Fim de uma era: Eliana, Raul Gil, Faustão e Silvio Santos saem de cena para uma nova geração na TV

Estamos diante de uma revolução na TV: com mudanças nos programas de auditório, formato se renova e reinventa. Enquanto este movimento é inevitável, nomes como Benjamin Back e João Silva reforçam a importância de manter o legado vivo

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Atualização:

Eliana gravou seu programa de despedida no SBT, com participação especial do cantor Daniel - a edição vai ao ar no dia 23 de junho. O anúncio da saída da apresentadora após 15 anos na emissora de Silvio Santos, porém, não surpreende dadas as circunstâncias atuais da TV aberta.

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Há uma revolução em curso, tanto no entretenimento quanto no jornalismo. A cada ano, as redes tradicionais buscam se reinventar para melhorar a audiência, gradativamente menor devido à vasta oferta de conteúdos nas redes sociais e no streaming.

Os programas de auditório, responsáveis por determinar a popularidade de um canal, sofreram transformações consideráveis que impactam o gênero de maneira sem precedentes.

A apresentadora Eliana está deixando o SBT Foto: SBT

Além dela, o problema de saúde de Faustão, o “sumiço” de Silvio Santos e a aposentadoria de Raul Gil indicam que os três nomes históricos dos finais de semana abrem espaço para uma nova geração de comunicadores assumir o batente. Antes disso, as mortes de Hebe Camargo e Gugu já haviam deixado um vazio irreparável no formato.

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João Guilherme Silva ao lado do pai, Fausto Silva, durante apresentação do 'Faustão na Band' Foto: Reprodução de 'Faustão na Band' (2023)/Band

Duas destas lendas são sucedidas por grau de parentesco: João Silva (filho de Faustão), na Band, e Patrícia Abravanel (filha de Silvio Santos), no SBT. Mas há ainda os casos de Luciano Huck e Marcos Mion, ambos na TV Globo; Rodrigo Faro, na Record; Celso Portiolli e Benjamin Back, no SBT – os cinco nem são tão novatos, mas também representam um novo estilo de apresentar, mais enérgico e conectado com a juventude.

Outra aposta das emissoras é o vínculo com as celebridades da internet. O SBT escalou a influenciadora Virginia Fonseca para uma atração que tem registrado bons índices desde a sua estreia, em abril. Segundo o Kantar IBOPE, a primeira exibição do Sabadou com Virginia acumulou 52% mais audiência em comparação com os sábados de março do canal. Em junho, o programa alcançou mais de 7 milhões de espectadores.

Back estreou recentemente o programa de variedades É Tudo Nosso. “Assim como o futebol teve o Pelé, a TV brasileira tem o Silvio Santos. Ou seja, assim como o rei do futebol jamais será superado, o rei da TV brasileira também não será”, opina, ao Estadão. “Em relação ao estilo de apresentar, isso depende muito de cada programa. Mas uma coisa todos têm que ter, e isso independe da geração: carisma”, diz.

Os apresentadores Benjamin Back e Raul Gil Foto: SBT/Benjamin Back - Reprodução: Twitter Benjamin Back

“A mistura deve ser entre a novidade e o saudosismo, porque as pessoas têm cada vez mais saudades da televisão dos anos 90 e vemos isso quando tem alguma homenagem, por exemplo, no Domingão, comigo, com o João Augusto [Liberato, filho de Gugu], ou com o Raul Gil”, complementa João Silva, em depoimento ao Estadão.

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Autor do livro Programação de TV: conceitos, estratégias, táticas e formatos, Renato Tavares aponta as diferenças:

“Quando comparamos as características dos apresentadores que começaram há algumas décadas em relação aos mais novos identificamos que a nova geração utiliza figurinos menos formais, busca interagir nas redes sociais e está aberta a experimentar formatos mais diversificados para introdução de conteúdos publicitários”, explica ele, também professor do curso de Rádio, TV e Internet da Faculdade Cásper Líbero.

Apresentador Silvio Santos, no 'Programa Silvio Santos' Foto: LOURIVAL RIBEIRO/SBT

Singularidade do formato é triunfo contra o streaming

A versatilidade dos programas de auditório é uma das principais razões para a longevidade do gênero na TV brasileira, aspecto singular diretamente responsável pelo faturamento comercial e os bons índices de audiência.

“O formato representa um diferencial das emissoras de TV em relação às plataformas de streaming, que ainda não aderem muito a este gênero e priorizam realities, obras documentais e ficcionais”, analisa Tavares.

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Na era onde o consumo de informações é cada vez mais rápido e as opções de entretenimento são variadas, a estratégia para preservar a relevância do modelo, segundo os apresentadores, está ligada à combinação de abordagens.

“Acredito que o segredo seja manter a essência do entretenimento, mas atualizá-lo a uma nova linguagem”

Benjamin Back

A opinião de Benja é corroborada pelo líder do Programa do João. “O segredo é fazer esse combo entre externa e palco. E tem que ser dinâmico, o programa com mais quadros e mais repartido”, acrescenta.

Fato é que os próximos anos serão fundamentais para determinar o sucesso ou não da modernização de um modelo que caiu nas graças do povo brasileiro.

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