Michael Scott, Dwight Schrute, Jim Halpert, Pam Beasley, Kevin Malone, Stanley Hudson… Ainda que não sejam exatamente um sexteto, os personagens de The Office, não só os listados acima, colecionam uma legião de fãs pela maneira autêntica com que se relacionam e, mais do que isso, lidam — de forma satírica — com o cotidiano do ambiente corporativo. Não à toa, o sitcom de escritório com o típico humor estadunidense ultrapassou Friends como a série mais assistida da Netflix dos Estados Unidos.
Apresentado na última quarta-feira, 24, na conferência global de tecnologia do The Wall Street Journal, o ranking é resultado dos dados coletados pelo estrategista de mídias e consultor econômico Scott Lazerson. Seja pelas falas desmedidas do protagonista Michael (Steve Carell) ou pelas interações com humor e tensão sutis entre Jim (John Krasinski) e Pam (Jenna Fischer), o remake adaptado pelo produtor Greg Daniels e exibido de 2005 a 2013 na NBC encabeça agora a lista dos dez principais seriados licenciados pela plataforma de streaming:
- The Office
- Friends
- Grey’s Anatomy
- NCIS
- Criminal Minds
- Shameless
- Orange Is The New Black
- Supernatural
- Parks and Recreation
- Ozark
Com o enorme sucesso das nove temporadas do sitcom norte-americano, o Estado fez uma lista com os quatro principais motivos para The Office ter superado Friends como a série mais vista na Netflix. Veja abaixo:
Personagens caricatos
Como abordado no início, uma primeira razão para o sucesso de The Office são seus personagens. Ainda que seja um sitcom de humor, a série consegue abordar as caricaturas presentes em um escritório com enorme riqueza de detalhes — fator preponderante para criar identificação com o público.
Com isso, ainda que Michael Scott possa ser visto como o protagonista, não só por ter um maior número de cenas, mas também por ser o chefe da Dunder Mifflin, empresa na qual se passa o seriado, a quantidade de personagens com características marcantes é enorme, o que inclusive gera controvérsias.
Enquanto alguns dizem que o “melhor personagem” é o interpretado por Steve Carrell, outros preferem a indiferença de Stanley (Leslie David Baker), a sisudez de Angela (Angela Kinsey) ou até mesmo a excentricidade, por vezes desmedida, de Dwight (Rainn Wilson). E por aí vai!
Humor de escritório
Por mais que as opiniões em relação ao personagem favorito sejam divididas, a série é coesa ao trabalhar com um humor satírico que remete a situações vividas no ambiente corporativo. E isso é ainda mais autêntico em um contexto em que sitcoms de sucesso, como Seinfeld, Friends ou How I Met Your Mother, se passam sobretudo nas casas dos personagens e em ambientes de lazer.
The Office faz um movimento justamente ao contrário: dá luz a cenas em salas e escritórios fechados de uma corporação, buscando justamente atacar as minúcias de um ambiente de trabalho. Dessa forma, como grande parte das pessoas passa a semana trabalhando em locais como o retratado na série, os pontos de identificação são diversos. A série abriu caminho para sucessos dos dias de hoje com um movimento similar, como Brooklyn Nine-Nine.
Profundidade nas relações
Sim, The Office é evidentemente uma série de humor. Porém, mesmo que seus personagens possam ser vistos como caricaturas do ambiente corporativo, The Office é um sitcom que consegue não só trabalhar a complexidade das relações, como também construir nós sutis entre os personagens. O maior exemplo disso está na relação entre Pam e Jim.
Apresentado ao público desde o primeiro momento, o dueto tem interações leves ao longo do dia de trabalho que, embora nem sempre estabeleçam grandes acontecimentos, mantêm uma tensão afetiva entre ambos, fator fundamental para cativar o público. Esse e outros exemplos demonstram que o sitcom, mesmo com a proposta de ser engraçado, não se reduz a movimentos simplistas para gerar humor, trabalhando arcos narrativos com cautela.
Cenas e episódios icônicos
Um outro motivo que faz de The Office um sucesso são suas cenas e episódios icônicos, que até hoje são reproduzidos em Twitter, Instagram, entre outras redes sociais. Por contar com personagens caricatos, a ‘memificação’ das cenas do seriado é constante, o que inclusive atrai mais audiência de pessoas que querem estar por dentro das referências do seriado norte-americano.
Algumas dessas cenas são a que Michael grita "No, God, please, no!" (“Não, Deus, por favor, não!”) no oitavo episódio da quinta temporada e as recorrentes piadas de "That's what she said" ("Foi o que ela disse"), momentos que acabaram virando meme após o final da série. Além disso, episódios como o primeiro da segunda temporada, — The Dundies, que retrata o famoso prêmio anual da empresa, — ficam vívidos no imaginário popular e extrapolam os limites da série.
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