LOS ANGELES - Quando vendeu a ideia de Gilmore Girls, pouco antes da virada do século, a criadora Amy Sherman-Palladino já tinha na cabeça as quatro palavras com que encerraria a série, conhecida, justamente, pela quantidade de palavras por minuto ditas por suas protagonistas, Lorelai (Lauren Graham) e sua filha Rory (Alexis Bledel). Mas, quando a série saiu do ar em 2007, depois de sete temporadas, Sherman-Palladino não estava mais no comando. Agora, finalmente, ela vai poder realizar seus planos, com a estreia de Gilmore Girls – A Year in the Life, que entra no ar na Netflix nesta sexta, 25.
Gilmore Girls reforça o papel da Netflix na ressurreição de amadas séries do passado – o serviço de streaming já fez isso com Arrested Development e Full House, com sucesso duvidoso. Os envolvidos em Gilmore Girls defendem que havia razões para voltar. “Nossos produtores não tiveram a chance de terminar, ficamos suspensos no ar porque o fim não foi anunciado antes, como se faz hoje. Os fãs ficaram insatisfeitos e nós também”, afirmou Graham em entrevista em Los Angeles. Por conta disso, os produtores e os atores sempre conversaram sobre uma volta, talvez num longa-metragem. A ideia ganhou força com a reunião do elenco no ATX Festival, ano passado, que mostrou a paixão dos fãs. Logo, a Netflix, que tem as outras sete temporadas da série, entrou na jogada. “Pensamos como seria uma grande oportunidade de mergulhar num formato diferente, contar histórias com nossos adorados personagens de uma maneira diferente. Não precisávamos nos preocupar com intervalos comerciais ou com a venda de sabonetes”, disse Amy Sherman-Palladino. Ela e seu marido propuseram o formato que vai ao ar: quatro capítulos de 90 minutos cada um, que se passam ao longo de um ano, cada um numa estação.
Gilmore Girls – A Year in the Life” começa no inverno, quando as três Gilmore – Emily, mãe de Lorelai, mãe de Rory – ainda estão lidando com a perda de Richard (Edward Herrmann, que morreu no fim de 2014), respectivamente, seu marido, pai e avô. Rory, agora uma jornalista que viaja o mundo, vai visitar a cidade de Stars Hollow depois de certa ausência. Lorelai continua com Luke (Scott Patterson), o dono do “diner” na praça principal da cidade. “Luke não mudou, essas palavras não existem juntas”, contou o ator. Stars Hollow, a adorável e peculiar cidade que é tão personagem quando as pessoas de carne e osso, passou por algumas mudanças, mas não a ponto de perder seus excêntricos moradores. Kirk (Sean Gunn), o homem de mil empregos, Lane (Keiko Agena), melhor amiga de Rory, Sra. Kim (Emily Kuroda), a rígida mãe de Lane, Taylor Doose (Michael Winters), o manda-chuva da cidade, todos estão de volta. Até Sookie, a chef interpretada pela agora famosa Melissa McCarthy, faz uma aparição. E, claro, os ex-namorados de Rory: Dean (Jared Padalecki), Jess (Milo Ventimiglia) e Logan (Matt Czuchry). Os fãs se dividem em times que apoiam cada um deles pelo coração de Rory, mas Bledel lamenta que o foco seja só esse. “Ouço muitas jovens que foram inspiradas a ler e a estudar por causa de Rory”, afirmou.
De qualquer forma, os mais entusiasmados vão ficar sabendo com quem Rory termina – se é que ela vai ficar com um dos três – na própria sexta. Sherman-Palladino resistiu um pouco à tradição da Netflix de pôr todos os episódios no ar ao mesmo tempo. “Disse que ia me enforcar na cortina do banheiro”, brincou. Ela só espera que ninguém pule direto para o final, para saber as quatro palavras finais, e conte para os outros. “É uma jornada para chegar até elas.”
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