Análise: Bem ou mal, 'Nóis na Firma' entrega exatamente o que promete

Mistura entre 'A Praça É Nossa' e 'The Office', novo humorístico da Band investe em trocadilhos, piadas batidas e estereótipos mostrando o cotidiano de uma empresa falida

PUBLICIDADE

Foto do author André Carlos Zorzi

Nóis na Firma, novo humorístico da Band, fez sua estreia na noite deste sábado, 3. O programa conta com nomes conhecidos do humor brasileiro em décadas passadas, como Moacyr Franco, Gorete Milagres (que faz a mesma Filó de sempre), Zé Américo, Marcelo Médici, entre outros. 

Cena do seriado 'Nóis na Firma', que estreou na Band em 3 de setembro de 2022 Foto: Reprodução de 'Nóis na Firma' (2022)/Band

PUBLICIDADE

Numa comparação um pouco mais liberal, dá para dizer que é uma tentativa de mistura entre o cultuado The Office e o clássico A Praça É Nossa - os bordões e trocadilhos migram do banco de Carlos Alberto para um ambiente de escritório, embora as piadas sejam muito diferentes da série estrangeira. As cores chamativas dos figurinos e o jeito espalhafatoso de alguns personagens também podem fazer lembrar humorísticos do Multishow, na linha do Vai Que Cola

Além de diversos merchandisings de remédios inseridos na trama, também há uma claque de risos após cada piada, bem ao estilo de 'indicar quando se deve rir'. 

Numa das primeiras cenas, com os personagens de Zé Américo, Gorete Milagres e Ivan de Oliveira, já é possível perceber que o Nóis na Firma entrega exatamente o que se propõe, com uma sequência de trocadilhos com o termo cowork: "Francisco Cowork", "abra o seu cowork" e "pimenta no cowork dos outros é refresco". Pouco depois, mudança de cenário e outro personagem comenta: "vou ter que levar esse computador para consertar lá na Lagoa". "Mas por que na lagoa?", questiona um colega, dando a deixa para o gran finale: "É problema na Memória 'rã' [RAM]".

Publicidade

'Nóis na Firma'

A trama gira em torno de uma empresa formada por diversos funcionários caricatos: um místico, um trambiqueiro, o viciado em academia, a aspirante a influenciadora, e por aí vai. Com o sumiço de Armando, Vando, seu irmão, chega para assumir a presidência da NNF, supostamente sigla para Núcleo de Negócios Familiares/Fantásticos, mas chamada de Nóis na Firma. Os dois personagens são interpretados por Moacyr Franco, que segue em forma.

Moacyr avisa que tem uma notícia boa e uma ruim. Todos são sócios da NNF, mas a empresa faliu. Em busca de mudanças, o convencido Júnior Filho (Marcelo Médici), herdeiro da empresa, anuncia: "Nosso lema vai ser: com dinheiro, fazemos qualquer negócio". "Tenho uma prima que trabalha com isso, trabalha com bolsa", responde um funcionário. "Investindo?". "Não, rodando!"

Cena do seriado 'Nóis na Firma', que estreou na Band em 3 de setembro de 2022 Foto: Reprodução de 'Nóis na Firma' (2022)/Band

Como era de se esperar, em determinados momentos os humoristas têm sua hora solo para brilhar. Silas Sales (Oscar Pardini) passa quase dois minutos contando uma piada sobre tique nervoso. Em seguida, uma dupla de estereotipados árabes entra em cena ao som de El Arbi (Khaled) - possivelmente inspirados no clássico 'Profeta' de Ronald Golias, mas não chegam perto - fazendo a piada do "Não, nem eu" e do "pintinho", com um deles rolando no chão dando risadas propositalmente forçadas. Um dos pontos altos foi a imitação de Erick Jacquin, do MasterChef, um dos carros-chefes da Band, por Robson Bailarino. Ainda emendou Mickey Mouse, Pateta, Minnie, Pato Donald e 'Alvin e os Esquilos' (que poderia ter sido mais breve). 

Publicidade

Como era de se esperar, também há a presença de personagens femininas que chamam atenção pela beleza. Glorinha e Desirée, por exemplo, são interpretadas pelas ex-panicats Ana Paula Minerato e Aricia Silva. A emissora criou, inclusive, um perfil real para a personagem de Minerato, a Glorinha Real (@glorinhareal1), que na ficção faz lives para "seus quatro seguidores", já que é preciso começar de algum lugar. O Estadão constatou 66 seguidores no Instagram poucos minutos após a menção ao nome de usuário no programa. A quantidade chegou a 96 ao término da atração, por enquanto um número irrisório em termos de redes sociais.

Para fechar, são exibidos alguns momentos em que os humoristas não se seguram e acabam caindo no riso em cena. 

O Nóis na Firma pode ser interessante para quem já se diverte com programas ao estilo Praça, ou admira o trabalho dos atores envolvidos. Do contrário, não há nada de muito novo que possa fisgar novos telespectadores. O programa vai ao ar aos sábados, às 21h.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.