Catia Fonseca, 55 anos, em nenhum momento da conversa com a reportagem do Estadão citou a canção Alucinação, clássico de Belchior. Nem sequer falou sobre música. Mas, se a entrevista tivesse um trilha sonora, essa seria perfeita. A letra do compositor refuta “o algo mais” e afirma que “o delírio é a experiência coisas reais”.
Falante, firme e curiosa tal qual na TV, Catia fala sobre o Círio de Nazaré e árvores que guardam água em seu tronco para ajudar na preservação do bioma. Mostra a chapa que instalou na cozinha para fazer comidas e lanches. Quando alguém imagina o trabalho que deve ser limpá-la, logo vai buscar dois produtos que encontrou para ajudá-la na tarefa. “Não é merchan. São bons mesmo”, diz ela, que chegou a apresentar 27 anúncios em uma mesma tarde quando apresentava o programa Mulheres, na TV Gazeta, entre 2002 e 2018. “Havia os concorrentes que não podiam se encontrar. Era muito engraçado!”, diverte-se.
O papo sobre comida a leva a falar sobre a descoberta de uma burrata no Bronx, em Nova York, que ela viu em um programa de TV e foi conferir in loco. Pensando nos telespectadores que a acompanham há 30 anos, ligou a câmera e começou a registar tudo com a ajuda do marido, Rodrigo Riccó, que a dirige diariamente no vespertino Melhor da Tarde, na Band TV. “O que importa se eu não estava arrumada, penteada? Eu queria mostrar algo legal. Esse é o barato da vida”, analisa.
Catia, que no começo da carreira queria ser apresentadora de telejornal, mas acabou em um programa de culinária - a única vaga disponível naquele momento -, recebeu a reportagem do Estadão em seu apartamento na região da Avenida Paulista, em uma tarde na qual a atração, por contingência dos estúdios da Band, foi transmitida de sua casa.
Conhecida por sua sinceridade, Catia diz que, com ajuda da terapia, tem dosado as palavras. Não para se esconder, pelo contrário. Mas, por estar em um veículo ainda tão poderoso, sente-se coparticipativa das decisões que seus telespectadores possam tomar a partir das opiniões que emite. “Falava sem pensar. Agora, mesmo sendo sincera, olho para a realidade do outro. Paro para pensar que tive privilégios”, diz.
Evitando olhar para um futuro na televisão - “Sempre me preparei para a vida. Sou a Cátia e estou na TV” - , Catia não quer o peso, nem para si e nem para as mulheres que a acompanham de casa, de ser aquilo que talvez não esteja preparada para ser. “Tem coisas que eu não sei lidar. E tem outras que eu não quero saber lidar. Há as que não quero enxergar naquele momento porque não estou pronta”, diz.
Há 30 anos você faz programas femininos ou de entretenimento. Nesse período, a televisão passou por grandes transformações, não apenas tecnológicas, mas de conteúdo, sobretudo no que diz respeito às mulheres. Como você se adaptou?
Mais as minhas mudanças, não? (risos). Não foi nem pensando e nem no susto. Foi apenas curtindo. É engraçado quando alguém chega a mim e diz: “Eu te assistia no Mulheres [programa da TV Gazeta] junto com a minha avó”. Eu assistia ao Mulheres com Claudete Troiano e Ione Borges junto com a minha avó também - e depois eu estava lá, apresentando. Sempre admirei a Ana Maria Braga. Cada um tem um jeito de trabalhar. O Gugu era de um jeito, o Silvio Santos de outro. É importante olhar para esses pessoas e perceber o que te faz admirá-las. Chego à conclusão de que elas são elas. E isso é o mais difícil.
A mulher não é mais a mesma desde que você começou a se dirigir a elas...
Não. E ainda tem muita mudança a ocorrer. O etarismo parece algo elitizado, mas não é.. Tenho 55 anos e não me incomodo. Estou bem. Mas, isso, sou eu. Sei que estou em uma posição que uma minoria conquista. Por esse motivo, também penso que não podemos medir pessoas diferentes com a régua. Posso te passado pelas mesmas coisas que você passou. Eu sinto de um jeito, você de outro. E quem está certo? Os dois. A maior parte das mulheres não se compreendem em um contexto em que podem pensar nelas mesmas. Fomos culturalmente ensinadas de uma maneira errada. No passado, era crescer, casar, ter filhos e acabou.
Tenho os dois lados na minha família - e os dois muito fortes: mulheres que aceitavam esse modo e outras, como a minha avó materna, que faziam o que queriam e não se importavam com o que os outros iam dizer. Minha bisavó, nascida em 1897, tinha uma forma moderna e permissiva de pensar a vida para ela e para os outros. Minha mãe era diferente. Meu pai nos abandonou quando ela tinha 36 anos. Ela nunca mais quis conhecer ninguém. Dizia que era mulher de um amor só. Tão diferente da minha avó e da minha bisavó, não? Mas era ela! Ou melhor, estava sendo ela. Atualmente, se cobra muito da mulher ser algo que talvez ela nem esteja preparada para viver.
E como passar esse pensamento para as mulheres que te assistem?
Para mim, é fácil lidar com isso. Posso fazer terapia. Tenho esse privilégio que muitas mulheres na minha faixa etária não têm. Então, tento trazer esse tipo de discussão para o programa ou para as lives que faço. Falar sobre o que incomoda as mulheres. Eu também não sou tão bem resolvida assim. Tem coisas que eu não sei lidar. E tem outras que eu não quero saber lidar. Há as que não quero enxergar naquele momento porque não estou pronta. É preciso se reinserir nesse novo contexto. Permitir-se fazer. Se não der certo, pelo menos tentamos. Isso é vida - pelo menos para mim.
E qual é a nova TV, essa que você viu se transformar nesse 30 anos?
Começamos do zero, todo santo dia. Entramos no ar com uma ideia e o programa se transforma ao longo da tarde. No período da Olimpíada de Paris, o mundo estava focado nela. Mas eu segui fazendo o meu melhor. Não importa quantas pessoas estavam me assistindo. Elas são respeitadas. E o que elas querem assistir naquele dia é o que vamos fazer. Tem dia que não dá tempo de fazer a receita, que os telespectadores preferem que continuemos com a entrevista, por exemplo. Eu não faço programa para mim. O Rodrigo [Riccó] não faz para ele. Não fazemos para a Band. Fazemos para quem nos assiste. É isso que a televisão está exigindo de todos os apresentadores. O público quer algo diferente a cada dia.
As redes sociais te ajudam, de alguma maneira?
São um grande termômetro. Não quero falar mal do Ibope, mas não conheço ninguém que tenha o medidor em casa. São números que dizem o que as pessoas querem. Eu uno a audiência ao feedback que os telespectadores nos mandam diretamente. Faço inúmeras enquetes nas redes sociais. Ouço e sigo o que eles nos indicam.
Como lida com o fato de, por conta da grade da Band, seu programa ter um público masculino que vem dos programas esportivos e espera por um programa policial?
Nosso público masculino é de mais de 30%. Se eu faço pauta médica sentada, o público muda de canal, vai dar uma zapeada. Então, faço em pé. As pessoas sabem que em pé, que parece meio incômodo, não vai demorar muito. Tento olhar não só o que as mulheres querem, mas também o que os homens querem. E ainda tento atrair o público adolescente, pouco interessado em televisão. Faço um primeiro bloco de notícias. Algumas são pesadas. Aí vou amenizando os temas. Tem dia que não dá certo. Logo tenho que trocar de assunto.
Em que momento você fez um pacto com a sinceridade?
(risos). Eu sempre fui assim. Fui uma criança bocuda. É a minha essência. Estou trabalhando para dar uma renovada. Vou te explicar: o que falávamos antigamente, hoje é inaceitável que seja dito. Ser franca, sincera, tem que ter um limite. Se não, passa a ser falta de respeito.
Pergunto porque você fala de assuntos muito pessoais na TV, como sua separação, o novo casamento, um problema que você tem na sua casa...
Falo. Porém, antes, falava da minha vida sem pensar. Agora, mesmo sendo sincera, olho para a realidade do outro. Paro para pensar que tive privilégios. E quem não teve? É fácil eu falar: “faça terapia, faça isso, aquilo”. As pessoas têm dinheiro para isso? Eu não tinha essa visão antes. Posso te dizer? Éramos um pouco mais egoístas. Falámos de nós pensando que isso poderia ajudar outras pessoas, mas estávamos só compartilhando algo sem fundamento. Hoje, vejo que não é assim. O que eu posso falar para elas, de acordo com o que eu passei? Acredite! Eu ouvi um monte de nãos. Vejo que a nova geração tem mais medo, se cobra muito. Eu me jogo. Não deu? Tudo bem!
Quando você deu detalhes de sua separação e sobre como você reconstruiu sua vida amorosa com um novo casamento, queira ou não, virou um exemplo para as mulheres que te assistem...
Foi muito louco isso. Eu tinha lançado um livro chamado Em Busca de Catia. Não era nem só ficção e nem só realidade. E as pessoas acertavam direitinho [o que era um e outro]. Na noite de autógrafos, muita gente me disse: “Você foi casada por mais de 25 anos, separou e falou que não tinha um culpado. Eu me separei porque você se separou”. Eu ficava meio chocada! A pessoa não sabe sabe qual era a minha vida, minha história, que não é a mesma dela. Foi aí que me deu o clique de que [falar] pode ser algo positivo ou negativo. Se você me perguntar o que eu acho sobre determinado assunto, vou te responder. Mas me sentirei coparticipativa do que possa ocorrer com você, já que dei minha opinião. Há essa dose de culpa. Eu dizia para elas: “Não está bem? Converse com um pastor, um padre. Vá a uma faculdade de Medicina que tenha atendimento psicológico gratuito”.
Meu público me conhece, pelo olhar, se estou triste ou feliz
Em um de seus vídeos, há um comentário de uma cuidadora de idosos dizendo que chegou a conclusão de que os pacientes dela gostam tanto de você por conta do “carisma”. Essa é uma qualidade essencial para uma apresentadora de programas de entretenimento? Só ele basta?
É ser verdadeira. Isso é também o que me encanta nos outros. O carisma vem da pessoa ser sincera com ela mesma. Gosto de pessoas reais. Por exemplo, a Ana Maria Braga. Eu olho para ela e digo: “Ah, hoje a Ana está brava!”. E fico assistindo ao programa para descobrir o que é. Meu público me conhece, pelo olhar, se estou triste ou feliz. “Oh Cátia, você bateu o olho assim [vira o rosto para o lado]. O que você não gostou?”. E tenho isso mesmo. Quando estou brava, viro de lado e volto. É menos de um segundo. Mas as pessoas sacam. Os telespectadores querem pessoas reais na TV.
Aliás, você assumiu o Note & Anote [em 1999 , na TV Record], substituindo a Ana...
Eu só queria encontrá-la no corredor. Mais nada. E nunca a encontrei (risos). Eu não podia me comparar à ela. Só podia ser eu mesma. Falava para mim: “não pensa nisso!”. Assumi um programa, não ocupei o espaço da Ana. Ninguém vai ser a nova Hebe, por exemplo. Certa vez, a Hebe ligou na TV Gazeta. Pensei que fosse trote. Na segunda vez, atendi. Ela reclamou que eu diluía minhas férias, saía quatro vezes por ano. Eu nem a conhecia. Isso é vivo para mim! É ser verdadeira!
O seu começo de carreira é curioso. Você não queria ser apresentadora de programa de entretenimento, não é?
Eu queria ser garçonete. Depois, comissária de bordo, para viajar pelo mundo. Tinha um globo em casa. Eu apontava e dizia: “Vou conhecer tal lugar”. Meus irmãos: “Vai nada! Não temos dinheiro”. Eu tenho sonhos; eles fazem parte da minha vida, mas não são meus objetivos. Meu objetivo é olhar para os lados. Eu queria apresentar telejornal. Mas a vaga que apareceu era para um programa de culinária [Com Sabor, na Rede Mulher]. Eu não tinha nada a perder. Fui. Dei meu melhor todos os dias. Não peço a Deus: “Quero isso ou aquilo”. Peço: “Quero me sentir assim ou assado e fazer isto”. Fazer algo que me faça feliz. Tem gente que me pergunta o que quero para o futuro. Sei lá! Vou olhar para o futuro e ver o que vai aparecer.
Hoje você tem dinheiro para viajar. Como lida com ele?
Se você olhar para a minha casa, verá que ela reflete quem eu sou. Tem coisas de lojas populares. Tem presentes. O dinheiro me proporciona realizar sonhos que eu não tinha possibilidade antigamente, além de dar tranquilidade para minha família. Mas minha essência continua a mesma. Sou a Cátia, estou na televisão. Posso estar ou não na televisão que serei a Catia. Vou morrer a Catia. Eu e o Rodrigo gostamos de ir para o interior, comprar ‘refrigerecos’, salgadinhos de sabores diferentes. Sempre curti isso. Por que agora seria diferente? Vamos a Nova York e gostamos de andar pelo Bronx. “Ah, mas o Bronx é perigoso”. Que nada! Andamos em São Paulo, que perigoso o que!
Interessante você enxergar-se fora da televisão. A TV tem certa magia. E quem está nela parece não querer perder o espaço, o status, deixar esse veículo...
Quando eu falo: “Sou a Catia e estou na TV” é porque não sabemos o dia de amanhã. Não só da minha parte, mas também do outro lado. Sempre me preparei para a vida. Eu vou escolher os outros caminhos que irei trilhar. Talvez, parta de mim. Ou, inicialmente, parta de outros. Ok. Mas quem dará a continuidade serei eu. Nunca vou ficar parada. Quero voltar a fazer mais conteúdos para o YouTube. Tem o portal Catia Fonseca. Quero juntar pessoas nele. Pego uma fatia [do público] e outros pegam as demais. Assim, fazemos um bolo muito mais sensacional. Basta que a minha fatia, dentro ou fora da TV, seja algo que eu acredite.
Eu saio de férias e publicam que eu vou sair [da emissora] ou que o programa vai passar para as manhãs. Que inferno!
Há algum tempo, o comentário foi que você teria recebido um convite da TV Globo. O que tinha de verdade nisso?
Eu já fui para o SBT 10 vezes. Já fui demitida da Gazeta 1 milhão de vezes. Já fui para a Globo algumas vezes. Voltei para a Record... As pessoas são carentes de uma notícia que gere engajamento. E o que dá engajamento? Ou você arrumar uma notícia terrível sobre a pessoa ou você falar que ela está saindo [de uma emissora]. Às vezes, funciona. Há dois anos havia o boato de que Eliana iria para a Globo. E foi. Um que deu certo. Os boatos são prejudiciais para os profissionais. Eu combino com um anunciante que vou fazer uma ação por um ano todo. E começa o boato que vou deixar o programa. Como fica para o cliente que colocou dinheiro na emissora? Eu saio de férias e publicam que eu vou sair [da emissora] ou que o programa vai passar para as manhãs. Que inferno! Dá para ser mais criativo? São sempre as mesmas pessoas que repetem as mesmas coisas.
Você chegou a fazer 27 ‘merchans’ dentro do seu programa na Gazeta. Que confiança era essa que você passava aos anunciantes?
Se eu não acredito no produto, não consigo fazer. Já chegaram e falaram: “Olha Cátia, esse produto é legal, vai te dar dinheiro”. Mas eu não acredito nele. É contra meus princípios falar sobre ele, então. Não vou fazer, não quero. Falo da iogurteira Top Therm. Até hoje faço [iogurte]. Não é meu cliente, mas é bom. O xis da questão é acreditar no que você vai vender. Sou aquariana justiceira. Ou é certo ou errado. Estou trabalhando isso na terapia para amenizar. Me divirto com os ‘merchans’...
E os memes vêm. Porque você está falando de um assunto sério e, de repente, muda para fazer um ‘merchan’...
Sim, não me importo com os memes! Eu já vendi até plano funerário. Não adianta tentar enfiar no contexto. Antes eu tentava alinhavar tudo. Que nada! Sai, fala “já volto, vamos falar de outra coisa” e pronto. Na Gazeta fazíamos dois, três anúncios seguidos. E havia os concorrentes que não podiam se encontrar. Era muito engraçado!
Nem toda apresentadora conversa com toda apresentadora. Não há esse encontro. As pessoas pensam em ‘a reunião das apresentadoras’. Não vai [ocorrer].
As apresentadoras de programas femininos ou de entretenimento se congregam, trocam ideias sobre temas, a programação?
Nem todo jornalista conversa com todo jornalista. Nem toda apresentadora conversa com toda apresentadora. Não há esse encontro. As pessoas pensam em ‘a reunião das apresentadoras’. Não vai [ocorrer]. Não é sobre isso. Você saiu da TV, você é fulana, é sicrana. Com algumas, criamos amizade. A Patrícia Poeta é uma grande amiga que fiz. Gosto dela! Falo: “Pati, você é tão gente boa!”. E, ao mesmo tempo, ela é tão cuidadosa, zelosa. Falo: “se descontrai um pouco, você fica tão pensando em tudo”. Sabe essas coisas que uma brinca com a outra? Ou, “você está fanha? Vou te passar meu médico”. Não vejo ninguém como rival. Faço o meu melhor e não quero tombar a coleguinha.
Uma das perguntas mais buscadas sobre você no Google é ‘qual o salário da Cátia Fonseca?’
(risos) Sai alguns valores, não só sobre mim, mas de outras pessoas também, que nós que trabalhamos no meio sabemos que não são reais. Mesmo! Rimos internamente. Parece que as pessoas precisam olhar quem trabalha na TV com distância, como alguém que conquistou muito. Pode até ter conquistado muito, mas, não acreditem. Não é o que dizem. Nem o meu, nem o de ninguém. E se for muito, quero pensar como fazer para alcançar aquilo. Porque se alguém consegue, eu também posso conseguir. Só isso. Inveja, não tenho.
Vivemos em um período polarizado, sobretudo na política. Você emite algumas opiniões em seu programa. O público também tem curiosidade para saber o que você pensa sobre o tema.
Às vezes, no programa, faço um comparativo da violência de hoje com a de outro período. Vem alguém e diz: “ah, então você votou no fulano”, “ah, a Catia deu indireta”. Cara, que coisa mais burra! Não estamos falando sobre quem está no poder hoje e quem esteve no passado. É sobre onde está o problema. Não sobre pessoas. O que precisamos fazer para mudar? Sabemos que uma pessoa só não comanda um país. Seria hipócrita da minha parte falar que a culpa é deste, desse ou daquele que já passou. O que tento falar para as pessoas é: Não comprem briga por causa de um político, não importa quem ele seja. Analise a pessoa e não a pessoa idealizada por você. Querem saber em quem votei, em quem votaria. Não tem nada a ver isso. Nunca falaria sobre candidato nenhum.
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