Cássio Scapin apresentou sua primeira peça de teatro profissional em 1986 e, desde essa época, já dirigiu muitos espetáculos e atuou em vários outros. Agora, vivencia algo inédito em sua carreira: dirige um espetáculo em que, há 15 anos, trabalhou como ator. Foi em 2000 que ele dividiu o palco com Paulo Autran em Visitando o Sr. Green sob a direção de Elias Andreato. Uma nova versão da montagem estreia hoje, no Teatro Jaraguá, com Sergio Mamberti e Ricardo Gelli sob a batuta de Scapin.
“Tenho memória muito boa, então a experiência foi difícil”, diz o diretor, explicando que a ideia era fazer um outro tipo de espetáculo, baseado no material fornecido pelos atores. Algumas semelhanças, no entanto, são inevitáveis. “O texto é tão bem amarrado que a partitura é muito precisa.” Scapin lembra que, enquanto atuava em Visitando o Sr. Green, teve a oportunidade de ir a Paris e lá assistiu a outra versão do espetáculo. “As direções nunca se conversaram, mas os resultados eram muito parecidos”, conta ele.
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Segundo Scapin, um dos desafios foi conciliar ideias de três profissionais de idades diferentes. Com 50 anos, o diretor fica entre os 35 de Gelli e os 76 de Mamberti. A conversa entre gerações, aliás, norteia a peça.
No enredo do americano Jeff Baron, um acidente de trânsito acaba aproximando o velho e solitário Sr. Green (Mamberti) do jovem executivo Ross Gardner (Gelli), quando um juiz determina que este preste serviços comunitários junto ao Sr. Green. Após o ocorrido, ambos se envolvem em situações inusitadas, com choques de gerações.
Em entrevista ao Estado, Baron conta que teve dupla inspiração para escrever a trama. “Fui eu que cuidei da minha avó quando ela estava na casa dos 90”, afirma. “Foi uma experiência engraçada e triste, mas bonita e intensa. Quis compartilhar esse encontro com o público.” Outra influência veio da atitude de um amigo, que decidiu se voluntariar para fazer companhia a um idoso. “Quis escrever sobre isso, mas não tinha nenhum conflito na história, por isso criei o acidente.” No fim, Baron diz que queria mesmo era contar uma boa história que fizesse os espectadores pensarem nas próprias famílias.
Mamberti foi convidado a atuar na peça há cerca de cinco anos, mas não pôde participar porque estava envolvido em suas atividades do Ministério da Cultura (MinC). Agora produzido por ele, o espetáculo marca o retorno do ator ao teatro após 12 anos no MinC. Visitando o Sr. Green é, também, o primeiro trabalho de Mamberti com Scapin desde Castelo Rá-Tim-Bum, programa televisivo infantil em que eles viviam, respectivamente, o Tio Victor e o tricentenário Nino.
“Fiquei fascinado pela peça. Ela já foi encenada em vários países e, neste momento, está em cartaz em nove!”, exclama Mamberti. Para ele, o texto de Baron toca em um tema muito atual, que é o da aceitação do outro, da tolerância. “Isso se relaciona à diversidade sexual e às questões religiosas. A peça consegue aprofundar muito do ponto de vista humano, além da discussão de ideias.”
VISITANDO O SR. GREENTeatro Jaraguá. Rua Martins Fontes, 71, tel. 3255-4380. 6ª, 21h30; sáb., 21 h; dom., 19 h. R$ 50. Até 19/7.