Tony Awards celebra mais inclusão em noite de premiação vibrante

‘A Strange Loop’, ‘The Lehman Brothers’, ‘Company’ e ‘Take Me Out’ foram os principais vencedores

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Por Mariane Morisawa
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A Broadway está de volta e vibrante. Foi esse o tom da celebração do 75º Tony Awards, a maior premiação do teatro norte-americano, na noite do domingo, no Radio City Music Hall, em Nova York. Uma série de apresentações empolgantes e emocionantes foi a prova, de Hugh Jackman em The Music Man a Billy Crystal, de Mr. Saturday Night, fazendo um coro maluco com a plateia, passando pelos pops A Strange Loop, MJ e SIX: The Musical e a performance arrebatadora de Joaquina Kalukango, vencedora do Tony de melhor atriz de musical por Paradise Square.

Elenco de'A Strange Loop' se apresenta no 75.º Tony Award: espetáculo ganhou prêmio de Melhor Musical. Foto: Charles Sykes/Invision/AP

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Mas a premiação não se esqueceu das dificuldades e sacrifícios enfrentados pela Broadway nos dois anos de pandemia, em que os teatros ficaram totalmente fechados ou quando voltou com paralisações e ajuda fundamental e frequente dos substitutos para atores que tiveram testes positivos para covid-19. Uma das atrizes que fez o número de SIX, musical sobre as seis mulheres do rei Henrique 8º reimaginadas como cantoras pop, teve apenas 12 horas para se preparar para a performance durante o Tony.

Foi também uma noite que celebrou, como disse a apresentadora Ariana DeBose no seu monólogo inicial na cerimônia, mais inclusão. Ela, que abriu a festa oficial com um número musical bem pop que unia diversos musicais famosos, brincou que “o grande caminho branco”, expressão usada para se referir à Broadway por sua profusão de luzes, tornou-se mais um apelido do que um guia de como fazer. E isso se refletiu na premiação, que foi bem dividida. 

A Strange Loop, musical sobre um escritor negro e queer escrevendo um musical sobre um escritor negro e queer, produzido por um batalhão que inclui RuPaul, Billy Porter e Jennifer Hudson, estava indicado a 11 Tonys. No começo da noite, durante o pré-show, parecia que ia sair de mãos abanando. Acabou levando só dois troféus, mas eram os mais importantes da categoria: melhor libreto e melhor musical. Jennifer Hudson tornou-se EGOT (vencedora do Emmy, Grammy, Oscar e Tony)

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RuPaul eJennifer Hudson apresentam a performance do elenco de 'A Strange Loop', do qual também assinam a produção. Foto: Charles Sykes/Invision/AP

Kalukango, que fez um discurso emocionado honrando o sofrimento de seus ancestrais, disse em entrevistas recentes estar procurando mais papeis que falem da experiência negra. Paradise Square é uma história fictícia inspirada em eventos reais, sobre um bar em Manhattan onde irlandeses brancos e pessoas negras convivem harmoniosamente, até a Guerra Civil estourar. 

Myles Frost tornou-se o mais jovem ganhador solo do Tony de melhor ator de musical por sua performance em MJ, o controverso espetáculo sobre Michael Jackson, que também foi premiado como melhor design de iluminação, design de som e coreografia.

A temporada teve um recorde de sete autores negros, e o Tony indicou pela primeira vez o primeiro artista abertamente transgênero, além da segunda e a terceira mulheres não-brancas a melhor direção. Toby Marlow é a primeira pessoa não-binária a ganhar o Tony de melhor trilha, pelas letras e música compostas em parceria com Lucy Moss em SIX: The Musical. O espetáculo também ganhou o prêmio de melhor figurino de musical

Elenco de 'Six: The Musical' se apresenta durante a premiação. Foto: Charles Sykes/Invision/AP

Company, que levou os Tonys de melhor remontagem, direção (para Marianne Elliott), ator coadjuvante (Matt Doyle), atriz coadjuvante (o terceiro Tony para Patti LuPone) e cenário de musical, também está de acordo com os tempos. O musical com composições de Stephen Sondheim sobre um solteiro rodeado de pessoas casadas transformou seu personagem central em uma mulher. 

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Sondheim, que morreu em novembro, ganhou uma homenagem encabeçada por Lin-Manuel Miranda, que elogiou seu papel de mentor para tantos artistas, e Bernadette Peters, que cantou Children Will Listen.

Entre as peças que não são musicais, a grande vencedora da noite foi The Lehman Trilogy, originada no National Theatre de Londres, mas que traça a trajetória de três imigrantes em Nova York que, em 1844, estabelecem um banco de investimentos, até sua falência durante a crise de 2008. O espetáculo levou quatro Tonys, incluindo melhor peça, direção (Sam Mendes), ator (Simon Russell Beale) e design de iluminação. Ben Power, que adaptou o material de Stefano Massini, agradeceu aos produtores, que permaneceram a bordo entre a quarta e a quinta prévias, mesmo havendo 577 dias entre uma e outra. “Queria agradecer a Nova York, que prova que aqui tudo é possível”, disse ele. 

Lin-Manuel Miranda apresentou uma homenagem a Stephen Sondheim. Foto: Charles Sykes/Invision/AP

Take Me Out, sobre um jogador de beisebol gay e não-branco que enfrenta preconceito de seus companheiros de time, ganhou os troféus de melhor remontagem e ator coadjuvante de peça (para Jesse Tyler Ferguson). 

Deirdre O’Connell foi eleita a melhor atriz de peça pela experimental Dana H., em que ela dubla Dana Higginbotham, a vítima real de um sequestro que é a personagem principal. Em seu discurso, O’Connell disse: “Por favor, deixem-me ser um sinal do universo para que escolham fazer arte estranha”.

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O canal Film&Arts reprisa a premiação com legendas nos dias 18 e 24, às 21h, e no dia 29, às 18h.

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