O Globo de Ouro parece ter errado a mão no convidado para apresentar o prêmio em 2024. Não apenas o comediante Jo Koy entregou piadinhas fracas a noite toda, como ainda falhou em captar o tom da cerimônia e, ao invés de risadas, gerou incômodos, contrangimento e vergonha alheia. Três dos piores momentos foram direcionados à cantora Taylor Swift, ao ator Barry Keoghan e ao filme Barbie.
Em todos esses episódios, o fracasso de Koy ficou mais evidente ao nascer de piadas consideradas até um tanto machistas. Ao falar do novo prêmio de mérito nas bilheterias, citou Oppenheimer e Barbie, que concorriam lado a lado.
“Oppenheimer é baseado em um livro de 724 páginas, ganhador do Prêmio Pulitzer, sobre o Projeto Manhattan, e Barbie é baseada em uma boneca de plástico com seios grandes”, disparou o comediante. As reações foram de sorrisos amarelos a buchichos constragidos e, de acordo com a revista Rolling Stone, até algumas vaias.
Mesmo o vídeo abaixo estando em inglês, é possível percercer o efeito da piada.
Mas este não foi o único momento em que o humor não colou. E o apresentador culpou os roteiristas que o ajudaram a escrever o monólogo e o pouco tempo de preparação. “Algumas [piadas] eu escrevi, algumas outras pessoas escreveram”, afirmou no palco.
“Eu consegui o trabalho há 10 dias! Você quer um monólogo perfeito?”, disse, tentando fazer piada com a própria situação. O Globo de Ouro teve dificuldade de escalar um mestre de cerimônias para esta edição e Jo Koy só foi anunciado há poucas semanas, em 21 de dezembro passado.
Nas redes sociais, as críticas foram crescendo no decorrer da transmissão e também depois. No Tikok, um usuário identificado como Kenaddy respondeu à pergunta de Koy sobre quererem um monólogo perfeito: “Eu gostaria de um engraçado”.
Outra tirada do humorista foi direcionada a Taylor Swift e gerou memes instantâneos pela reação da cantora. Apelando para o namorado da estrela pop, o jogador de futebol americano Travis Kelce. “A diferença entre a NFL e o Globo de Ouro é que o Globo de Ouro não tem todas as câmeras focadas na Taylor Swift”, provocou.
A câmera então corta direto para Taylor, que só encara o mestre de cerimônias com um olhar fuzilante, pega a taça e toma um gole de bebida. Ao redor, algumas poucas risadas acompanham a cena. Novamente, imagem nem precisa de legenda. Tanto que ele mesmo nota a recepção e emanda: “Desculpem por essa”.
Em mais um momento de pouco sucesso, Jo Koy virou a metralhadora para o astro do filme Saltburn, Barry Keoghan, que aparece nu em cena. O comediante não poupou comentários sobre o “dote avantajado” do ator.
“Barry Keoghan está aqui? Onde Barry Keoghan está sentado?”, diz, enquanto o ator já tenta se esconder. “Ah, ali. Onde o seu pênis está sentado? À frente? Ele foi a real estrela do filme”, disse o comediante. Veja o trecho ao final do vídeo abaixo, também em inglês.
Participação mal recebida
Nas redes sociais, as reclamações se acumulam. Jamie Sugiyama postou no X (antigo Twitter). “Obrigado Jo Koy por fazer com que as pessoas odeiem ainda mais os asiáticos no entretenimento”, em uma referência à origem filipina do comediante, por parte de mãe.
Outro perfil postou gifs de reações, acompanhados de um pedido. “Nunca mais convide Jo Koy para um evento desses, por favor. Tão, tão horrível”.
A imprensa internacional também não poupou críticas. A editora adjunta de cultura do jornal The Guardian na Austrália Sian Cain disse que Jo Koy fez de si a piada e que ele entregou uma noite ruim histórica. Em análise, a revista Vanity Fair disse que o monólogo “mereceu uma recepção aparentemente fria”.
Na site Vulture, da revista New York Magazine, Justin Curto escreveu que o comediante falhou na tarefa e ironizou que a performance poderia levar os roteiristas de volta a greve, em protesto por terem sido criticados por Koy.
O site Business Insider foi mais duro e cravou que as piadas provaram que ele foi “o apresentador errado” para o Globo de Ouro. Já a revista Rolling Stone pegou mais leve, apontando a inexperiência de Koy em premiações e tempo apertado para preparar o material.
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