Palmirinha Onofre, apresentadora de programas culinários, morreu neste domingo, 7. Aos 91 anos de idade, teve uma entrada tardia no mundo da TV, já na casa dos 60, no início dos anos 1990. Fez uma aparição no programa de Silvia Poppovic e seu carisma chamou a atenção de Ana Maria Braga, que chamou-a para a Record. Dali em diante, passou pela Gazeta, inicialmente em quadros de programas femininos e depois com seu próprio TV Culinária.
Palmirinha e o Top 5 do CQC
Foi na segunda metade da década de 2000, porém, que a simpatia de Palmirinha conseguiu ampliar seu leque de fãs, até então formados muitas vezes por mulheres com mais idade. Isso por conta do bom humor com o qual a apresentadora recebeu algumas brincadeiras em redes sociais, especialmente as impulsionadas pelo programa CQC - em que cenas, como a descrita em reportagem publicada no Estadão em 16 de março de 2008, eram comuns:
“Palmirinha aparece na tela interagindo com seus telespectadores. A cena congela e a câmera se volta para os apresentadores. Em elevado tom de deboche, Rafinha [Bastos], [Marcelo] Tas e Marco [Luque] roubam os trejeitos da apresentadora e reproduzem a cena. O público cai na risada. Palmirinha foi a campeã do Top 5, seleção dos cinco momentos mais esdrúxulos da semana na TV”.
Num dos vídeos que viralizou à época, a cozinheira mostrava como era simples evitar que uma sobremesa de chocolate desmoronasse: bastava esquentar a faca antes de cortá-la. Após passar o utensílio no fogo, porém, o resultado foi o oposto do almejado. Em outro, dizia que precisava de “um pouquinho mais de...”. De... De... A palavra demorou a surgir, mas era “azeite”.
Aproveitando o prestígio e o espaço que o programa lhe proporcionava, em 2010, entrou na brincadeira em entrevista a Danilo Gentili: “Eu admiro vocês do CQC. Minha vontade é passar a mão no carequinha que fica lá no meio. Quando estou assistindo o programa, fico [pensando]: ‘Ele é uma gracinha!’”.
Pouco depois, lá estava a apresentadora sendo recebida calorosamente por Marcelo Tas (o ‘carequinha’, Marco Luque e Rafinha Bastos. O quarteto apresentou uma edição do Top 5, com comentários e gargalhadas de Palmirinha entre cada vídeo.
Entre outras gafes e trocas de palavras, o rosto de Palmirinha estava sempre aparecendo por lá. Mas a repercussão do CQC não se encerrava ao fim das noites de segunda-feira: no dia seguinte, os vídeos exibidos no Top 5 eram compartilhados à exaustão nas redes sociais, ainda sem o tamanho que têm hoje, mas já estabelecidas entre boa parte dos brasileiros. Com isso, acabou ganhando a simpatia de um público cada vez maior e mais diverso.
‘É sinal que as pessoas me prestigiam’
“Não ligo que isso vá parar no computador. É sinal que as pessoas me prestigiam”, opinava Palmirinha ao Estadão em 18 de maio de 2008. E estava certa: provavelmente muitas das pessoas que assistiam aos seus vídeos na web ou no CQC não teriam contato com seus programas de outra forma. Entre tanta exposição, certamente ganhou admiradores.
Em 2010, Palmirinha deixou a TV aberta. Encontrou algum espaço na TV fechada, mas também se manteve firme graças às redes sociais. Ao longo da última década, era comum deparar com a apresentadora em diversos programas de entrevistas e até materiais publicitários - não restritos somente ao mundo alimentício.
No dia de sua morte, seu Facebook somava mais de 3 milhões de seguidores, e seu Instagram mais de 800 mil. Um feito e tanto para uma influenciadora de mais de 90 anos que soube se adaptar aos novos tempos, sempre fazendo questão de chamar os fãs de “amiguinhos” e “netinhos” até suas últimas aparições.
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