Uma nova adaptação de Éramos Seis, clássico literário de Maria José Dupré, estreia no horário das 18 horas, na Globo, no dia 30. Ângela Chaves, autora da novela, falou ao Estado sobre a produção - tema também de conversa com Glória Pires e Antonio Calloni, que lideram o elenco.
Como foi trabalhar um texto que teve outras versões na TV?
Eu falo sempre que é um trabalho árduo porque, além de ser um prazer trabalhar nessa história bonita, de um romance admirável escrito em 1943, por uma mulher, que tem uma voz feminina muito marcada, que é a Dona Lola, narradora da história. Gosto muito da adaptação do Sílvio de Abreu e do Rubens Ewald Filho. O que eu faço é respeitar e recriar, pois os tempos são outros. Fazer uma adaptação criteriosa dá muito trabalho.
Fez algumas alterações, teve de alterar muita coisa?
É muito importante fazer mudança de tom, observar a maneira como se comportavam, falavam. Tem coisas que não cabem mais, que chocam, tem que dar uma atualizada em ritmo, tom, alterações de posturas dos personagens, quem já viu vai perceber. Uma alteração importante é a postura da Lola, que não é uma Lola feminista. O característico é ser uma mulher da época, que acreditava que a mulher tinha de ser sustentada pelo homem e ama sua família. Ela, porém, tem voz, reage. E aí existe um descompasso entre o que dona Lola quer e o que ele (Júlio) quer. A Lola representa uma época e, aos poucos, vai percebendo essa sua voz.
É uma história que tem conexão com o mundo atual?
É uma história de família, emocionante, muito verdadeira, real, e esse é o grande charme da trama, pois conta os dramas dessa família, que está passando por dificuldades econômicas em um contexto de crise econômica e instabilidade política, com muito desemprego no país. Daí os conflitos, pois como fazer para pagar as contas, pagar a casa que compraram, como manter a família unida, feliz e harmoniosa com tudo isso? São questões que atormentam esse pai que é tão imperfeito, com tanta dificuldade de se relacionar com eles e de expor os sentimentos, capaz de cometer erros terríveis, como faz para ser feliz.
É um texto que vai cativar, o que ele tem para conquistar o público contemporâneo?
É uma história atemporal, que perpassa, atravessa o tempo, mantendo o seu interesse, ele fala de conflitos humanos, que permanecem, pois a qualquer momento tem família passando por dificuldades. Em vários momentos podemos nos identificar com a história. O importante para uma novela dar certo é ter uma história boa, emocionante e bem contada. Claro que ter boa audiência é importante, a gente quer o sucesso, até para chamar atenção para uma obra da literatura que muitas vezes é subestimada. As pessoas não falam muito, mas ela tem importância, sim. Escrita por uma autora, Maria José Dupré, narrada por uma mulher, contando sua história por sua ótica. É um livro que merece ser lido.
Está ansiosa para conferir o trabalho pronto, já viu alguns capítulos editados?
Sou muito emotiva, choro escrevendo, nem sei o que esperar. Será muita emoção, estou me emocionando até com o teaser da novela, está tudo muito rico, bonito e humano. É uma novela que também tem muita alegria, muito afeto, as crianças são muito divertidas, e traz a afirmação de coisas importantes, como solidariedade, laços de família e amizade. Acredito que todo mundo vai torcer por essa família.
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