Sexta edição do Festival Mirada homenageia Portugal e reúne 36 espetáculos de 13 países

Com mais de 400 artistas, o evento bienal faz uma homenagem às artes lusas em nove montagens

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Por Dirceu Alves Jr.

O Porto de Santos serviu de entrada para boa parte dos estrangeiros que chegaram ao Brasil na primeira metade do século 20 e deu à cidade características até cosmopolitas. Diante desse histórico e com as influências enraizadas na população, Santos se abre para receber mais de 400 artistas, 210 deles vindos do exterior, para o Mirada - Festival Ibero-americano de Artes Cênicas, evento bienal promovido pelo Sesc SP, que ocorre entre 9 e 18 de setembro.

Cena do espetáculo 'Viagem a Portugal', que vai integrar o projeto Mirada. Foto: Carlos Fernandes

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Com 36 espetáculos, vindos de 13 países - entre eles Argentina, Bolívia, Chile, Cuba, Espanha e México -, a sexta edição homenageia Portugal, com nove montagens. Para a abertura do festival, a peça escalada é Viagem a Portugal, Última Paragem ou o Que Nós Andamos para Chegar Aqui, da Cia. Teatro do Vestido

Sob a direção de Joana Craveiros, as sessões ocorrem no Sesc Santos nos dias 9 e 10. Memórias das histórias familiares dos artistas são costuradas ao livro Viagem a Portugal, de José Saramago, e ao conto A Viagem, de Sophia de Mello Breyner Andresen. Os ingressos para a mostra, ao preço máximo de R$ 30, começam a ser vendidos nesta quinta, 25, no portal do Sesc SP ou nas bilheterias das unidades. “O forte desta edição é o desejo de ter um evento ao vivo, porque um festival não se faz só de peças no palco, mas dos encontros e das discussões promovidas no período”, afirma Danilo Santos de Miranda, diretor do Sesc SP. 

A decisão de celebrar Portugal foi tomada no encerramento da mostra de 2018. “O teatro português ganhou nova e significativa dimensão e sinto nos portugueses uma sede imensa de se aproximar dos brasileiros em nome dessa troca de percepções pela cultura”, diz o gestor. As noções desse intercâmbio aparecem no espetáculo português Brasa, que investiga as relações entre os dois países e pode ser visto nos dias 14 e 15.

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Cena do espetáculo 'Brasas', de Tiago Cadete, que integrao projeto Mirada. Foto: Bruno Simão

Lá e cá

“A montagem aborda como vivem os brasileiros em Portugal e o trânsito dos portugueses aqui”, antecipa Tommy Pietra, um dos curadores. “Essa grade enfoca as relações Brasil-Portugal para entender o que já foi superado, porque é necessário estimular uma conexão definitiva entre os artistas de Lisboa e São Paulo.”

Os chilenos da Compañía Le Insolente Teatre trazem a Santos, nos dias 12 e 13, a peça Reminiscencia, criada e protagonizada por Malicho Vaca Valenzuela, em que o autor, segundo Pietra, fala de suas memórias e da cidade de Santiago. Também do Chile está de volta nos dias 17 e 18 o dramaturgo e diretor Guillermo Calderón com o espetáculo Dragon. “A peça mostra um coletivo de artistas reunido para preparar o próximo trabalho que escolhe um tema capaz de interferir na realidade a ponto de destruí-los”, diz. 

Entre as 12 atrações brasileiras, algumas já vistas em São Paulo, figuram Língua Brasileira, de Felipe Hirsch, O Que Meu Corpo Nu Te Conta?, dirigido por Marcelo Varzea, e Tebas, da Cia. Elevador de Teatro Panorâmico. 

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A curiosidade, no entanto, se volta para Fronteira Fracasso, parceria inédita do grupo potiguar Clowns de Shakespeare com os bolivianos do Teatro de Los Andes, que estreia nos dias 15 e 16 nos Arcos do Valongo. O trabalho traz, com toques de realismo fantástico, um vilarejo sob a constante ameaça de ser dividido.

‘Chão’

As coreógrafas Marcela Levi e Lucía Russo, brasileira e argentina, reúnem 6 bailarinos em peça sobre a dúvida e a dissonância. 14 e 15/9 nos Arcos do Valongo, Santos. 

‘Cuando Pases Sobre Mi Tumba’

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Sergio Blanco trata do suicídio assistido. 16 e 17/9. No Sesc Santos.

‘Hamlet’

A peruana Chela de Ferrari se vale da obra de Shakespeare em que oito atores com síndrome de Down compartilham desejos e frustrações. 14 e 15/9. Teatro Brás Cubas.

‘Um Inimigo do Povo’

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Versão do diretor José Fernando Peixoto de Azevedo põe atores negros nos papéis principais. 15 e 16/9. Centro Cultural Português. 

‘Teatro Amazonas’

A barbárie contra os povos indígenas, criada pela coreógrafa Laida Goñi e o chileno Txalo Toloza-Fernández. 17 e 18/9. Teatro Guarany.

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