O ano de 2024 está servindo para a Marvel Studios recalibrar a rota. Afinal, desde Vingadores: Ultimato, muita coisa não funcionou: a complicação do multiverso, a falta de bons personagens e tramas fracas. Tudo isso fez parte do público se afastar e o estúdio, sob a batuta da Disney, reconsiderar novos projetos – não à toa, lançou apenas um filme e duas séries. A primeira foi Eco, no início do ano, e agora chega com Agatha Desde Sempre.
A série, que lança seus dois primeiros episódios (são 9 no total) no Disney+ nesta quarta-feira, 18, é uma espécie de desdobramento de WandaVision, com a vilã dessa outra produção, Agatha Harkness, ganhando sua própria história. Criada por Stan Lee e Jack Kirby, ela apareceu pela primeira vez em Fantastic Four #94, em janeiro de 1970. Nos quadrinhos, é conhecida como a babá de Franklin Richards, filho do Senhor Fantástico com a Mulher Invisível, do grupo Quarteto Fantástico.
Com centenas de anos, ela é uma das bruxas mais poderosas da Marvel, capaz de manipular forças mágicas, se teletransportar, projetar energia, causar ilusões e invocar entidades extradimensionais. “Agatha faz muitas coisas para expandir a mitologia que foi estabelecida em WandaVision e que se desdobrou em várias direções após o seriado. Assim, o MCU (Universo Cinematográfico Marvel) é composto por muitos caminhos diferentes que os fãs podem seguir”, explicou Brad Winderbaum, produtor executivo da série e chefão da Marvel Television, ao Estadão.
Entendendo Agatha Harkness
Assim como Eco, a série do começo do ano que desdobra os acontecimentos de Gavião Arqueiro, Agatha Desde Sempre não chega com a missão de abrir um novo caminho, mas trilhar uma história que já foi contada. É uma correção de rumo pequena, mas importante: afinal, a Marvel parece ter percebido que não precisa de quantidade, mas qualidade na TV.
Além disso, já nos primeiros episódios, a produção parece se arriscar um pouco mais. Não chega a ser Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, mas pelo menos há uma vontade de trazer outros gêneros à baila, como o terror e uma fantasia mais intensa do que homens com collants lutando aqui e ali. Tem algo de As Bruxas de Eastwick, um pouco de Jovens Bruxas – e tudo isso, claro, com aquele filtro da Marvel para estéticas e histórias.
“Nosso principal objetivo é tentar encontrar humanidade nesses personagens. Somos fãs não só de HQs, mas de filmes, de séries de TV e de contar histórias em geral”, diz Winderbaum. “Estamos tentando construir histórias ao redor de personagens que refletem quem somos e o mundo em que vivemos, pessoas em quem podemos nos envolver emocionalmente.”
E o que mais?
É difícil não pensar o que motivou o sinal verde para essa produção – é, afinal, uma personagem muito específica, pouco conhecida e que irá atrair principalmente aqueles que viram e que gostaram de WandaVision. Será que a Marvel está precisando disso agora?
Além disso, vale relembrar que a estratégia de marketing da produção foi uma das mais estranhas desde a chegada do streaming da Disney: a cada um mês, mais ou menos, a Marvel divulgava um título diferente para a série. Foram quatro no total. A ideia era soar como uma piadinha espirituosa, mas ficou parecendo que a Marvel estava perdida.
Ao Estadão, Winderbaum justificou que a série pode, sim, alcançar novos públicos, principalmente por tocar em personagens e poderes que nem sempre estão na tela da Marvel.
“Os personagens vivem em um universo compartilhado, mas é algo que você pode começar a acompanhar se gostar de um gênero específico. Se você é fã de Halloween, de magia, e quer ver as aventuras dessas bruxas, acho que será uma série realmente satisfatória e divertida”, diz. “Então, de certa forma, acho que pode ampliar nosso público.”
No final, fica a certeza de que as séries da Marvel estão funcionando bastante como um laboratório para entender novos caminhos, ideias, propostas e personagens – e quem sabe, ainda, perceber novas tendências ou colocar mais magia dentro da Marvel?
“Somos contadores de histórias. E se você nos dá a oportunidade de trazer esses personagens à vida, ficamos animados. Não havia dúvida de que depois de WandaVision queríamos ver mais da Agatha, aprender mais sobre ela, sobre sua história”, diz ele. “Esse é o nosso principal motivador quando criamos qualquer coisa: nosso próprio fandom, nossas fascinações e descobrir o que nos inspira”, finaliza.
Onde ver ‘Agatha Desde Sempre’ e novos episódios
A nova série da Marvel pode ser assistida no Disney+ a partir de quarta-feira, 18. Os dois primeiros episódios estarão disponíveis às 22h. A cada semana, sempre às quartas neste horário, um novo episódio é lançado. No dia 30 de outubro, o público poderá conferir dos dois episódios finais de Agatha Desde Sempre.
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