um caso de covid-19 na equipe. O grupo não pôde deixar seu país, em meio ao aumento local de casos de coronavírus.

O Cour d'honneur, principal palco do Festival de Avignon Foto: Nicolas Tucat/AFP

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Famosa por seu Palácio dos Papas, a cidade do sul da França vive ao ritmo das restrições, com centros de detecção da doença, distribuição de testes, máscaras na rua (diferente do restante do país), devido ao fluxo de pessoas ao ar livre durante o festival. As salas são arejadas por durante 40 minutos entre cada espetáculo.

Apesar de tudo isso, os organizadores preferem ver a metade do copo cheio.

"Estou eufórico, é como se fosse meu primeiro festival!", entusiasma-se o diretor Olivier Py.

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Seu sucessor a partir de 2023, o português Tiago Rodrigues, primeiro estrangeiro a ocupar este cargo, foi anunciado nesta segunda-feira pela ministra francesa da Cultura, Roselyne Bachelot, no Palácio dos Papas. 

"Ter sido privado do festival no ano passado só nos deixa mais impacientes, com mais vontade de viver este. Aprendemos o quão valioso é", acrescenta.

O festival acontece na Cour d'honneur do Palácio papal, reformada este ano, com o espetáculo O Jardim das Cerejeiras, de Anton Chekhov, com a atriz francesa Isabelle Huppert no elenco, junto de Tiago Rodrigues.

Ensaio da peça O Jardim das Cerejeiras, de Chekhov, com direção de Tiago Rodrigues Foto: Nicolas Tucat/AFP

Uma boa notícia chegou no final de junho: todas as salas poderão contar com sua capacidade máxima de espectadores. 

"Não é certo que fiquem lotadas. Tínhamos estabelecido um limite de lugares, vendemos apenas 40%", explica o diretor do festival.

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"É um renascimento, porque, neste ano, há 20 mil lugares a mais à venda, 35 espetáculos a mais. E, desde a abertura das bilheterias, há um entusiasmo inédito do público", acrescentou.

Com 21 estabelecimentos e 50 espetáculos, o festival afirma ter sua programação oficial pronta (o festival "on"), assim como seu festival "off", com todas as atividades que ocorrem paralelamente.

Ambos representam uma chuva de dinheiro para a cidade, com um peso econômico de cerca de 65 milhões de euros (US$ 77 milhões).

"Estamos todos correndo, mas aliviados que o festival esteja acontecendo", declara à AFP o presidente da associação que administra o festival "off", Sébastien Benedetto.

Ele também celebra a capacidade de 100%, o que "não acreditava em maio".

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"Tínhamos um pouco de medo em relação ao público, mas pouco a pouco nos tranquilizamos, porque a venda de ingressos não vai nada mal", afirma.

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