O programa Linha Direta, um precursor do gênero “true crime” no País, exibido pela primeira vez entre 1990 e 2007, volta ao ar a partir da próxima quinta-feira, dia 4 de maio. Com exibição semanal, a atração terá apresentação do jornalista Pedro Bial.
A nova temporada de Linha Direta será dividida em eixos temáticos. Entre os temas já anunciados estão o feminicídio, violência contra crianças, LGBTfobia e o racismo. A estreia será com o Caso Eloá, ocorrido no ano de 2008, na grande São Paulo.
A estudante Eloá Pimentel, que tinha 15 anos, foi vítima de cárcere privado seguido de homicídio, crimes praticados pelo ex-namorado. O caso teve ostensiva cobertura da TV na época, o que gerou grande repercussão nacional e internacional.
Para explicar esse e outros casos, o novo Linha Direta, além da reconstituição dos crimes, principal marca da primeira temporada, trará, com a ajuda da tecnologia 3D, detalhes sobre as investigações e contará ainda com o auxílio de imagens de câmeras de segurança e vídeos feitos por celulares para auxiliar na cronologia dos fatos- essa última, tecnologia não acessível anteriormente.
Em material distribuído para a imprensa pela TV Globo, Bial diz que o formato está mais antenado com os dias de hoje. “Queremos convidar o público a investigar e explorar com a gente os meandros de grandes casos criminais que mobilizaram toda a sociedade brasileira”, diz o texto atribuído ao apresentador.
Assim como na década de 1990, o Linha Direta vai incentivar à população a denunciar de maneira anônima pistas que possam ajudar na elucidação dos casos.
O projeto ainda terá um podcast próprio, no ar a partir do dia 5 de maio, no qual Bial se aprofundará ainda mais nos crimes e personagens. “Se muitas vezes na televisão, devido ao tempo e ao formato, você apresenta uma entrevista que a gente conseguiu através de muito esforço, no podcast a gente vai contar a história de todo esse trabalho, de como essa entrevista foi realizada e como chegamos aos personagens”, diz o apresentador, no mesmo material enviado à imprensa.
As Noivas de Copacabana
“Alô, foi daí que anunciaram um vestido de noiva?”. Quem assistiu à minissérie As Noivas de Copacabana, no início dos anos 1990, sabe que essa frase era a que dava a largada para que o psicopata Donato Meireles, interpretado por Miguel Falabella, cometesse mais um assassinato contra uma mulher prestes ao subir ao altar.
A minissérie acaba de entrar para o catálogo do Globoplay, na mesma semana em que estreia na TV Globo a nova versão de Linha Direta. Desse modo, a Globo terá uma semana à temática de “true crime”, aquela em que um produto audiovisual se dedica a examinar um crime real, expondo detalhes da ação, da investigação e ouvindo as pessoas envolvidas no fato.
Embora As Noivas de Copacabana seja uma criação do dramaturgo Dias Gomes, escrita com a colaboração de Ferreira Gullar e Marcílio Moraes, a minissérie foi inspirada, de acordo com o site Memória Globo, por uma reportagem que Gomes assistiu no programa Fantástico sobre o caso de Heraldo Madureira, morador de Niterói, no Rio de Janeiro, que assassinava mulheres vestidas de noiva. Madureira acabou preso e internado em um manicômio judiciário.
Exibida originalmente em 16 capítulos, As Noivas de Copacabana contava a história do personagem Donato, que era restaurador de obras de arte e vivia com a tia em um confortável apartamento na zona sul do Rio de Janeiro. Acima de qualquer suspeita, ele namorava Cinara, personagem Patrícia Pillar, com quem não mantinha relações sexuais.
O Linha Direta e As Noivas de Copacabana voltam ao ar em um momento em que o gênero true crime é uma verdadeira febre mundial e que o debate sobre a exposição dos criminosos na mídia ganhou força, sobretudo após o ataque a creche em Blumenau, Santa Catarina, há cerca de um mês, quando quatro crianças foram assassinadas.
À época do ataque, parte dos veículos de imprensa, inclusive o Estadão, decidiu não divulgar a identidade do agressor para evitar, de acordo com as orientações de especialistas, que a exposição pudesse levar a um contágio ou estímulo à violência em comunidades de ódio, o que pode gerar casos semelhantes.
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